Ministro da Saúde anuncia que 1,5 milhão de doses da Janssen chegam amanhã (22) no Brasil

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, durante coletiva no Palácio do Planalto

Durante audiência pública da Comissão Temporária da Covid-19, no Senado, nesta segunda-feira (21), o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, anunciou que um avião com 1,5 milhão de doses da vacina contra Covid-19, da farmacêutica Janssen, deve chegar ao Brasil amanhã (22).

A previsão inicial era de receber 3 milhões de doses até 15 de junho, mas de acordo com o Ministério da Saúde, o envio foi cancelado pela própria Janssen, que não teria explicado os motivos. Mesmo assim, o ministro voltou a afirmar que o governo planeja a vacinação, com ao menos uma dose, de 70% dos adultos até setembro, e a imunização completa de todas as pessoas acima de 18 anos até dezembro.

Para isso, a previsão da pasta é distribuir 60 milhões de doses em agosto e outros 60 milhões em setembro, além de 41 milhões confirmadas para julho. Entretanto, o cronograma detalhado ainda não foi divulgado pelo ministério.

Covid-19: A importância da vacinação, o PNI e o ritmo acelerado das pesquisas

No mês de junho, entre tantas outras comemorações, é celebrado em todo o Brasil o Dia Nacional da Imunização, criado sobretudo para lembrar a necessidade da vacinação. A coordenadora do curso de Enfermagem da Faculdade UNINASSAU Caruaru e doutora em Saúde Pública, Kelly Pessôa, explica a importância que a imunização tem para as pessoas e quais são as principais vacinas ofertadas para a população.

“O Programa Nacional de Imunização (PNI) é um sucesso do Brasil e reconhecido no mundo. São mais de 300 milhões de doses anuais distribuídas em vacinas, soros e imunoglobulinas’’, explica ela. A coordenadora afirma que na rede básica de saúde, as pessoas contam com as vacinas de BCG, Hepatite B, Tríplice Viral, contra polimielite, Menigogócica C, Varicela, Influenza, Febre Amarela, Hepatite A, anti-rábica, entre outras.

Já a professora do curso de Enfermagem da UNINASSAU Caruaru e doutora em Doutora em Biologia Aplicada a Saúde, Roberta Godone, afirma que a vacinação sensibiliza o sistema imunológico do organismo fazendo com que ele produza uma resposta imune e anticorpos específicos contra uma série de doenças capazes de acarretar a morte ou deixar graves sequelas na pessoa acometida.

“Entretanto, mesmo tendo um grande número de defensores, a vacina também atraiu uma quantidade significativa de pessoas que vão contra a sua utilização. Estamos passando pelo que chamamos de hesitação vacinal, em que algumas pessoas estão deixando de se vacinar e vacinar seus familiares e filhos por não acreditarem que essa é uma forma segura de proteção ou até mesmo por falta de informação”, alerta a professora doutora Roberta Godone.

“Temos que lembrar que trabalhamos com Saúde Pública coletiva, e que um ato deste pode comprometer a saúde de toda uma população, com a volta de doenças já erradicadas e a disseminação de doenças antes controladas”, complementa a doutora Kelly Pessoa. Ainda segundo Pessoa, é importante cada vez mais campanhas de incentivo à vacinação, e que os pais e responsáveis devem, em caso de dúvidas, buscar informações oficiais e científicas, como em sites oficiais ou conversando com profissionais da saúde.

Vacina, Covid-19 e o ritmo acelerado das pesquisas

Segundo Kelly Pessoa, as vacinas nem sempre conferem imunidades de 100%, não só a do coronavírus mas outras, como a própria Influenza. Contudo elas atuam não só evitando que peguem a doença, como para que a doença não se manifeste de forma grave, visto que o sistema imunológico já está sensibilizado para combater o patógeno de forma mais efetiva.

Sobre o ritmo de produção das vacinas na velocidade que aconteceu, a doutora em Saúde Pública afirma que isso demonstra o maior arsenal de conhecimentos e equipamentos que temos na atualidade, e está no Brasil respaldado pela Resolução de Diretoria Colegiada (RDC) Nº 444, de dezembro do ano passado, que traz a autorização temporária de uso emergencial, em caráter experimental, de vacinas contra o Covid-19. “As vacinas são sem dúvida nenhuma a maior e melhor ação de prevenção para qualquer doença”, conclui Pessoa.

