Roberto Amaral: ‘Eletrolão depredará o Brasil’

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Ex-ministro foi presidente e um dos principais dirigentes e ideólogos do PSB até o ano passado (Foto: ABr)

Por TEREZA CRUVINEL
Colunista do Brasil 247

“Estamos assistindo à depredação do Brasil. A Lava Jato pode destruir as bases da geração de energia, e com isso inviabilizar o desenvolvimento do país. Coincidência ou não, isso atende aos objetivos de potências estrangeiras que não desejam nossa afirmação como Nação”, diz em entrevista ao 247 o ex-ministro da Ciência e Tecnologia, Roberto Amaral.

Embora considere a prisão do Almirante Othon Pinheiro Silva, presidente afastado da Eletronuclear, “um fato grave que exige nossa reflexão”, Amaral acha que a crise política perderá força a partir de setembro: “As forças produtivas – governo, trabalho e capital – precisam de um mínimo de tranquilidade, de estabilidade na ordem político-jurídica-econômica”.

Roberto Amaral, advogado e professor, foi secretário-geral, presidente e um dos principais dirigentes e ideólogos do PSB até o ano passado, quando discordou do apoio do partido ao candidato do PSDB Aécio Neves no segundo turno e afastou-se da direção, com a qual hoje tem conflitos notórios. Entre 2003 e 2004, foi ministro da Ciência e Tecnologia do primeiro governo Lula.

Confira a entrevista:

Como o senhor viu o último lance da Operação Lava Jato, a Operação Radioatividade, que realizou prisões e apreensões na Eletronuclear, e o anúncio de que todo o setor elétrico será investigado? Já chamam isso de “eletrolão”…

Estamos assistindo à depredação do Brasil e de seus ativos estratégicos, o que começou com a Petrobras. Com uma devassa no setor elétrico a Lava Jato pode destruir as bases da geração de energia, e com isso inviabilizar o desenvolvimento do país. Coincidência ou não, isso atende aos objetivos de potências estrangeiras que não desejam nossa afirmação como Nação. Com essa Operação Radioatividade, que prendeu o pai do programa nuclear brasileiro, o ex-presidente da Eletronuclear Othon Pinheiro da Silva, já é certo novo atraso no cronograma da terceira usina nuclear do país, Angra 3. Sua produção será importante para o abastecimento do Rio de Janeiro, liberando energia de outras fontes para o resto do país.

As investigações começaram pela área nuclear por conta de revelações do executivo da Camargo Corrêa Dalton Avancini. O senhor acha que a Lava Jato agora avançará sobre as empresas do grupo Eletrobras, que tocam as obras das grandes hidrelétricas como Jirau, Santo Antônio e Belo Monte?

Ninguém conhece os desígnios da Lava Jato, mas se isso acontecer, as três fontes mais importantes da matriz energética brasileira serão atingidas: petróleo, energia hidrelétrica e energia nuclear. O melhor caminho para quebrar um país é afetando o suprimento de energia.

O juiz Moro, num artigo já muito citado, endossa a tese do juiz da operação italiana Mãos Limpas, Giovanni Falcone, de que o combate à corrupção exige a deslegitimação dos políticos e partidos para que algo novo surja na política. Como PMDB e PT são os partidos mais fortes no setor elétrico, o senhor acha que tais investigações podem realimentar a crise política para produzir mais “deslegitimações”?

O objetivo pode ser este, mas eu pergunto: será que não é possível combater corruptos e corruptores sem comprometer as empresas responsáveis pelos mais importantes projetos de geração de energia e de infraestrutura? Não será possível separar pessoa física de pessoa jurídica? Com esta depredação, o Brasil perderá anos na caminhada para o desenvolvimento e daqui a pouco estarão chegando aqui navios chineses cheios de operários, como na África, para assumirem as grandes obras. Todos nós sabemos que o capital internacional sempre cobiçou o setor de serviços no Brasil. E o governo, não poderia ser mais ágil na criação de condições para que as empresas atingidas possam se reestruturar? Por que não criar algo como o Proer que o Fernando Henrique fez para salvar os bancos? O filho do Magalhães Pinto foi preso e processado, mas o espólio do Banco Nacional foi salvo e vendido ao Unibanco. Por que demoram tanto com os tais acordos de leniência? Não compreendo que estejamos assistindo tão passivos à depredação do que já foi acumulado. Agora, a própria política de defesa parece ameaçada.

