Greve prejudica movimento da Sulanca

Pedro Augusto

A crise ganhou, desde a semana passada, um aliado a mais na influência do desempenho da força motriz da economia caruaruense. Quem pensou na greve dos bancários, que foi decretada no último dia 2 em todo o país e também vem se estendendo pela Capital do Agreste, acertou em cheio. De início e de longe, o significativo fluxo de consumidores que circulou na manhã da segunda-feira (12) pelos setores do Parque 18 de Maio, no Centro, até que pôde mascarar o volume de vendas que estava sendo contabilizado. Entretanto, de perto e ao coletar as opiniões dos comerciantes do local, a reportagem VANGUARDA acabou constatando que a paralisação das unidades está afetando, sim, o faturamento da Feira da Sulanca.

Foi o que confirmou o sulanqueiro do setor da Brasilit, Rodrigo Gouveia. “O fluxo de clientes até pode ter sido satisfatório nesta semana, mas do que adianta a circulação elevada de pessoas, se elas não tinham dinheiro? Com essa maldita greve, milhares de consumidores de todos os estados deixaram de sacar as quantias necessárias para realizarem as suas compras e o pior: muitos deles deixaram de cobrir os seus cheques referentes às compras antigas. Ou seja, mais uma vez estamos sendo prejudicados por conta da greve dos bancários. O comércio já está fraco com essa crise e agora com a paralisação agravou ainda mais a nossa situação. É brincadeira!”.

Devido à menor circulação de dinheiro, o também feirante Antônio Nascimento afirmou que o seu volume de vendas diminuiu em torno de 50% em relação às feiras normais. “Todo mundo sabe que a partir de setembro o número de vendas na Sulanca costuma aumentar por causa já do fim de ano. Mas todas às vezes acabamos nos prejudicando neste período por conta da greve dos bancários. Grande parte das compras feitas por aqui é realizada à vista, mas na medida em que os clientes não conseguem sacar o dinheiro tradicionalmente utilizado é claro que o faturamento só tende a diminuir e é o que já estamos observando. Se numa feira considerada normal, comercializo em torno de 500 peças, nesta última não vendi 250.”

Embora a paralisação das unidades tenha sido anunciada com certa antecipação por parte dos bancários, ela não deixou de proporcionar prejuízos, conforme ressaltou a sulanqueira Mirele Silva. “Hoje por conta dessa onda de assaltos que vem ocorrendo nas estradas, a maioria dos compradores tem deixado para sacar as suas quantias na própria cidade. Mas como a concorrência aumentou bastante pelos serviços de autoatendimento devido justamente à essa greve, milhares deles estão deixando de vir consumir aqui na Sulanca. Nesta segunda-feira mesmo (último dia 12), as minhas vendas foram voltadas apenas para o varejo, o que é muito ruim para um mês de setembro.” O banco de Mirele é especializado na comercialização de artigos femininos.

Do outro lado do balcão, a compradora Severina Silva também criticou o entrave entre os banqueiros e os bancários. “Se não tivesse para receber um dinheiro em Caruaru, não teria saído de João Pessoa (PB) para fazer comprar na Sulanca. Essa greve já virou tradição no país e a população é quem sempre tem de carregar a sacola de prejuízos.”

Até o fechamento desta matéria, o movimento grevista dos bancários permanecia vigente no país. No último dia 9, a CEBNN (Comissão Executiva Bancária Nacional de Negociação) – vinculada à categoria – acabou rejeitando a contraproposta da Fenaban (Federação Nacional dos Bancos), que ofereceu reajuste salarial de 7%, além do repasse de abono de R$ 3,3 mil.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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