Centro de Convenções de Caruaru volta a funcionar

O Centro de Convenções Empresário Djalma Farias Cintra, localizado nas dependências do Senac, em Caruaru, já está realizando agendamentos para eventos corporativos. Como o Agreste avançou no Plano de Convivência com a Covid-19, houve flexibilização das atividades econômicas e sociais e, a partir de 21 de junho, estão liberados eventos corporativos com até 50 pessoas ou 30% da capacidade do local. Os interessados em realizar eventos em um dos espaços do Centro de Convenções devem entrar em contato nos números (81) 3727-8265/8266 ou (81) 98493-1607, no horário das 8h às 17h.

Todos os cuidados estão sendo adotados no Centro de Convenções para que os participantes estejam seguros durante a realização dos eventos. “Estamos seguindo todos os protocolos exigidos: distanciamento social, uso de máscara, álcool gel, aferição de temperatura, higienização frequente, tudo para garantir a segurança de todos os usuários”, explicou a assessora técnica Silvia Suzarte, gestora do espaço.

Estrutura – O Centro de Convenções tem mais de 4 mil m², compostos por auditório principal com capacidade total de 644 pessoas, dois miniauditórios com capacidade para até 100 pessoas, um miniauditório com capacidade para até 250 pessoas, foyer, salão de eventos para até 300 pessoas, sala VIP, além de estacionamento. Os auditórios são equipados com sistema de sonorização, microfones, projetor, telão e internet, ou seja, a infraestrutura completa para realização de eventos de pequeno, médio e grande porte.

Obedecendo aos critérios estabelecidos pelo governo, a capacidade dos ambientes estará reduzida. Para os auditórios de 100 lugares, só poderão atender até 30 pessoas; para o auditório de 250 pessoas, o limite será até 50 pessoas; e, para o teatro, a capacidade será de até 100 pessoas. Ainda seguindo as orientações do decreto, o horário de funcionamento será de segunda à sexta das 8h às 22h, sábados, domingos e feriado das 8h às 21h.

Ouvidoria de Caruaru reforça canais de atendimento

A Prefeitura de Caruaru, por meio da Controladoria-Geral do Município, informa que, atualmente, o telefone fixo da Ouvidoria-Geral do Município vem passando por manutenção e que breve, o número 156 estará em funcionamento. No momento, as manifestações de assuntos que competem à administração municipal devem ser registradas através dos outros canais de atendimento da Ouvidoria: atendimento presencial, na sala da Ouvidoria, que está localizada no Centro Administrativo I da Prefeitura de Caruaru, na Avenida Rio Branco, nº 315, 1º andar, no período de segunda a sexta-feira, das 7h às 13h; ou pela plataforma Caruaru Digital, no link caruaru.pe.gov.br/portal-da-transparencia/ouvidoria/

Brasil teve 31,8% de aumento nos casos de leucemia em 2020

Um dos tipos mais frequentes e agressivos de câncer é a leucemia, que se manifesta na medula óssea. Para evitar essa doença e chamar atenção para o diagnóstico precoce, o mês de junho, representado pela cor laranja, é dedicado à conscientização sobre a leucemia e a anemia, ambas doenças que afetam o sangue. Segundo os dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), só em 2020, o Brasil teve 10.810 novos casos de leucemia, um aumento de 31,8% em relação aos 7.370 de 2020. Ela atingiu 5.920 homens e 4.890 mulheres. A doença, em alguns casos, também pode se manifestar de forma silenciosa.

Essa enfermidade maligna dos glóbulos brancos, ainda não tem a origem reconhecida pelas pesquisas e pelos médicos. O nome leucemia é uma classificação para uma série de doenças que se manifestam na medula óssea, onde ocorre a fabricação do sangue, popularmente chamada de tutano – parte vermelha dos ossos. O aumento da produção de células defeituosas acaba prejudicando a formação das células sanguíneas normais, podendo também diminuir a quantidade de glóbulos vermelhos, podendo causar a anemia.

O paciente que tem o diagnóstico positivo para a leucemia pode apresentar sintomas como febre; perda de peso; desconforto abdominal; dores de cabeça; náuseas e vômitos. Entre os tipos, existem algumas variantes, separadas em agudas e graves. As graves, agravam-se lentamente e as agudas pedem um tratamento mais imediato.

A médica hematologista do Hospital das Clínicas da UFPE/Ebserh, Lorena Costa, explica que a classificação das leucemias agudas e crônicas podem ser separadas em mieloides e linfoides. As crônicas consistem na multiplicação das células estranhas na medula óssea, já as agudas são as células jovens que estão se multiplicando. “Através do leucograma podemos ver a quantidade dessas células que podem indicar algo, todas são produzidas na medula óssea, a fábrica do nosso sangue”, disse Lorena.

Ainda segundo a hematologista, todas as leucemias são doenças genéticas que ocorrem por mutações variadas. “Não sabemos o que causa, contribuintes importantes são a radiação, agentes tóxicos como agrotóxicos e também o benzeno, pessoas em contato com essa substância podem desenvolver a leucemia”, afirmou. Um dos tratamentos suportes é a transfusão de sangue, mas não é o único, em 80% dos casos de leucemias agudas os pacientes precisam de transfusão de sangue.

Existe também, a possibilidade de o paciente melhorar com o uso de comprimidos orais, quimioterapia e imunobiológicos -células criadas industrialmente voltadas para atacar as células de algumas leucemias. Com a ajuda do tratamento o paciente pode ficar sem sangramentos, melhorando o seu estado clínico. A duração do tratamento varia de pessoa para pessoa e também considera o tipo de leucemia. Para as crônicas, o tratamento pode pedir que o paciente use medicamentos orais para o resto da vida, já para as aguadas o paciente pode enfrentar um tratamento mais agressivo que dura de um até cinco anos e contar ainda com o transplante de medula.

Portadora de Leucemia Mieloiede Aguda (LMA), Eliciane Alves, de 37 anos, descobriu a doença em dezembro de 2018 e foi tratada no hospital, até abril de 2019. Tudo começou com tosse e muita secreção. Depois de alguns dias acordou com falta de ar e foi direto para o hospital, quando descobriu a doença e ficou internada por três meses e meio. “Fiz três sessões de quimioterapia no hospital e minha imunidade baixou muito. Foi horrível, mas meu organismo estava resistente à quimioterapia”, disse Eliciane.

Ainda hoje ela convive com um cateter para tomar as medicações. O maior medo durante o tratamento foi a possibilidade de transplante de medula. “O risco de morte pós-transplante era muito grande. Eu dizia que lutava pelo meu filho e era por ele que eu queria sair do hospital”, relembrou.

Números da leucemia no Brasil:

2020 – 10.810
2019 – 7.370

Por sexo

Homens
2020- 5.920
2019- 4.014

Mulheres
2020- 4.890
2019- 3.356

Fonte: Instituto Nacional de Câncer (Inca).

Diario de Pernambuco

Jogos de Tóquio terão torcedores locais e limite de 10 mil por sede

Os Jogos Olímpicos de Tóquio terão o limite máximo de 10 mil espectadores em cada sede anunciou nesta segunda-feira (21/6) a organização do evento, que começará em 23 de julho, mas com um alerta para a possibilidade de competições com portões fechados, em caso de aumento dos contágios de covid-19.

No comunicado, a organização explica que o limite será de 50% do local de competição, até o máximo de 10 mil espectadores. “Se houver uma mudança dramática na situação da infecção, talvez precisemos revisar a norma e considerar a opção de não ter espectadores nos locais de competição”, disse a governadora de Tóquio, Yuriko Koike.

Em um comunicado, a organização afirmou ainda que a decisão sobre o número de torcedores nos Jogos Paralímpicos (24 agosto-5 setembro) foi adiada para 16 de julho.

Em março, o comitê organizador vetou a presença de espectadores procedentes do exterior, devido ao risco de saúde considerado muito elevado – algo inédito na história olímpica.

Nesta segunda-feira, as autoridades japonesas deveriam decidir sobre a celebração dos Jogos Olímpicos: se a portas fechadas, ou com a presença de torcedores locais. A segunda opção foi a vitoriosa, mas com um número restrito de espectadores.

A reunião teve a presença de representantes de cinco instituições: o comitê organizador de Tóquio-2020, o governo japonês, o governo da cidade de Tóquio, o Comitê Olímpico Internacional (COI) e o Comité Paralímpico Internacional (CPI).

A suspensão do estado de emergência no domingo (20) em Tóquio e em outros departamentos foi um sinal positivo para os organizadores. Eles aguardavam a decisão do governo japonês para determinar se liberariam a presença de torcedores locais e, em caso positivo, quantos.