O senhor se refere à intenção da Lava Jato de investigar o projeto do submarino nuclear?

Sim, o submarino não é um luxo da Marinha, é um elemento fundamental da política de defesa nacional e muito importante para a própria exploração do pré-sal. É fruto de um acordo bilateral Brasil-França. Sem o submarino não seremos capazes de vigiar e defender a costa continental, onde está o pré-sal, da predação ilegal e clandestina por grupos ou países com tecnologia avançada de extração.

O senhor acha que esta ofensiva da Lava Jato sobre o setor elétrico produzirá, além dos danos econômicos, um prolongamento da crise política?

Não creio. Com a ressalva de que é muito difícil prever os desdobramentos de uma crise política quando observada em seu ápice, penso que a atual não ultrapassará setembro: o país está parado e as forças produtivas (governo, trabalho e capital) precisam de um mínimo de tranquilidade, de previsibilidade na ordem política, política e econômica para realizar seus fins. Mas tudo está a depender das denúncias que o procurador Janot oferecerá ou não. A inacreditável prisão do Almirante Othon é um fato novo e grave, que exige nossa reflexão.

No momento atual, o senhor acha que a crise ainda pode levar ao afastamento da presidente, seja por impeachment ou cassação da chapa pelo TSE?

Não. O impeachment depende da prévia comprovação de um ilícito da presidente, o que não está na ordem do dia. As contas de campanha já foram julgadas. A tese só interessa à tucanagem, ao setor da oposição que deseja reverter no tapetão o resultado negativo das eleições democráticas de 2014. Mas o Brasil de hoje não é uma republiqueta. O empresariado está preocupado em realizar seus lucros e por isso mesmo mais interessado na normalidade constitucional-administrativa. Por que trocar Dilma por Temer ou Dilma-Temer por Cunha-Calheiros? Quem tem coragem de pensar nisso?

O senhor se sente confortável no PSB depois das divergências públicas que teve com a direção por conta do apoio ao Aécio Neves?

O desconforto é notório e não o minimizo. Sinto-me honrosamente distante da atual direção que cometeu, por oportunismo político, uma felonia ideológica, traindo a história do partido, negando a opção de esquerda e conspurcando a bandeira socialista. O oportunismo neste caso se soma à burrice: retirando-se do campo da esquerda a troika que hoje manda no PSB fechou suas portas a centenas de quadros socialistas que hoje estão na míngua de opção partidária.

Fala-se, principalmente no PT, na recriação de uma frente de esquerda, como a antiga Frente Brasil Popular que reunia PT, PSB e PC do B. Ela ainda é possível? O senhor apoiaria?

Não. Não vejo sentido numa frente de esquerda, nem numa frente de partidos e muito menos na reedição da Frente Brasil Popular, hoje superada historicamente. Ela tinha sentido em 1990 logo após as eleições. Quando proposta por nós, foi rejeitada pelo PT. Defendo uma frente ampla, nacional e popular, aberta aos partidos, mas nascida do movimento social, que congregue a esquerda mas congregue também os liberais, os progressistas e os democratas de um modo geral. Uma frente apta a se confrontar com o avanço do pensamento conservador, à defesa da integridade do mandato da presidente Dilma, à defesa do desenvolvimento com distribuição de renda e à defesa dos interesses nacionais.

Este pode ser o caminho para a superação das crises política e econômica?

