Clima político faz Palácio do Planalto esperar ato menor

Da Folha de S.Paulo

A ordem interna no Palácio do Planalto é não menosprezar os atos programados para este domingo (16) e reconhecer que eles poderão ser “importantes”. Mas, reservadamente, a avaliação é de que não devem ser “gigantescos”, como deseja a oposição.

Neste domingo, Dilma receberá informações da evolução dos protestos ao longo da tarde no Palácio da Alvorada. As reuniões, com os ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil), José Eduardo Cardozo (Justiça), Edinho Silva (Comunicação Social) e Jaques Wagner (Defesa), não terão caráter oficial.

A avaliação é de que a presidente ganhou “pequeno fôlego” para chegar ao domingo diferente de como estava há uma semana.

“Houve uma inflexão importante. A presidente viajou mais, entregou obras, ampliou diálogo com governadores, políticos, movimentos sociais. O Senado teve uma iniciativa de grande envergadura. Agora, o governo tem de ter humildade”, disse Mercadante à Folha.

Devido à preocupação com desgastes sofridos no Nordeste, onde o apoio ao PT sempre foi grande, a presidente programou duas viagens. Na segunda (10), esteve no Maranhão. Na sexta (14), na Bahia.

As viagens visam recuperar sua imagem e reduzir o impacto das manifestações. Dilma se encontrou com movimentos sociais na quarta (12) e quinta-feira (13).

O clima político também melhorou a partir de articulação do vice-presidente Michel Temer e da ajuda do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), com o pacote anticrise e mais tempo para Dilma responder ao TCU (Tribunal de Contas da União) sobre irregularidades nas contas do governo de 2014.

Além disso, monitoramento feito pelo governo nas redes sociais indica que a terceira onda de protestos contra Dilma Rousseff não deve superar as anteriores, feitas em 15 de março e 12 de abril.

Por precaução, a equipe de Dilma prefere evitar comemorações antecipadas com base no radar das redes sociais pois há um grau de “imprevisibilidade” nestes eventos.

Raio-x da Polícia Federal vai na mesma linha e sinaliza, ainda, atos sem tumultos.

Um assessor lembra que a avaliação do governo é pior agora, o que favorece a ida das pessoas às ruas, num momento em que a inflação supera os 9% e a taxa de desemprego aumenta.

Crise é pano de fundo para nova marcha contra Dilma

Do Blog de Jamildo

Manifestantes contrários ao governo da presidente Dilma Rousseff (PT) voltam às ruas, neste domingo (16), para mais uma rodada de protestos contra a petista. Organizadas por movimentos civis e incentivadas por partidos da oposição, como o PSDB, estão previstas manifestações em pelo menos cem cidades, incluindo algumas organizadas por brasileiros em outros países. Em Pernambuco, os atos acontecem no Recife, Petrolina, Olinda, Grande Recife; Gravatá e Orobó, no Agreste.

Embora a presidente venha reconstruindo as pontes políticas, haja vista a recente aproximação com Renan Calheiros (PMDB), presidente do Senado, a crise política e econômica ainda é o mote para as manifestações.

No Recife, a Avenida Boa Viagem volta a ser palco do terceiro protesto contra a presidente. O ato está previsto para começar às 9h30. Também está previsto um ato em Olinda, às 10h, na Praça do Quartel, em Bairro Novo.

Semelhante aos protestos anteriores, os manifestantes vão às ruas pedir a saída de Dilma, mas, desta vez, ancorados no julgamento das contas da presidente Dilma Rousseff pelo Tribunal de Contas da União (TCU). As chamadas ‘pedaladas fiscais’.

Além disso, o Vem Pra Rua afirma que vai prestar apoio às investigações da Polícia Federal, Ministério Público Federal e Justiça Federal. “Essas instituições estão mostrando aos brasileiros que ninguém está acima da lei e que Lula e Dilma serão responsabilidades por todos os seus atos”, dizem os organizadores.

De acordo com o Movimento Brasil Livre, um dos fiadores do ato, foram convocadas manifestações em 114 cidades, sendo 21 capitais. Há ainda a previsão de protestos em 13 localidades fora do Brasil, como Berlim, Dublin, Washington e Nova York. Sem previsão oficial de agenda para o fim de semana, a presidente estará em Brasília e deve acompanhar os atos de sua residência oficial, o Palácio da Alvorada.