O governo japonês decidiu, no entanto, manter algumas restrições pelo menos até 11 de julho. O primeiro-ministro do país, Yoshihide Suga, advertiu que poderá reforçar as medidas, se os casos de covid-19 aumentarem, e o sistema de saúde ficar sob pressão.

Os especialistas de saúde que assessoram o governo afirmaram que o “ideal” seria organizar os Jogos sem torcedores. Algumas associações médicas pediram o cancelamento do evento.

Os atletas foram os primeiros a relutar diante da possibilidade de Jogos Olímpicos a portas fechadas, e alguns patrocinadores admitiram, de maneira privada, que preferiam a presença do público, apesar de limitada.

Em uma mensagem às autoridades japonesas no início da reunião, o presidente do COI, Thomas Bach, afirmou que a entidade apoiaria “totalmente a decisão que busca proteger da melhor maneira” a população japonesa e os participantes.

Também reiterou que mais de 80% dos residentes da Vila Olímpica serão vacinados, assim como quase 80% dos jornalistas.

Mais apoio nas pesquisas
Na sexta-feira (18/6), em uma entrevista coletiva, a presidente do comitê organizador de Tóquio-2020, Seiko Hashimoto, admitiu que era difícil tomar uma decisão.

“Organizar os Jogos sem espectadores é a melhor maneira de garantir os Jogos com total segurança. Mas, enquanto tivermos espectadores que desejam assistir aos Jogos, tentaremos satisfazê-los na medida do possível e limitar os riscos”, afirmou.

Os organizadores tentam superar a resistência da opinião pública japonesa, que, em sua maioria, mostrou-se contrária aos Jogos Olímpicos nos últimos meses.

Uma pesquisa publicada nesta segunda-feira pelo jornal Asahi mostrou alguma mudança nessa tendência: 34% dos japoneses são favoráveis aos Jogos, contra apenas 14% do mês passado.

Outra pesquisa, divulgada no domingo pela agência Kyodo, indicou que 86% dos entrevistados continuam preocupados com o aumento de casos de covid-19 durante os Jogos, e 40% desejam o evento sem espectadores.

O Japão, que fechou suas fronteiras em março de 2020, teve uma pandemia consideravelmente menos grave que outros países, com 14.400 mortes registradas oficialmente.

O país demorou muito, porém, a iniciar a campanha de vacinação. Até o momento, menos de 7% dos japoneses receberam as duas doses da vacina.

Os organizadores dos Jogos Olímpicos reduziram a um terço o número original de representantes estrangeiros convidados e anunciaram medidas draconianas aos participantes, com ameaças de expulsão, caso violem as normas de saúde.

AFP

Conta de luz deve continuar subindo e risco de racionamento é alto

O Brasil é um país com enormes possibilidades energéticas, mas ainda está refém das chuvas e das usinas termoelétricas, que geram energia mais cara. Quem paga a conta é o consumidor, que ainda deverá arcar com um reajuste de cerca de 20% no valor das bandeiras tarifárias que será definido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), até o fim deste mês em função do baixo nível dos reservatórios.

A crise hídrica,que entrou no radar com falta de chuva nas regiões responsáveis pelo abastecimento da energia hidráulica, já está doendo no bolso do brasileiro. Um terço da alta histórica de 0,83% no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de maio, por exemplo, ocorreu devido aos reajustes da energia elétrica. E, para piorar, essa fatura subirá ainda mais com a sinalização da Aneel.

Essa queda dos níveis dos reservatórios das usinas hidrelétricas devido à estiagem já era esperada por todos que atuam no setor desde 2014, mas, de acordo com especialistas, faltaram investimentos, seja em térmicas, seja em energias alternativas (solar, eólica e biomassa) para evitar o cenário atual. Com isso, o país corre o risco de reviver o ano de 2001, quando a população e as empresas foram obrigadas a diminuir o consumo em 20% para evitar apagões. Para a maioria dos analistas, neste ano, há risco de racionamento, mas não de apagões. O problema maior, no entanto, será em 2022.

De acordo com o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, em 2001, o Brasil não tinha um sistema interligado de energia elétrica como hoje. “Nossa matriz elétrica, em 2001, era muito mais dependente de hidrelétricas, cerca de 85%. Hoje, é diferente. A dependência reduziu para cerca de 65% da geração hidráulica”, afirma o ministro. Ele conta que, para esclarecer a população, o Ministério de Minas e Energia (MME) e a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) lançaram a cartilha Escassez Hídrica e o Fornecimento de Energia Elétrica no Brasil, na qual compara a matriz elétrica e a evolução das linhas de transmissão no Brasil, “que duplicou de extensão entre 2001 e 2020”.