A saída será política. Vamos sair da crise mediante um pacto em torno de dois princípios básicos: governabilidade e retomada do desenvolvimento com distribuição de renda. Esse pacto, porém, só será viável se forjado na sociedade, cansada e desenganada, e se for por ela imposto aos agentes políticos. Mas já é hora de pensarmos grande, para além dos projetinhos individuais, das vaidades e das vaidadezinhas e do ódio, do rancor e da intolerância. Será muito pedir isso? É hora de pensar no Brasil, que para desgraça de nossos filhos, está ameaçado de viver – se isso é viver – mais uma década perdida.

Armando afirma que país vai inaugurar um novo ciclo de crescimento

Do Blog de Jamildo

Em encontro com empresários na Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (FIESC), o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Armando Monteiro Neto (PTB), enviou uma mensagem de confiança: “O Brasil vive uma transição, mas vamos inaugurar um novo ciclo de crescimento”.

O ministro ressaltou que a economia brasileira passa por dificuldades, em um momento de transição e ajustes, mas que o setor produtivo não pode se pautar pelo pessimismo: “Esse pessimismo disseminado na sociedade preocupa, pois não encontra correspondência na realidade. A história do Brasil é marcada por superação de dificuldades, os pessimistas estão sempre fadados a perder”.

O ministro afirmou ainda que as exportações são o caminho para a retomada do crescimento econômico. Aos empresários, Monteiro lembrou que há cerca de um mês foi lançado o Plano Nacional de Exportações, com o propósito de conferir um novo status ao comércio exterior para o Brasil.

Segundo o ministro, “esse reposicionamento não implica desprestigiar parceiros com os quais o Brasil já tem intenso relacionamento comercial, mas ampliar o foco das ações com vistas a obter melhores resultados”. Monteiro afirmou ainda ser “equivocada a compreensão de que existe uma contradição entre atuar, simultaneamente, nas frentes bilateral, regional e multilateral. Essas vias não são excludentes. Na verdade, podem e devem ser complementares”.

Monteiro destacou uma série de ações do Plano Nacional de Exportações que já estão em andamento, como a redução de barreiras não tarifárias às exportações brasileiras, o avanços nas relações com os Estados Unidos e a implantação de uma janela única de comércio exterior, que diminuirá o tempo gasto nas operações de exportação de 13 para 8 dias, e, nas de importação, de 17 para 10 dias.

Em rede social, Cunha diz que Câmara não tem culpa por ‘paralisia econômica’

Da Folhapress

O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), usou na manhã deste sábado sua conta na rede social Twitter para negar que esteja preparando uma “pauta-bomba” para prejudicar a presidente Dilma.

Ele afirmou ainda que o congresso não tem culpa pela “paralisia da economia, a recessão, os juros elevados e a queda de arrecadação”, que atribuiu à “situação de descontrole”.

Cunha rompeu publicamente com o governo desde que veio à tona a informação de que o lobista Júlio Camargo o aponta como destinatário de US$ 5 milhões em propina. Cunha diz que o governo está por trás das acusações contra ele na Lava Jato.

Nos bastidores, ele ameaça dar sequência a uma “pauta-bomba” na Câmara, aprovando projetos que representem rombos no já apertado Orçamento federal, e a autorizar o início da tramitação de um pedido de impeachment contra Dilma.

Na rede social, o deputado disse que todos os projetos debatidos na Câmara são da agenda “remanescente do primeiro semestre, acrescida das prestações de contas dos governos anteriores.” Em uma série de 14 tuítes em um intervalo de poucos minutos, ele justifica as correções do FGTS e do judiciário e a PEC da advocacia pública.

A declaração seria resposta ao discurso de Dilma aos governadores de todo o país na quinta-feira passada (30), quando pediu ajuda aos chefes nos Estados para evitar a aprovação de possíveis projetos da pauta-bomba no Congresso.

Dilma aproveitou o momento para dizer que “assumiu” o desgaste de vetar algumas medidas de “grave impacto” nas contas públicas, citando o reajuste do salário dos servidores do Judiciário elencado neste sábado por Cunha.