À frente da organização dos protestos, além do MBL, estão os grupos “Revoltados Online” e “Vem Pra Rua”.

MOBILIZAÇÃO

Na tarde deste sábado (15), houve divulgação do movimento em frente ao Hospital Português. Faixas indicavam detalhes da manifestação.

Em Pernambuco, os tucanos também se articularam e confirmaram presença. Com o mote lançado pelo senador Aécio Neves, que diz “A Constituição é a nossa arma”, deputados do partido devem ir às ruas ao lado dos setores da juventude do PSDB. Já confirmaram presença Daniel Coelho, Bruno Araújo e Betinho Gomes.

Apesar de os organizadores do evento evitarem vinculações partidárias, o PSDB usou anúncios no rádio e na televisão para convocar a população para as manifestações, e seus principais líderes, como o senador Aécio Neves (PSDB-MG), devem ir às ruas.

ATO PRÓ-PT

No mesmo dia dos atos anti-Dilma, haverá uma manifestação a favor do governo e do PT. Organizado por entidades trabalhistas e movimentos sociais, o ato será realizado em frente ao Instituto Lula, em São Paulo.

A direção do instituto havia reprovado a ideia de fazer o protesto neste domingo, mas a posição foi revista. “Falamos que seria uma festa, sem clima de revanche”, disse à reportagem Rafael Marques, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.

Pessoas contrárias ao Vem Pra Rua também marcam suas posições políticas nas redes sociais. Uma das formas mais utilizadas pelos usuários é a divulgação de uma imagem com a frase “16/Agosto Eu não vou”. A ilustração passou a ser utilizada como foto de perfil por quem quer se distanciar dos protestos.

Fafica lança espaço Pedagogia em Debate com palestra sobre a crise hídrica

Nesta sexta-feira (14), a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Caruaru (Fafica) realiza o lançamento do espaço Pedagogia em Debate. Na ocasião, será promovida a palestra “A Crise Hídrica na Região Agreste: realidade e desafios à ação do professor”, a partir das 19h, no auditório da Instituição.

A iniciativa faz parte das atividades em comemoração ao Dia do Estudante, 11 de agosto, e ao aniversário de 55 anos da Fafica, completados no dia 9 de agosto. A gerente regional da Compesa, Nyadja Menezes, e o mestre em Gestão e Políticas Ambientes e ex-aluno da Faculdade, João Domingos Pinheiro, estarão presentes para dialogar com os alunos e demais participantes sobre o tema, apresentando um diagnóstico sobre a seca e suas consequências.

O evento é aberto ao público.

“A única proposta da oposição para o Brasil é a crise”, diz Humberto

unnamed (7)

Respaldado por dados apresentados no Senado ontem pelos ministros da Fazenda, Joaquim Levy, e do Planejamento, Nelson Barbosa, o líder do PT na Casa, Humberto Costa (PE), afirmou ontem (13) que o país retomará o rumo do crescimento e a pauta da crise, produzida pela oposição que “nada tem nada a propor ao Brasil”, será superada.

“Vejo como muito positiva essa agenda de cooperação entre o Legislativo e o Executivo porque ela rompe esse cerco de inércia em que a oposição insiste em meter o Brasil para atrapalhar a nossa caminhada”, declarou.

Para Humberto, o momento é de responsabilidade e contribuição para geração de mais empregos, controle da inflação, atração de novos investimentos e criação de uma economia dinâmica e moderna, em que os brasileiros possam crescer com o próprio trabalho e depender cada vez menos de governos.

“Mas, de muitos setores, o Brasil não recebe nada além de pessimismo, além de amargura, além de paralisia. A oposição estacionou na pista pra impedir o Brasil de passar. Quer engatar a marcha-ré no nosso desenvolvimento”, afirmou.

Segundo o parlamentar, os que se opõe ao sucesso do país estão cada vez mais isolados, rosnando sozinhos, com teses golpistas fracassadas. “Como diz um provérbio português, os cães ladram, mas a caravana passa. E estamos passando com nossa caravana rumo a uma fase muito produtiva, cujo fim maior é melhorar o Brasil e a vida dos brasileiros”, comentou.