Jerson Kelman, ex-diretor-geral da Aneel, alerta que o setor não está preparado para a pior crise em 91 anos, mas também não aceita a comparação com 2001. “No passado, não construíram usinas suficientes e chegamos com insuficiente água em estoque e poucas térmicas para fazer frente ao consumo médio. Não é essa a situação, de hoje, graças, em grande parte, à entrada de novas gerações: eólica, solar e térmicas”, afirma. Para ele, ainda dá tempo de tomar medidas para evitar uma grave crise hídrica.

Mas a falta de energia em horários de pico, segundo Claudio Sales, presidente do Instituto Acende Brasil, pode ter sérios impactos, não somente no bolso do consumidor, mas no crescimento econômico. Sales avalia que eventuais alterações na energia podem forçar as empresas a mudar a rotina ou reduzir a capacidade de produção. “Qualquer mudança forçada significa uma certa perda”, acrescenta.

Níveis históricos
O nível dos reservatórios no Brasil poderá atingir o pior da série histórica, iniciada em 1931, em novembro, pelas informações do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).

Atualmente, as represas das hidrelétricas na regiões Sudeste e Centro-Oeste — responsáveis por mais da metade da energia brasileira — estão com cerca de 30% da capacidade, o pior patamar dos últimos 20 anos.

A falta de investimentos é a tônica de qualquer lado que se consulte, seja entre os representantes das usinas térmicas, seja dos alinhados ao vento e ao sol. Roberto D’Araujo, diretor do Instituto Ilumina, explica que não houve mudanças no sistema de produção e transmissão de energia desde a década de 1990, e as térmicas têm lucrado, prejudicando a natureza e o bolso do consumidor. “No governo de Fernando Henrique Cardoso, foi criado um plano prioritário para as térmicas. Quando elas são desligadas, vão ao mercado livre e vendem, na verdade, a energia das hídricas. O mercado brasileiro é diferente do da maioria do mundo. Não há ligação direta entre oferta e demanda”, lamenta.

E esse privilégio às térmicas poluentes, segundo ele, tende a se perpetuar com a Medida Provisória que trata sobre a privatização da Eletrobras, a MP 1031/2021. “Foi colocado um jabuti (emenda não relacionada ao tema principal da matéria) na proposta da privatização que apoia essas usinas em detrimento de energias alternativas”, critica. Aprovada na semana passada no Senado Federal, a MP precisa ser votada até amanhã (22), pela Câmara dos Deputados, caso contrário, perderá a validade. “E não adianta privatizar a Eletrobras pensando que os empresários vão investir em hidrelétricas. Não vão. O setor privado só constrói usinas quando tem o governo como sócio”, afirma D’Araujo.

Larissa Rodrigues, gerente de Projetos e Produtos do Instituto Escolhas, concorda que, nos últimos anos, o país deixou de investir em fontes de energia renováveis. “Hoje, grande parte da energia elétrica do país ainda vem de usinas hidrelétricas, mais de 60% do total. Solar, eólica e biomassa são pouco mais de 19%. Por isso, a gente fica preso nas hidrelétricas e termelétricas. Quando tem mais chuva, se aciona as hidrelétricas e, menos chuvas, as termoelétricas. E a conta do consumidor acaba subindo. Por isso, existem bandeiras tarifárias. Quando ela chega à cor vermelha, estamos acionando mais as térmicas”, resume Larissa, que também critica a MP Eletrobras e os jabutis que devem onerar o consumidor, deixando a conta mais cara.

Saiba mais
O Brasil atravessa um cenário hidrológico crítico, acendendo o alerta para o risco de racionamento

Nível dos reservatórios (Região- Em %)

Sudeste/Centro-Oeste 30,40
Sul 60,58
Nordeste 60,95
Norte 84,02

Como a sociedade pode contribuir?
» Você pode evitar o desperdício de água verificando possíveis vazamentos em descargas ou tubulações, fechando sempre bem as torneiras e tendo atenção com banhos prolongados.

» Evite também o desperdício de energia elétrica, cuidando para que aparelhos eletrônicos não fiquem ligados sem necessidade e mantendo as luzes apagadas durante o dia.