O peemedebista alegou ainda que tem “consciência do momento de crise econômica” e que sempre se pautou contra medidas que aumentem gastos públicos. Ele aproveita ainda para criticar o governo de Dilma, dizendo que poderia ter reduzido gastos com corte de cargos de confiança.

Livrarias também sentem efeitos da crise

Por PEDRO AUGUSTO
Do Jornal VANGUARDA

A crise econômica não está poupando nenhuma época sazonal do comércio de Caruaru. Com influência direta na retração das vendas da Páscoa, Dia das Mães e do São João, esta semana ela acabou fazendo mais uma vítima. Quando se esperava incremento significativo na demanda por materiais escolares por conta do retorno às aulas da rede particular, o que se viu mesmo nas principais livrarias da cidade foi um baixo fluxo de clientes. Nem mesmo as tão cobiçadas promoções conseguiram impulsionar o desejo de consumo dos caruaruenses que, pela queda no volume de dinheiro nos bolsos, se limitaram a comprar o necessário na retomada do ano letivo – a partir desta segunda-feira (3).

Em alguns casos, a intenção ficou apenas na vontade. “Sempre em julho costumava renovar os materiais dos meus três filhos, mas como neste ano o dinheiro não está dando para chegar até o fim do mês, terei de comprá-los somente após o reinício das aulas. Estive visitando as livrarias do Centro para encontrar os melhores preços, mas, mesmo assim, não deu para levá-los logo de cara”, comentou o professor de educação física Charles Ferreira.

Quem teve mais sorte, como foi o caso do autônomo Antônio Carlos, circulou bastante pelas empresas do setor antes de se direcionar até as caixas registradoras. “Com essa inflação e juros altos, meu caro, não tem outro jeito a não ser pesquisar bastante e foi exatamente o que fiz. Depois de comparar os preços nas três principais livrarias da cidade, acabei encontrando o que queria. Mesmo assim, só trouxe o filho mais velho para as compras, afinal, menino pequeno em livraria é sinal de prejuízo. Só levei mesmo o básico”, disse.

Apesar de ficar tentada com as promoções, a dona de casa Vera Araújo também só adquiriu o necessário. “Embora nunca tenha exagerado nesta época, porque sempre reponho o que está faltando, em 2015 precisei diminuir a quantidade de materiais adquiridos.”

Os comentários desanimadores podem ser refletidos no volume de vendas de materiais registrado neste último mês de julho. Sem exceção, todas as livrarias consultadas pelo VANGUARDA apontaram queda nas vendas em relação ao mesmo período do ano passado. “Por conta dessa crise financeira, a situação se encontra difícil em todos os setores do comércio de Caruaru. Como não poderia ser diferente, as livrarias também estão sentindo esses efeitos negativos e, se fizéssemos um comparativo com as vendas de julho do ano passado, quando também aguardávamos pelo reinício das aulas, poderíamos afirmar que elas sofreram uma redução de 40% em 2015”, avaliou o proprietário da Estudantil, Ivan Galvão.

Assim como a concorrente, a Dom Bosco também contabilizou queda no faturamento. “Apesar de nessa época, tradicionalmente, a demanda ser inferior em relação à do início de ano, ela sempre costumava incrementar bastante os nossos faturamentos, haja vista que os pais e os próprios alunos compravam os chamados materiais de reposição, a exemplo dos cadernos, borrachas e canetas. Essa prática não acabou em 2015, mas ocorreu numa proporção bem menor em comparação aos anos anteriores”, analisou o diretor-executivo João Bosco.

“Baixamos os preços dos cadernos e mochilas, fizemos promoções, mas, mesmo assim, nosso movimento ficou muito aquém do esperado”, complementou o gerente de vendas da Livraria Cabral, Jaciel Ferreira.

