OPINIÃO: “Resumo da Ópera”

Por Maurício Assuero

Em qualquer país capitalista as ações do governo impactam diretamente sobre o cenário econômico. Basta um comentário do Presidente da República, do presidente do Banco Central, etc. para que a loucura econômica tenha início. No atual do Brasil a situação está simplesmente caótica porque a economia só piora, agora com o agravante do desemprego, e o que se vê são ações inoperantes. O que se tem, de verdade, é uma proposta de ajuste fiscal que pretende mostrar para a sociedade que o governo pretende gastar menos do que arrecada e isso sem artifícios contábeis.

Tudo que está sendo proposto é necessário? Sim! Agora este é o momento mais indicado? Não! Tais medidas deveriam ser objetos de discussão desde a crise de 2008. A indicação do Presidente Lula de que as pessoas fossem as compras tinha por objetivo incrementar o consumo, mas ele esqueceu de que o governo já vinha apresentando sinais de cansaço. Por exemplo, no último ano do seu governo, não foi aprovado a renovação da CMPF (aquele imposto que a gente pagava quando efetuava um saque da conta corrente) e a perda de arrecadação foi recompensada com um aumento de 0,38% sobre o IOF (imposto que a gente paga quando faz um empréstimo ou uma aplicação financeira).

O governo agora se encontra numa situação inusitada: o PT nasceu como o partido ético que não se alinhava com ninguém (expulsou a então Deputada Federal Bete Mendes porque ela votou em Tancredo Neves no colégio eleitoral) e para chegar ao poder foi estranho ver a foto de Lula abraçando Paulo Maluf; segundo José Dirceu o partido “não rouba e nem deixa roubar” e ele próprio está na cadeia pelo crime do mensalão e já com as mãos nas algemas por conta dos contratos firmados entre sua empresa e as empresas envolvidas na Operação Lava-jato; ao longo do tempo defendeu a causa trabalhista e mais recentemente sofreu uma derrotada fragorosa no Congresso no caso da terceirização. Se o projeto for aprovado como proposto, vai ter impacto na arrecadação do governo.

No domingo passado, dia 17.05, a presidente reuniu seus ministros para falar em corte no orçamento. A equipe econômica trabalha com um número técnico: R$ 80 bilhões para que seja possível gerar superávit primário de 1,2% do PIB. Tudo bem, mas vamos cortar os cargos comissionados daqueles que nem aparecem, as contribuições dadas a Stédile para incentivar guerrilha (até mesmo na Venezuela)? Não! Os cortes serão sentidos na educação (precisa falar das confusões do FIES?). Na Saúde (justifica essa epidemia de dengue, chycungunha e zika no Brasil?).

Enquanto isso, o país se afundando em enchentes e secas. O pior de tudo isso é que nada vai se resolver enquanto não se resolver as pendências legais. Os presidentes da Câmara e do Senado estão com seus nomes envolvidos na Lava-jato e está mais do que claro que esse bombardeio que o governo está sofrendo é apenas retaliação por parte de ambos. Enfim….é melhor lembrarmos que Caruaru, no auge dos seus 158 aninhos, continua bela. Mais idosa e mais moderna. Salve 18/05!

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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