» Troque equipamentos que consomem mais energia, como o ar-condicionado, por produtos mais eficientes. Observar se têm selo A do Procel também é uma ótima opção.

Correio Braziliense

Usar drogas faz parte do direito a buscar a felicidade, defende neurocientista

Todos temos direito à vida, à liberdade e à busca pela felicidade. A ideia, a princípio pouco controversa, está expressa na Declaração de Independência dos Estados Unidos, de 1776. Mas e se a sua busca pela felicidade incluir usar drogas como maconha, cocaína, crack, metanfetamina, psilocibina ou qualquer outra? Aí não pode, diz a maioria dos governos pelo mundo afora.

Adultos responsáveis deveriam poder fazer suas próprias avaliações de risco e benefício e decidir quais substâncias ingerir sem interferência dos governos, argumenta o neurocientista americano Carl Hart, 54, professor da Universidade Columbia, em Nova York, em seu novo livro “Drogas para Adultos” (ed. Zahar).

Ele revela na obra que faz uso de crack, opioides e metanfetaminas, entre outros. Parte do texto é dedicado a contar essa sua experiência não só a título de curiosidade mas para que mais pessoas que fazem uso recreativo ou ocasional de drogas “saiam do armário”, o que na visão dele ajudaria a amenizar o estigma colado a algumas dessas substâncias.

“Como sociedade, não podemos dizer que não gostamos das pessoas porque elas são pobres ou negras, então temos que delinear atividades para poder dizer que as pessoas que as praticam são indesejáveis. E o uso de drogas é ideal para isso. É uma forma indireta de demonizar certos grupos e manter a ordem social”, diz ele.

Hart vê a separação das drogas ilícitas em categorias de acordo com sua suposta periculosidade ou poder de causar adicção como artificial e pouco embasada na ciência, e usada com frequência por políticos e formadores de opinião para justificar práticas racistas.

A trajetória da maconha nos Estados Unidos pode ajudar a entender esse argumento do cientista. Há algumas décadas, era retratada como causadora de dependência e destruidora de cérebros, além de ser apontada como causa da criminalidade e da degradação de bairros inteiros, geralmente negros e pobres. Milhões de pessoas foram presas por tráfico ou uso, na sua maioria negras, sem falar nas vidas perdidas na guerra às drogas.

Hoje, a cânabis é legal para uso medicinal em 36 estados dos EUA e recreativo em 16 deles e é difícil achar quem aponte grandes malefícios relacionados à substância; pelo contrário, cada vez mais pesquisas indicam benefícios à saúde com seu uso.

Nos estados em que o uso recreativo é legalizado, fumar ou ingerir maconha socialmente tornou-se perfeitamente aceitável. “Quando mães de classe média brancas dos subúrbios dizem que algo é aceitável, aí tudo bem”, diz Hart.

No entanto, o estigma atrelado a outras substâncias como crack e opioides persiste. “A maioria dos usuários de drogas não vai desenvolver problemas de dependência. E todas as substâncias têm algum poder de causar adicção, mas isso não significa que devam ser proibidas”, afirma o neurocientista.

“Aqueles que racionalizam seu uso pessoal com justificativas do tipo ‘eu só uso maconha e psicodélicos, que não causam dependência, não uso drogas pesadas’ só estão querendo sinalizar que se acham especiais”, argumenta Hart, e assim contribuem para perpetuar os estigmas e estereótipos.

Nesse ponto o leitor pode estar se perguntando por que alguém ia querer usar heroína ou crack no seu dia a dia. Todas as substâncias que alteram a mente, do tabaco e álcool à morfina, passando por LSD e ayahuasca, trazem sensações prazerosas como euforia, energia, desinibição, relaxamento, acolhimento e tantas outras; ajudam na introspecção e no autoconhecimento; ou simplesmente ajudam a tornar a vida mais tolerável.

O americano fala em reequilibrar a discussão sobre as drogas, em que essa dimensão positiva é frequentemente esquecida e os perigos exagerados.

Mas e as crianças, como protegê-las se todas as drogas forem legalizadas? “Temos várias atividades que só são permitidas a adultos, como dirigir. Não podemos banir tudo só por causa das crianças. A política de drogas não pode substituir a responsabilidade dos pais. Não podemos deixar o Estado criar nossos filhos, porque sabemos que, quando o Estado faz isso, ele é demasiado punitivo com quem está na base da pirâmide”, opina Hart.