FHC: O momento não é para a busca de aproximações com o governo

Do Estadão Conteúdo

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso usou as redes sociais neste sábado (25) para negar o interesse em conversar com a gestão Dilma Rousseff e afirmou que encontros privados poderiam parecer conchavo para salvar “o que não deve ser salvo”. “O momento não é para a busca de aproximações com o governo, mas sim com o povo. Qualquer conversa não pública com o governo pareceria conchavo na tentativa de salvar o que não deve ser salvo”, escreveu o ex-presidente em sua página no Facebook.

Segundo o jornal “Folha de S.Paulo”, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva estaria interessado em se reunir com seu antecessor pra uma conversa sobre as crises econômica e política que assolam o país. Entre os temas do encontro estaria também a discussão envolvendo um possível processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff.

Representantes da direção nacional do PSDB e lideranças do partido no Congresso rechaçaram a possibilidade de uma aproximação entre a oposição e o PT. Xico Graziano, ex-chefe de gabinete de FHC e atualmente assessor do instituto que leva o nome do ex-presidente, tem tratado o tema com ironia nas redes sociais. “Se eu fosse o FHC topava conversar com Lula. Primeiro mandava ele pedir desculpas pela mentirada. Depois perguntaria: tá dormindo em paz?”, escreveu o assessor.

Do lado dos petistas, a reação tem sido diferente. Questionado sobre o encontro, o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social, Edinho Silva, disse na sexta-feira (24) ser “plenamente favorável”. “Acho que isso deveria acontecer mais no Brasil: ex-presidentes conversando. Nos Estados Unidos, é a coisa mais normal do mundo ex-presidentes se reunirem, inclusive a convite do presidente em exercício. Sempre que você estabelece diálogo entre lideranças nacionais, é bom para o país”, disse Edinho.

Em uma agenda nesta semana no Rio de Janeiro, o ministro da Defesa, Jaques Wagner, também se mostrou favorável ao encontro. “A gente está num momento difícil, porque o quadro da economia mundial é difícil. É preciso serenidade, bom senso e imagino que os dois ex-presidentes têm de sobra essas qualidades. Eu aplaudiria muito se houver esse encontro, (mas) não para tratar de impeachment. O encontro de dois presidentes teria uma agenda muito superior a essa”, disse.

Dilma cutuca o asfalto com vara curta

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Do Blog do Josias

Dilma Rousseff exibirá sua imagem estilhaçada numa rede nacional de tevê em pleno horário nobre. Aparecerá no programa de um PT levado no embrulho da onda de impopularidade. Sob a direção do marqueteiro João Santana, ela silenciará sobre a Lava Jato e sustentará que a crise econômica é momentânea e que o país logo voltará a crescer. Ainda não se deu conta. Mas cutuca a paciência coletiva com vara curta.

Depois de estrelar sete meses de um segundo mandato caótico, Dilma fará pose de otimista na noite de 6 de agosto, antessala do protesto que as redes sociais convocam contra o seu governo para o dia 16. Não são negligenciáveis as chances de o programa do PT, que terá Lula como ator coadjuvante, ir ao ar ao som de panelas —um veneno que já começou a ser instilado na web. Com taxa de aprovação variando entre 7,7% e 10%, conforme o instituto de pesquisa, Dilma tornou-se um convite ao protesto.

O mais irônico é que o oco da presidente e do partido dela está sendo preenchido pelo mesmo marqueteiro que ajudou a fabricar o enredo ficcional da última campanha presidencial. Hoje, todos os discursos estão vencidos, inclusive o de João Santana.

Nas pegadas da célebre jornada de junho de 2013, o marqueteiro do PT analisou os efeitos do ronco das ruas sobre a imagem de Dilma numa conversa com o repórter Luiz Maklouf Carvalho. Sustentou a tese segundo a qual a encrenca não tinha nada a ver com a presidente, uma pessoa “honesta” e com “comando”, que estava “gerindo bem” o governo.

João Santana transbordava confiança. Confiava no próprio taco e também na ineficiência dos adversários. “A Dilma vai ganhar no primeiro turno, em 2014, porque ocorrerá uma antropofagia de anões. Eles vão se comer, lá embaixo, e ela, sobranceira, vai planar no Olimpo.”