“Quem ama este país, encampa a ideia e vem se somar aos esforços pelo nosso futuro. Quem não, vai viver de produzir crise e seguir apostando no fracasso do Brasil. Eles que venham. Por aqui, não passarão”, complementou.

Humberto enumerou alguns dados que mostram que o país saiu da rota de vulnerabilidade e pode reverter os quadros mais pessimistas e injustificados de expectativas para retomar o caminho do reequilíbrio da economia.

Entre eles, citou a redução dos déficits da balança comercial e da conta corrente e a previsão de inflação para o ano que vem e, especialmente para 2017, já convergindo para o centro da meta de 4,5%. Além disso, caiu o risco de déficit de energia elétrica, o que permitiu o desligamento das custosas usinas térmicas.

De acordo com o líder do PT, a agenda de parceria proposta pelos ministros da Fazenda e Planejamento, que se reuniram com os senadores por mais de duas horas, coloca o Congresso Nacional como protagonista das mudanças.

Ele citou que, no âmbito legislativo, é necessário tratar prioritariamente a questão da convergência das alíquotas de ICMS para o destino; do projeto de regularização de capitais no exterior ou internados, cuja receita será fundamental para a criação dos Fundos de Desenvolvimento Regional e Infraestrutura e de auxílio aos Estados; e da reforma do PIS-Cofins.

“Temos um trabalho muito positivo pela frente, um trabalho de construção coletiva, um trabalho para quem tem disposição, para quem gosta de desafios, para quem gosta de trabalhar”, disse. “O Brasil não aguenta mais essa gente que investe no imobilismo, esses que trabalham apenas para a criação de crises, os que olham o país pelo retrovisor e querem paralisar o nosso crescimento”, criticou.

Análise: Crises no governo ameaçam imagem do legado lulista

Por MAURO PAULINO
Diretor-geral do Datafolha
Por ALESSANDRO JANONI
Diretor de Pesquisas do Datafolha

O recorde de reprovação a Dilma Rousseff (PT) revela um fenômeno curioso de homogeneização da opinião pública. O resultado produz um quadro simetricamente oposto à curva de aprovação de seu padrinho político no último ano de mandato. Ao longo de 2010, Lula pavimentava a vitória de sua ministra sobre patamares históricos de popularidade que variavam de 73% a 83%.

Taxas tão altas em universo tão heterogêneo ocorrem apenas quando os vetores que as compõem têm impacto abrangente e alcançam diferentes segmentos da população. A característica aguda da crise política e econômica anulam o discurso ostensivo da inclusão social, marca do lulismo, mesmo junto aos estratos que mais se beneficiaram das ações do governo.

Para melhor compreender essa tendência, o Datafolha replicou na pesquisa de 4 e 5 de agosto método desenvolvido para dividir a população em classes socioeconômicas com base em renda familiar mensal, posse de itens de conforto e escolaridade.

A clivagem foi uma das variáveis que demonstraram maior grau de correlação com o comportamento do brasileiro na última eleição presidencial. Percebia-se claramente a preferência das classes alta e média-alta por Aécio Neves (PSDB) e das classe média-baixa e dos chamados excluídos por Dilma. A classe que mais cresceu nos governos petistas –média-intermediária– mostrava-se dividida. Filhos da inclusão da era Lula, acabaram, no final, pendendo à candidata do PT.

Como a expectativa era positiva, os estratos que mais apoiavam a presidente na ocasião são hoje os mais frustrados. De outubro de 2014 até aqui, a aprovação a Dilma caiu 44 pontos percentuais entre os excluídos contra 34 na média da população. Apesar de ser o subconjunto que menos reprova a petista, o crescimento de sua insatisfação perde apenas para a classe média-baixa, onde a popularidade caiu 40 pontos e a rejeição subiu 63 (doze a mais que a média).

Na classe média-intermediária, a reprovação cresceu 53 pontos e a aprovação caiu 38. Nas classes mais altas, a queda de avaliação de Dilma também é importante, mas não tão elevada quanto nos outros segmentos nos quais sua imagem era melhor.

Mais dependentes do governo, especialmente na educação e na assistência social, esses estratos temem o retrocesso que tentaram evitar ao reeleger Dilma. No final do governo FHC, por exemplo, 17% dos brasileiros pertenciam à classe média-intermediária (hoje são 32%). Entre eles, 22% eram assalariados registrados (hoje são 30%).