Folhapress

PL que garante prioridade na vacinação a profissionais do SUAS volta à pauta

A inserção dos profissionais do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) como prioridade no Plano Nacional de Imunização voltará a ser analisada pelo Plenário da Câmara dos Deputados nesta quinta-feira (17). Foi isso que ficou acertado em reunião de lideranças partidárias com o presidente da Casa, Arthur Lira, articulada pelo presidente da Frente Parlamentar em Defesa do SUAS, Danilo Cabral (PSB), nesta terça-feira (15). Os parlamentares aprovaram o projeto de lei 1.011/2020 abril, mas a votação não foi concluída, faltando a análise de três destaques.

“Tivemos uma importante conquista que foi a inclusão dos trabalhadores e trabalhadoras do SUAS no texto final da proposta, mas essa vitória só será completa com o fim da apreciação do texto e sua aprovação no Senado”, afirmou Danilo Cabral. Segundo ele, é importante fazer o gesto de reconhecimento à luta desses profissionais no enfrentamento à pandemia. “Os profissionais do SUAS, apesar de atuarem diretamente no atendimento à população, não estavam incluídos entre os grupos prioritários do Plano de Vacinação”, explica o deputado.

Segundo Danilo Cabral, durante a reunião, também ficou acertado que os bancários e os trabalhadores domésticos serão incluídos entre as prioridades do Plano Nacional de Imunização. “Essa iniciativa é de grande importância por atender categorias que estão expostas ao risco de contaminação desde o início da pandemia. Todos nós vimos, por exemplo, o volume de pessoas que procuraram os bancos para o pagamento do auxílio emergencial. Essa é uma medida que já deveria ter sido adotada anteriormente, mas que será feita por iniciativa do Congresso Nacional”, destacou o parlamentar.

A proposta originalmente trata sobre a inclusão dos caminhoneiros no PNI, mas teve aprovadas emendas do deputado Danilo Cabral e outros parlamentares para garantir prioridade para os profissionais do SUAS. Ainda em relação à assistência social, o deputado protocolou um requerimento com urgência para a tramitação do projeto de lei (PL 4.012/2020) que altera a Lei Orgânica do Conselho Nacional da Assistência Social (CNAS), que deve ser votado amanhã (16). “Essa pauta foi articulada, em conjunto, com o Congemas, Fonseas, Fórum dos Trabalhadores, com todos que fazem a proteção social no Brasil”, disse o deputado.

Mais cedo, no Plenário, Danilo Cabral defendeu a quebra de patentes das vacinas contra a Covid-19. “Esse debate que precisamos fazer para responder de forma definitiva ao processo de vacina no Brasil e no mundo. Entendemos que é importante preservar a propriedade intelectual, mas neste momento é mais importante preservar a vida das pessoas”, argumentou. O debate está sendo feito mundialmente por mais de 60 países, entre eles os Estados Unidos, que mudou recentemente de posição.

A quebra de patentes das vacinas suspende o direito das empresas que desenvolveram os imunizantes a comercializá-los com exclusividade por um tempo determinado. Com isso, o Brasil poderá produzir e comercializar as vacinas sem o pagamento de royalties. Danilo Cabral defendeu o acesso à vacina para toda população brasileira e lamentou que, até agora, pouco mais de 10% da população tenha tomado as duas doses do imunizante. Para o parlamentar, é essencial investir em pesquisa e infelizmente o orçamento só tem feito cortes para o desenvolvimento da ciência. O parlamentar lamentou ainda o atraso por parte do governo federal na aquisição de vacinas, como vem mostrando a CPMI da Covid-19 no Senado.

Blog da Folha

Doenças desencadeadas pelo estresse têm aumento durante a pandemia da Covid-19

A pandemia da Covid-19, que alterou as estruturas econômicas e sociais no mundo, trouxe um fardo adicional à população mundial além da doença causada pelo coronavírus Sars-CoV-2: enfermidades ativadas pelo estresse mental, como enxaqueca e herpes-zóster, tiveram um aumento durante o período e desafiam os sistemas de saúde a prestar ainda mais assistência em um período crítico.

Cerca de 45% da população de 30 países teve piora leve ou intensa nas condições de saúde mental, aponta pesquisa realizada pelo Instituto Ipsos divulgada em abril deste ano. No Brasil, o índice sobe para 53% — o quinto país da lista com o pior índice.