Os “anões” não eram canibais. Aécio Neves foi ao segundo turno. E arrastou Marina Silva para o seu córner. Dilma combateou-os a golpes de marketing. Prevaleceu sobre o rival tucano no segundo round. E não foi por nocaute. Saiu do ringue menor do que entrou. Desconstruiu os adversários sem se preocupar com a autoconstrução. Depois da posse, aderiu ao receituário do rival.

Hoje, o “olimpo” está situado no chão. Nas alturas, apenas a inflação, os juros e a impaciência alheia. A “honestidade” esbarra nas arcas eleitorais apinhadas de verbas sujas. A boa gestão é apenas um outro nome para a inépcia. Um tucano assumiu a economia. O PMDB se divide entre a coordenação política e a oposição.

Parte das ruas já grita ‘impeachment’. E tudo o que Dilma e o PT têm a oferecer é um pouco mais de João Santana.

Por que Lula e FHC devem, sim, sentar e conversar

Do Blog de Leonardo Attuch

O ministro Edinho Silva, da Comunicação Social, parece ter encontrado o caminho ideal para um encontro necessário entre as duas principais lideranças políticas do País. “Em todos os países democráticos é natural que ex-presidentes conversem e, muitas vezes, que sejam chamados pelos presidentes em exercício. Essa é uma prática comum nos Estados Unidos, por exemplo”, disse ele. Ou seja: a iniciativa poderá partir do Palácio do Planalto para um diálogo suprapartidário em busca de saídas para a crise política, que arrasta a economia do País. Até porque nem Lula nem FHC participariam de um acordo se o mesmo fosse vendido para a opinião pública como a capitulação de um lado ou de outro. Se forem chamados por Dilma Rousseff, seria até deselegante negar.

Motivos para uma conversa é o que não faltam. Por exemplo: como serão financiadas as campanhas políticas no Brasil agora que os principais doadores, os presidentes das construtoras Odebrecht e Andrade Gutierrez, estão presos? Na prática, a Operação Lava Jato já produziu um efeito benéfico para a democracia brasileira: acabou com as doações empresariais, que, por sinal, são rechaçadas por 78% dos brasileiros, segundo apontou a mais recente pesquisa CNT/MDA. No Brasil de hoje, só louco, como diria Dorival Caymmi, entraria nesse vespeiro.

Uma segunda questão relevante passa pelas relações com o Congresso. Um segundo efeito benéfico da Lava Jato é a inviabilização completa do uso do estado como instrumento para a construção de maiorias parlamentares. Se FHC teve no antigo PFL (atual DEM), de Antonio Carlos Magalhães o esteio da sua governabilidade, Lula apostou nas alianças com partidos menores e com o PMDB. Os resultados foram apagão, “mensalão”, “petrolão” etc. Portanto, tanto FHC quanto Lula sabem que o presidencialismo de coalizão, vigente desde a redemocratização, faliu no País. O que virá depois? Ninguém sabe.

Os desafios, portanto, estão colocados. O primeiro é uma reforma política, que acabe com o financiamento privado, raiz de todos os escândalos. Se não há almoço grátis, as doações provocam, no primeiro momento, cartelização (nos trens, na Petrobras) e, em seguida, escândalos. O segundo ponto fundamental é baratear a atividade política. Não faz sentido que uma campanha para deputado federal possa custar alguns milhões e que esse “investimento” tenha que ser recuperado no exercício do mandato. Um terceiro ponto importante seria rever a atabalhoada reforma política feita na Câmara. Não há motivo, por exemplo, para acabar com a reeleição, aprovada pelo eleitor nos casos de FHC, Lula e Dilma.