Por enquanto, mesmo com poder aquisitivo menor, esses estratos ainda “não perderam a classe”. Mas há de se perguntar se a impopularidade de Dilma hoje é maior do que o medo do que pode acontecer a partir de agora.

Crise agrava divisão entre ‘presidenciáveis’ do PSDB

images-cms-image-000450038

Do Brasil 247

A desintegração da base política da presidente Dilma Rousseff (PT) intensificou a disputa interna entre quatro dos principais nomes do PSDB com interesse em subir a rampa do Palácio do Planalto. Os senadores Aécio Neves (MG) e José Serra (SP), o governador Geraldo Alckmin (SP) e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso conspiram e articulam para manipular o cenário político em favor de seus projetos de poder.

Aécio aposta e estimula o agravamento da crise. Sua melhor chance está na realização de novas eleições para aproveitar o recall das urnas de 2014, que o colocam à frente nas pesquisas. É um cenário improvável. Para isso, tanto Dilma quanto o vice-presidente Michel Temer (PMDB) teriam de ser afastados ou renunciar. A cassação da dupla viria pela constatação pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de que a campanha da aliança PT-PMDB foi financiada com dinheiro ilícito, endossando a tese da Operação Lava Jato.

Nesse rumo, Aécio manipula o mote das manifestações convocadas para o dia 16 de agosto, que passarão a reivindicar novas eleições. A tese do senador é de que só as urnas darão legitimidade para o novo presidente enfrentar a crise política e econômica. Ao seu esforço se soma o ultrarradical líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado, que verbaliza o tom mais forte, impróprio até para Aécio. Em outra trincheira, o mineiro estuma sua base tucana no Congresso, encabeçada pelo senador Cássio Cunha Lima (PB), contra a ideia autoproclamada por Temer de que é necessário alguém (ele próprio, como traiu-se) que consiga unificar o país.

A ESTRATÉGIA ITAMAR

Já José Serra, o menos ostensivo no jogo das conspirações, ensaia uma aproximação com Temer. O senador paulista antecipou-se aos correligionários no aceno ao peemedebista, vislumbrando a insustentabilidade da permanência de Dilma no poder, com a consequente assunção do vice. O movimento de Serra, ousado e perigoso, prevê uma de solução ao estilo Itamar Franco-FHC: Serra assumiria um ministério com a missão de recolocar a economia nos trilhos, cacifando-se para a disputa em 2018. O problema que se coloca é que, com ou sem Dilma, os próximos três anos serão de muito esforço, negociações nem sempre republicanas com o Congresso e impopularidade para implementar as medidas necessárias ao resgate da economia. Serra pode sair mais queimado do que entrou.

Mantendo a discrição, Serra tenta esconder suas intenções. Na Folha deste domingo (9), concede uma entrevista sem pé nem cabeça, despistando das perguntas da repórter que forçava a barra na tentativa de extrair, em vão, alguma confissão do senador. “O futuro não pode ser vítima de um presente de irresponsabilidades”, não disse. “O volume e a qualidade dos projetos que estão sendo apresentados não têm efeito apenas sobre o governo Dilma, mas principalmente a médio e longo prazo”. Hã?!

ALIANÇA SÃO PAULO-GOIÁS

A estratégia de Geraldo Alckmin é manter o governo e o PT nas cordas até 2018 para chegar em vantagem na disputa presidencial — pelo que aparenta, setores importantes da economia (Bradesco, Fiesp, Firjan) e da mídia (Globo) aderiram à ideia. Desde os primeiros sinais da crise política o governador paulista tem escalado seus aliados para a missão de manter o incêndio sob controle. O principal deles é o governador de Goiás, Marconi Perillo, que numa ocasião chegou a dizer que o PSDB foi derrotado nas urnas e que o resultado deve ser respeitado. Também não economiza nos elogios a Dilma, aproveitando para tentar beliscar alguma verba federal para reforçar o caixa do Estado, que, como os outros, sofre os efeitos da crise.