“Na prática, os gatilhos de estresse, ansiedade e insônia aumentaram muito neste período. No início da pandemia foi ainda pior, pois as pessoas não saíam de casa para fazer as consultas médicas”, afirma a médica neurologista Aline Vitali da Silva, coordenadora do Ambulatório de Cefaleia da PUCPR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná), em Londrina.
Segundo a médica, foi possível observar aumento na frequência das crises de enxaqueca em quem já tinha a doença e em diagnósticos novos.

“Com as consultas online as pessoas passaram a buscar mais o tratamento e a situação foi melhorando. Mas há ainda muitos que não procuram atendimento”, diz Silva.

Levantamentos mostram aumentos na frequência e intensidade da enxaqueca no mundo todo. Em uma dessas pesquisas, feita com mais de 1.000 pacientes da doença no Kuwait, apontou que quase 60% dos participantes teve piora nas crises. O estudo foi publicado em setembro no periódico científico Journal of Headache and Pain.

Identificada geralmente por uma forte dor de cabeça, a enxaqueca pode vir acompanhada de outros sintomas, como nausea, vômito, fotofobia (incômodo causado pela luz) e até diarreia em alguns casos, diz Silva. Fora do período de crise, o paciente tende a limitar sua vida social e profissional por medo das manifestações.

Os chamados gatilhos podem desencadear uma crise pontual, que pode durar alguns dias. Esses gatilhos podem variar de pessoa para pessoa, mas o estresse e a ansiedade estão entre os mais comuns. A enxaqueca é considerada uma doença crônica e, quando não tratada, pode trazer crises por dias e meses seguidos.

Silva recomenda a procura por um médico neurologista quando a dor durar pelo menos três dias no mês. “Dores de cabeça que têm subida intensa e não cedem com remédios, ou que pioram com o esforço físico, merecem atenção especial”, afirma.

A automedicação, prática comum no país e que teve aumento durante a pandemia, traz riscos ainda maiores para portadores de enxaqueca, segundo Silva. “Quando usados por mais de dez dias por mês, os analgésicos podem trazer piora no padrão da dor e parar de fazer efeito”, alerta a médica.

O grupo de pesquisadores de dores de cabeça da PUCPR lançou um livro digital com explicações e orientaçoes aos pacientes que pode ser baixado gratuitamente no site naoedrama.com.br.

Pesquisadores brasileiros apontaram ainda que a herpes-zóster, outra doença que pode ser ativada pelo estresse, teve um aumento no número de casos de cerca de 35% no país durante a pandemia. O estudo, publicado em fevereiro na revista científica International Journal of Infectious Diseases, foi feito com dados do SUS e apontou crescimento dos casos em todas as regiões do Brasil.

“Observou-se que, no período que antecedeu a pandemia, tínhamos 30,2 casos de herpes-zóster para cada 1 milhão de pessoas. Durante a pandemia, esse número saltou para 40,9 casos por 1 milhão de indivíduos”, disse Hercílio Martelli Júnior, coordenador da pesquisa e professor da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) em comunicado publicado pelo governo de Minas Gerais.

A herpes-zóster é causada pelo vírus da catapora que pode ressurgir na vida adulta, trazendo lesões avermelhadas na pele e dor.

Segundo Júnior, ainda não é possível estabelecer os mecanismos imunológicos que podem estar envolvidos nessas alterações, mas sabe-se que a desregulação do sistema imune associada ao estresse físico e mental pode ser um fator de reativação do vírus.

Pelo menos no caso da enxaqueca, a Covid-19 pode ter algum papel no aumento dos casos. Uma pesquisa liderada pela médica neurologista Clarissa Lin Yasuda, professora na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), apontou que parte das pessoas que se recuperam da doença pode ficar com consequências neurológicas, entre elas o surgimento ou a piora das crises de enxaqueca.

De acordo com especialistas, uma revisão médica até mesmo após casos mais leves da Covid-19 é necessária para avaliar a presença de sequelas que podem ir além do pulmão e do coração.

De acordo com Silva, a enxaqueca atinge cerca de 15% da população mundial e, embora parte dos tratamentos seja feitos com remédios, medidas como atividades físicas, sono regular e alimentação equilibrada têm efeitos benéficos para os pacientes.

“É muito importante controlar o estresse. Não dá para controlar tudo na vida, mas é possível se organizar para ter uma vida menos estressante”, afirma a médica.

Folhapress