Se os dois ex-presidentes forem capazes de dar esse passo, os brasileiros poderão se libertar do filme de terror que aflige o País há mais de seis meses. Hoje, o dólar dispara, empresas demitem, empresários são presos preventivamente durante meses e agências de risco ameaçam rebaixar a nota de crédito do País, diante das dificuldades que o ministro Joaquim Levy encontra para fazer avançar seu ajuste fiscal. Diante de um cenário desses, homens públicos responsáveis buscam ser construtivos – e não incendiários. O que está em jogo é a própria democracia.

Crise não deve afetar programas sociais, dizem técnicos do governo

Da Agência Brasil

A crise econômica e o ajuste fiscal não deverão afetar negativamente os programas sociais do governo, principalmente os dirigidos às camadas mais pobres da população. O assunto fez parte dos debates durante o seminário Acesso a Serviços como Direito, que terminou nesta sexta-feira (24), no Rio de Janeiro, com participação de lideranças sociais, organizações da sociedade civil e integrantes do governo.

O assessor especial da Presidência da República para Participação Social, Renato Simões, ressaltou que os programas sociais serão mantidos, apesar da crise econômica que atinge o país. “O Brasil nadou na contramão da maré durante a crise de 2008. Mantivemos geração de empregos, com distribuição de renda e políticas sociais inclusivas. A luta de todo o governo é impedir que programas sociais sofram descontinuidade, para que o ajuste seja o mais rápido possível e substituído, rapidamente, por novas políticas de crescimento e desenvolvimento social”, sustentou Simões.

Para o secretário nacional para a Superação da Extrema Pobreza, do Ministério do Desenvolvimento Social, Tiago Falcão, a experiência de consolidação das políticas públicas de combate à pobreza é fundamental para enfrentar a atual crise econômica.

“Isso nos permite agora, num período de baixo crescimento, consolidar uma série de avanços que tivemos em período recente. Em relação a recursos que continuam financiando os principais programas sociais, não houve retrocesso. O que não temos hoje é espaço para grandes ampliações. O que temos é de olhar quais são os efeitos da crise sobre a demanda por políticas sociais. Esta é uma preocupação nossa. E por isso estamos monitorando as taxas de desemprego e como isso se reflete na população mais pobre, que tem menos capacidade de se proteger em um período de contenção”, frisou Falcão.

Segundo ele, os programas sociais de transferência de renda estão protegidos. “O Bolsa Família permanece pagando os valores pactuados. Hoje, temos mecanismos de proteção das políticas sociais que permitem falar que os grandes programas estão imunes aos cortes orçamentários”, destacou. Atualmente, o Bolsa Família paga em média R$ 77 para cada membro da família beneficiada.1

O seminário foi organizado pelo Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase) e pela organização internacional ActionAid, que luta para promover os direitos humanos e superar a pobreza.

Temer: “Existe uma crisezinha no país por causa de Cunha”

Da Agência Estado

O vice-presidente do Brasil, Michel Temer, afirmou que existe uma “crisezinha” política no país, por causa da decisão do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, de se tornar oposição ao governo da presidente Dilma Rousseff. “Cunha fez declaração de natureza pessoal e fez questão de registrar esse fato. O próprio partido já se manifestou que não significa o afastamento do PMDB significa o afastamento dele”, afirmou Temer em rápida conversa com jornalistas nesta segunda-feira, 20, após fazer uma palestra para investidores e pessoas do meio acadêmico em Nova York.

“Crise institucional não existe. É uma crise política, mas não institucional”, disse Temer ao falar sobre o momento atual em Brasília. “O Brasil vive uma tranquilidade institucional apesar de todos esses embaraços. Esses incidentes ou acidentes que acontecem de vez em quando não devem abalar a crença no país”, afirmou o vice-presidente aos jornalistas.

Temer disse que vai continuar a manter o diálogo com o Congresso Nacional, “que tem sido sensível às nossas afirmações, às nossas postulações”, ressaltou na entrevista. “Devemos superar essa breve crise política que estamos tendo no momento.”

