Obra inacabada causa transtornos a moradores

Pedro Augusto

Em outubro de 2013, quem se atentou para a placa da construção do CEU (Centro de Artes e Esportes Unificados), do bairro Maria Auxiliadora, em Caruaru, certamente deve ter ficado animado com a infraestrutura que o local iria disponibilizar. Afinal, a população passaria a contar com mais uma praça, uma quadra poliesportiva, uma pista de cooper, uma pista de skate, além de salas para a promoção de oficinas e cursos gratuitos. Porém hoje, quase um ano e seis meses depois de ela ter sido erguida, o que se vê no empreendimento não lembra em nada ao esboço divulgado. Os espaços até que chegaram a sair do papel, ao menos que parcialmente, mas já se encontram, assim como a placa, desgastados e com aspectos de abandono.

Um próprio funcionário da Prefeitura de Caruaru, que presta serviço no local, ficou encarregado de descrever a situação do empreendimento. “Na verdade, a obra deste CEU encontra-se inacabada. Tanto é que ele nunca foi inaugurado. Em vez de famílias, estudantes, jovens e adultos, já um bom tempo que o local tem contado com a presença cada vez maior de marginais e prostitutas que vêm pintando e bordando. Já colocaram fogo em uma das paredes, pixaram várias delas, quebraram janelas, portas, o banheiro foi destruído, ou seja, uma esculhambação total”, pontuou. Com receio de ser demitido, já que a PMC é quem está à frente da construção do espaço, ele preferiu não ter o nome revelado.

Conforme a própria segunda placa do complexo informa em letras e números ainda visíveis, o prazo da obra do CEU corresponderia de 14 de outubro de 2013 a 1º de dezembro de 2014. Para construí-lo, a Prefeitura firmou parceria com o Ministério da Cultura, que aprovou o repasse na ordem de R$ 1.945.266,98. Com o objetivo de obter respostas sobre a finalização da obra e o suposto abandono do local, o vereador Jajá (PSDC) chegou a apresentar requerimento, no mês passado, na Câmara Municipal.

Segundo o legislador, o prefeito José Queiroz tem o prazo de 30 dias para se defender. “Após coletarmos várias denúncias por parte dos moradores da comunidade, nos dirigimos até aqui e constatamos este cenário de abandono. Apesar de a obra ter sido estimada para acabar em 2014, hoje, em pleno março de 2016, ela ainda não foi concluída. Queremos saber do senhor prefeito José Queiroz, quais os motivos para que este equipamento ainda não esteja sendo utilizado pela comunidade e pelo próprio poder Executivo na medida em que estavam previstas a realização de várias atividades de cunho educacional e artístico no local. O requerimento citado foi encaminhado no último dia 8 e se até o próximo dia 8 abril, nada for respondido, o prefeito poderá responder por improbidade administrativa”, argumentou Jajá.

Com residência ao lado do CEU, o autônomo Paulo Silva também se mostrou conhecedor da dura realidade do espaço. “Como essa construção encontra-se inacabada, muitos meliantes têm utilizado o local para consumir drogas. Vários objetos já se encontram quebrados e o pior que ainda custarão mais dinheiro para serem substituídos por novos dando mais um belo exemplo de como se gastar dinheiro público à toa”, criticou. Quem reforçou os questionamentos do autônomo foi o presidente da Associação dos Moradores do Bairro Maria Auxiliadora, Israel Silva. “A Prefeitura está sendo omissa com o CEU. A empresa que havia sido contratada por ela para executar a obra, parou de prestar serviço, porque deixou de receber dinheiro”.

Respostas

Em entrevista por telefone, o secretário municipal de Infraestrutura, Bruno Lagos, não estipulou prazo, mas afirmou que a obra do CEU será retomada o mais breve possível. “O que ocorreu foi que tivemos problemas com a empresa que estava sendo responsável pela construção do mesmo, porém já estamos acionando-a judicialmente e uma nova será contratada. A população do Maria Auxiliadora pode ficar tranquila, porque daremos continuidade à obra. Quanto ao repasse do Ministério da Cultura, como se tratou de uma emenda parlamentar, o dinheiro estava sendo repassado na medida em que os equipamentos estavam sendo instalados. Ou seja, não recebemos a quantia por completo”.

O secretário também falou a respeito do requerimento protocolado pelo vereador Jajá bem como comentou sobre a falta de segurança no local. “Ele (Jajá) terá as respostas no momento certo e não haverá essa de improbidade administrativa. O prefeito José Queiroz é uma pessoa séria, que já está no seu quarto mandato. Já no que diz respeito à segurança, instalaremos iluminação como também reforçaremos a vigilância”, finalizou.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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