Marconi, que faz um governo realizador em Goiás, tenta ganhar projeção nacional. Num jogo bem feito, vem se consolidando como líder de um blocão de estados das regiões Centro-Oeste e Norte. O goiano promove a ideia de que representa uma parcela importante do Brasil, que cresce e se desenvolve mesmo na crise. Sabe, contudo, das limitações de pertencer a uma região com eleitorado reduzido. Por isso, joga para ser o vice numa chapa pura com o colega paulista. Muito se especula sobre sua filiação ao PSD do ministro Gilberto Kassab, o que Marconi nega enfaticamente,

FHC COMEÇA A GOSTAR DO JOGO

A mais recente investida no PSDB é do tucano-mor, FHC, que resolver colocar as asas de fora. O ex-presidente diz ter sido procurado por Lula (que nega) para debater uma solução de unidade para a crise de modo a preservar o país. Com a manobra, FHC se veste com a toga de magistrado, incutindo a ideia de que ele seria uma espécie de salvador da pátria capaz de trazer a nação de volta ao caminho da institucionalidade. E isso pode ser agora, em eleições antecipadas, ou em 2018, com o PT mortalmente ferido. Por que não?

Ato contínuo, Fernando Henrique exige, para debater a solução da crise, que Lula admita os erros do PT e do governo. Na prática, significaria o resgate da imagem dos governos tucanos, triturados pela opinião pública. Quem melhor para fazer isso do que o principal adversário?

A estratégia henriquista arregimenta outro apoio importantíssimo chamado Marina Silva. Nos bastidores da Rede Sustentabilidade, agremiação que a ex-ministra de Lula quer transformar em partido, já é certo o pacto entre a líder seringueira e o sociólogo arrependido. Marina aceita assumir o encargo de ser vice numa eventual composição com o PSDB, desde que o cabeça seja FHC. Se não há declarações explícitas de ambos nesse sentido, existe farta literatura nos jornais do último ano com elogios mútuos. Com Marina no time, o ex-presidente tem argumentos de sobra para ser o ungido em qualquer tempo. E tem outro detalhe: ela continuaria no PSB, dando ainda mais peso à aliança.

Dilma Rousseff antecipa para hoje reunião com ministros

Do G1

A presidente Dilma Rousseff convocou para a noite deste domingo (9) uma reunião com a coordenação política do seu governo para avaliar o cenário político e definir estratégias para enfrentar a crise. O encontro com grupo integrado pelos ministros mais próximos está marcado para as 19h no Palácio da Alvorada, sua residência oficial, em Brasília.

Normalmente, essa reunião ocorre às segundas-feiras, mas foi antecipada porque na segunda (10) a presidente tem compromisso em São Luís (MA), onde entregará unidades habitacionais do programa Minha Casa, Minha Vida e participará da inauguração do Terminal de Grãos do Maranhão, no Porto de Itaqui.

Na pauta do encontro, a relação tensa com o Congresso, especialmente a Câmara, onde Dilma sofreu uma derrota na última semana e viu aliados como o PDT e o PTB se afastarem, deverá ser uma das prioridades. O governo luta para reunificar a base aliada, que se pulverizou e não é mais garantia para aprovação de matérias na Câmara e no Senado.

Também poderão ser discutidas uma eventual redução de ministérios e uma reforma ministerial. Na quinta-feira (6) à noite, Dilma recebeu o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), para uma conversa, onde ele voltou a defender o enxugamento da máquina estatal.

Além de dificuldades na política, Dilma enfrenta um momento delicado na economia do país, com reflexos na sua popularidade, que vive o pior momento. Segundo o instituto Datafolha, o governo Dilma tem o maior índice de reprovação (71%) desde a redemocratização do país.

Paulo Câmara se dispõe a ajudar Dilma a sair da crise

Do Diario de Pernambuco

Diante do cenário de incertezas e sem que o governo federal consiga controlar sua base parlamentar para evitar a aprovação de pautas-bomba, o governador Paulo Câmara (PSB) voltou a se colocar ontem à disposição da presidente Dilma Rousseff (PT) para ajudar a petista a sair da crise, apesar de seu partido estar na oposição. O socialista lembrou que, na semana passada, os demais governadores já se colocaram à disposição do governo federal e que o momento é de buscar união. A entrevista foi concedida ontem, no Palácio do Campo das Princesas, durante evento com alunos da rede estadual de ensino que se destacaram no Enem.

No cargo de vice-presidente nacional do PSB, Câmara disse que tem conversado com lideranças políticas locais e nacionais e que está aberto para dialogar e ajudar. “Estamos abertos ao diálogo. Me coloco à disposição para ajudar no que for preciso como tenho feito como vice-presidente nacional do PSB. Tenho conversado com muita gente e me colocado à disposição, oferecendo minhas ideias”, disse.

Na avaliação do governador, o país precisa retomar a confiança e superar as questões políticas para voltar a ter perspectiva de futuro. “Temos que ter capacidade de diálogo, abrir portas para chegar a um caminho para que as coisas voltem a funcionar. Se não houver capacidade de diálogo, de liderança, vamos viver momentos difíceis. O momento é de buscar união para superar as questões”, destacou. O governador informou que seu governo está trabalhando e buscando parcerias com as prefeituras para evitar que os municípios sofram cada vez mais com a crise.

Reforma agrária ajudará saída da crise, diz Humberto ao MST

Líder do PT no Senado, Humberto Costa deixou o Senado, na tarde desta terça-feira (4), após discursar na tribuna do plenário, para uma agenda no Ministério da Fazenda. Mas a conversa não foi com Joaquim Levy e o senador nem chegou a entrar na sede do órgão. Ficou do lado de fora, conversando com os manifestantes do Movimento Sem-Terra (MST), que desde ontem estão acampados em frente ao prédio, o bloco P da Esplanada dos Ministérios.

Chamado a discursar, Humberto prestou solidariedade aos sem-terra na luta para evitar que os cortes orçamentários atinjam os programas de reforma agrária do Governo Federal. “Fazer com que a reforma agrária avance é, sem dúvida, contribuir para a saída dessa crise, é contribuir para que o Brasil volte a crescer e se desenvolver”, disse o líder do PT.

Humberto se colocou à disposição do movimento para ajudar nas negociações com o governo e para cobrar dos ministérios responsáveis a recomposição dos recursos para as políticas de reforma agrária. “Meu mandato no Senado está a serviço dessa causa. É um processo onde não pode haver retrocesso”, afirmou o líder do PT aos manifestantes.

O senador tem uma estreita relação com os trabalhadores rurais e, desde o início do mandato, tem feitos reiterados pronunciamentos em defesa das mulheres e dos homens do campo. Recentemente, em evento do Ministério do Desenvolvimento Agrário em Pernambuco, Humberto reafirmou aos trabalhadores que a meta do governo da presidenta Dilma é assentar, até 2018, cerca de 120 mil famílias. Somente em Pernambuco, existem ainda 166 acampamentos com mais de 16 mil pessoas aguardando acesso à terra.

Crise política e econômica muda ministério

Por CRISTIANA LÔBO
Do G1

Em mais uma contradição com o discurso da campanha, a presidente Dilma Rousseff avalia, agora, promover uma ampla reforma administrativa de modo a reduzir significativamente o número de ministérios – que, atualmente, são 38 – e estabelecer critérios de mérito para o preenchimento de parcela dos mais de 22 mil cargos de confiança na administração federal.

A proposta está sendo preparada pelo Ministério do Planejamento, por ordem da presidente, e, se houver condições políticas para ser adotada, poderá ser anunciada nos primeiros dias depois da reabertura dos trabalhos do Congresso Nacional, que acontece nesta semana.

A redução do número de ministérios, porém, colide com interesses dos partidos aliados que, neste momento, estão em disputa por indicação de mais cargos de segundo e terceiro escalões na administração pública federal. A tarefa de distribuição dos cargos está com o PMDB, sob o comando do vice-presidente Michel Temer, e com planilhas que estão sendo feitas pelo ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha.

Se de um lado colide com as pretensões dos aliados, de outro, vai ao encontro de proposta do próprio PMDB de reduzir para 20 o número de ministérios na administração federal. Projeto nesse sentido foi lançado pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e apresentado pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), em momento de rusgas – anteriores à citação dos dois na Operação Lava Jato – com o Palácio do Planalto.

Esta proposta de reforma administrativa tem o objetivo de mostrar à sociedade que, neste momento de ajuste fiscal, o governo é capaz de cortar na própria carne, mas, ao mesmo tempo, fazer alguma economia. A redução de gastos não seria significativa, mas teria grande simbologia, entendem auxiliares da presidente.