Questionando sobre a posição que tem sido defendida em Brasília por alguns políticos, como o deputado federal Jarbas Vasconcelos sobre o afastamento de Eduardo Cunha do Congresso enquanto é investigado pela Lava Jato, Temer disse que é uma questão a ser resolvida pela casa. “É uma decisão do Congresso Nacional. Quanto menos tivermos embaraços institucionais é melhor para o país.”

O vice-presidente também foi questionado sobre a posição de seu colega de partido e presidente do Senado, Renan Calheiros, que declarou no final de semana que o ajuste fiscal que vem sendo conduzido pelo ministro da Fazenda Joaquim Levy ‘é cachorro correndo atrás do rabo’ é ‘enxugar gelo até ele derreter’.

“Acho que o Renan quis dizer que o ajuste fiscal ainda não é suficiente. Estamos todos de acordo. Temos que trabalhar mais para arrecadar mais”, disse ele. “Está havendo uma necessidade de readequação da economia, como aconteceu em vários países da Europa, é uma reprogramação.”

NOVA YORK

Temer chegou em Nova York na noite de sábado e fez nesta segunda-feira uma apresentação de uma hora para investidores e acadêmicos norte-americanos, com o tema “Brasil em perspectiva: políticas econômicas e reformas em curso”. Na apresentação, Temer convidou os norte-americanos para investirem no país, principalmente nos projetos de infraestrutura que vão entrar em leilão em portos, aeroporto, estradas e ferrovias. “O Brasil tem segurança institucional, cumpre contratos”, afirmou. “Estamos em um clima de estabilidade institucional. Contamos com empresários norte-americanos para investir em infraestrutura no Brasil.”

Nesta terça, 21, ele volta a fazer uma apresentação em Nova York sobre o cenário atual do Brasil e em seguida tem encontros reservados com investidores dos EUA que investem no país.

‘Entendimento entre PT e PSDB é saída para crise’, afirma Cristovam Buarque

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Na opinião do senador, os dois partidos não têm “nenhuma discordância ideológica de interesses diversos”

Do Brasil 247

O senador Cristovam Buarque (PDT) acredita que só um entendimento entre PT e PSDB será capaz de diminuir a crise política no país. Para ele, a presidente Dilma Rousseff “deveria adotar uma postura humilde e buscar o entendimento”.

“Temos que sair deste Fla x Flu que é o PT x PSDB. Este país não aguenta mais esta disputa. E qual a maneira de encarar isso? Com o entendimento, entre eles, inclusive”, defende Buarque, em entrevista ao Correio Braziliense (aqui).

Na avaliação do senador, “PT e PSDB não têm nenhuma discordância ideológica de interesses diversos”, o que facilitaria um acordo.

“A política econômica da Dilma é muito parecida com o que faria o PSDB. O Joaquim Levy poderia ser ministro do Aécio. A disputa está sendo eleitoreira e comportamental. Cada um dizendo que é o outro que rouba. Questão de comportamento. E eleitoreira. Cada um vendo como tira proveito das falhas do outro. Isto tem que ser quebrado. Como se quebra isso? Com o entendimento”, sugere.

Ele se diz preocupado com o ânimo da presidente. “A minha preocupação hoje é o ânimo da presidente. Ninguém pergunta se as posições políticas permitem. Não é isto que está em discussão. O que está em discussão é a postura da presidente”, afirma.

Cristovam critica a entrevista da presidente Dilma Rousseff à Folha (aqui). Para ele, “estava fora de sentido”.

“Não era uma entrevista de presidente da República. Não parecia estar ligada à crise que a gente está vivendo. Não fez e não vem fazendo gestos para todos os brasileiros, inclusive os que não votaram nela, incluindo aí os da oposição. Ela tinha que fazer gestos neste sentido. Tenho conversado muito com os senadores para saber como vai ser o dia seguinte à manifestação do Tribunal de Contas da União e o dia seguinte ao TSE. Vamos supor que o TSE diga que não tem nada disso e arquive o processo do PSDB contra a presidente. Como vai reagir o PSDB e como vai reagir o governo?”, questiona.