Sociedade caruaruense se despede de Cervantes

Pedro Augusto

A mídia local, da região e de todo o estado de Pernambuco ficou um pouco mais pobre com a partida de José Soares Ferreira, de 74 anos, o Cervantes. Ele morreu por volta das 8h45 do último domingo (16), no Hospital Santa Efigênia, em Caruaru, em decorrência de um choque séptico de foco respiratório causado por uma pneumonia grave. Bastante conhecido não só na sociedade caruaruense, mas também na pernambucana, o jornalista e colunista social, que era responsável pela realização de grandes eventos, estava internado havia mais de 60 dias na unidade hospitalar, onde vinha recebendo a visita de familiares e amigos.

O corpo de Cervantes foi sepultado por volta das 10h30 da última segunda-feira (17), no Cemitério Parque dos Arcos, também em Caruaru. A despedida foi acompanhada por diversos representantes da sociedade local, que fizeram questão de comparecer para prestar as últimas homenagens ao jornalista. Da classe jornalística até a política, todos os amigos presentes eram só elogios à trajetória de vida de um dos ícones do colunismo social da Capital do Agreste.

Amigo de Cervantes há mais de 40 anos, o vereador Leonardo Chaves foi um dos políticos a comparecerem ao sepultamento. Ele relembrou o início de carreira do jornalista. “O conhecia desde que ele ingressou no colunismo, naquela época, nas emissoras de rádio. Cervantes chegou a passar num concurso para trabalhar como dentista no INSS, porém sua grande vocação era mesmo o jornalismo. Tinha uma amizade muito grande com ele, inclusive, em vida, foi homenageado por algumas vezes, através de minhas proposituras, na Câmara Municipal de Vereadores. Perde bastante a crônica de Caruaru e de todo o Estado pelos serviços prestados por ele”, disse.

Também presente na despedida, a prefeita Raquel Lyra ressaltou a contribuição de Cervantes para com a história de Caruaru. “Lamentamos bastante e também só temos a agradecer o tempo que ele dedicou para ajudar a construir e fortalecer a trajetória de nossa cidade”, afirmou.

Além da prefeita e do vereador, a deputada estadual Laura Gomes também se pronunciou sobre a morte do jornalista. “Ao longo de sua carreira, Cervantes registrou, de forma brilhante, as notícias da sociedade caruaruense. Ele ainda deixou a sua marca na festa de Carnaval de Caruaru, com o seu Baile Vermelho e Branco, que tanto participei. Aos familiares e amigos, o meu abraço solidário.”
Cervantes não era querido apenas pela classe política. Responsável por promover, ao longo de sua carreira, vários eventos de sucesso voltados para área cultural, ele também possuía diversos amigos artistas. Dentre eles, a atriz e diretora teatral, Arary Marrocos. “Ele era uma pessoa muito atuante. Com as suas festas como o Baile Vermelho e Branco e o Troféu Ouro, divulgava Caruaru e toda a região Agreste. O sentimento, neste momento, é de dor porque Cervantes vai deixar muitas saudades. Ao longo de sua vida, ele contribuiu bastante para com o fortalecimento da nossa cultura e só temos a lamentar a sua partida”, disse Arary.

Considerado um dos precursores do colunismo social em Caruaru, Cervantes serviu como fonte de inspiração para alguns jornalistas investir na área. Este é o caso de Paulo Magrinny. “Filho de dona Maria Soares, um menino que nasceu pobre e que se criou com muita luta no Bairro São Francisco, Cervantes chegou a se formar em odontologia trabalhando de forma paralela no jornalismo. Ele foi e ainda é uma referência na minha carreira como colunista. Tínhamos uma amizade muito grande, mesmo com as naturais divergências que, eventualmente, possuímos no tocante à forma de pensar e de se praticar o colunismo. Fui homenageado por ele na primeira edição do Troféu Ouro, premiação esta que jamais esquecerei!”, comentou Magrinny.

José Soares, o Cervantes, realizava o Troféu Ouro havia 29 anos. Mesmo doente nos últimos meses, ele já estava planejando a edição de número 30 do evento, que seria realizada em 2019. Uma das irmãs dele, Lucinéia Soares, falou sobre os últimos momentos de vida do colunista. “Ele sofreu muito com a doença, mas foi um verdadeiro guerreiro na luta pela sobrevivência. Aliás, Cervantes foi um vencedor durante toda a sua vida. Teve uma infância difícil, acabou assumindo a família com a separação dos nossos pais, trabalhou e estudou muito para conseguir evoluir, mas venceu! Nos seus últimos dias de vida, quando se encontrava consciente no hospital, estava planejando as realizações de um jantar e da próxima edição do Troféu Ouro.”

Atualmente residindo no estado de São Paulo, na região Sudeste do país, a sobrinha do jornalista, Cíntia Andressa, foi uma das pessoas que mais se encontravam abaladas durante o sepultamento. Para ela, Cervantes era como se fosse um verdadeiro pai. “Fiquei bastante emocionada com a sua partida, porque ele sempre fez tudo por mim. Sou eternamente grata por tudo que fez em prol do meu filho. Meu tio era a base da minha família. Também era o padrinho das minhas filhas e amava bastante a todos. Até agora, não acredito que ele se foi. Deve ser lembrado e honrado por todos que fazem parte da nossa família”, comentou, emocionada, Cíntia.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *