Países economizam até 83% em primeira compra conjunta de medicamentos

Os países do Mercosul fecharam a primeira compra conjunta de medicamentos na última sexta-feira (13), em Assunção, Paraguai, durante reunião de ministros de saúde do bloco. A iniciativa, inédita no mundo como estratégia de negociação de preço junto às farmacêuticas, alcançou descontos de até 83% na aquisição de medicamentos de aids.

“Em um momento em que os países discutem a sustentabilidade de seus sistemas de saúde, essa ação inovadora pode garantir a ampliação da assistência em saúde com o que há de mais moderno e de maneira mais econômica”, destacou o ministro da Saúde do Brasil, Marcelo Castro. “Adotamos uma estratégia inédita com as farmacêuticas, que fortalece a integração dos países e que nos assegura melhores condições”, complementa.

Nesta primeira rodada de negociação, ficou acertada a aquisição do medicamento darunavir, usado no tratamento de aids, por oito países. O valor negociado, de U$ 1,26 por unidade, é cerca de cinco vezes menor que o praticado na Venezuela, Chile e Uruguai, por exemplo. Esses três países, junto com Brasil, Argentina, Paraguai, Peru e Suriname, vão economizar mais de U$ 20 milhões com a compra conjunta. Para o Brasil, que já registrava um dos menores preços do bloco, de U$ 2,98 por unidade, representará uma redução de U$ 14,2 milhões.

Os países do Mercosul também avançaram na compra conjunta de três medicamentos para hepatite C – sofosbuvir, daclastavir e simeprevir. Essa é a mais inovadora linha de tratamento para a doença, cujo uso aumenta para 90% as chances de cura. A meta era atingir o preço contratado pelo Brasil este ano, equivalente a U$ 9.425 para o tratamento de 12 semanas, valor 300% menor que o praticado pelos países europeus e Canadá. Com as negociações desta semana, os países estudam, agora, uma nova alternativa de tratamento com um preço 14% menor.

A realização desses acordos será fundamental para viabilizar a oferta de tratamento para hepatite C em pelo menos mais quatro países da América do Sul. Argentina, Chile, Venezuela e Uruguai já haviam iniciado o processo de aquisição para melhorar o tratamento da doença, mas tiveram de encerrar por conta de valores muitos altos para a sustentabilidade de seus sistemas de saúde. Agora, retomam este projeto.

A compra conjunta de medicamentos é fruto de acordo assinado em julho deste ano durante reunião de ministros do Mercosul no Brasil, quando o país estava à frente da presidência do bloco. O objetivo é assegurar para os melhores preços de compra de medicamentos e insumos para os sistemas de saúde dos 12 países da América do Sul.

Os países priorizaram nesta primeira rodada de negociações quatro medicamentos estratégicos, um para aids (darunavir), com alta variação de preço de um país para outro, e três para hepatite C, cujo valor inviabilizava a oferta em alguns dos sistemas de saúde da América do Sul.

Os quantitativos adquiridos serão definidos pelos governos de acordo com as demandas locais. Os países deverão realizar a compra por meio da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) ou em conjunto com os sistemas nacionais. No caso da compra do darunavir, para aids, a aquisição será pelo fundo global da Opas.

Uma segunda rodada de compra conjunta está prevista para 2016 com foco em quatro medicamentos para tratamento de câncer e de aids. O Brasil investiu, em 2014, mais de R$ 500 milhões na compra desses quatro produtos.

Pernambuco estreita relações com países árabes

As potencialidades de Pernambuco nas áreas de negócios, turismo e inovação trouxeram uma comitiva do Conselho dos Embaixadores Árabes no Brasil para uma visita oficial ao Estado, nesta quinta-feira (1º). O grupo, que reuniu representantes de nove países, foi recebido pelo governador Paulo Câmara no Salão Nobre do Palácio do Campo das Princesas. O encontro foi o primeiro do tipo realizado entre a entidade e o Governo. Ainda este mês, Pernambuco receberá representações da Holanda, Bélgica, Suíça, Chile, Cabo Verde e Espanha.
 
Também participaram da reunião o secretário-chefe da Assessoria Especial do governador, José Neto, e a secretária de Ciência, Tecnologia e Inovação, Lúcia Melo. A comitiva reuniu representantes da Palestina, Omã, Qatar, Jordânia, Marrocos, Tunísia, Líbia, Mauritânia e Sudão; além de membros da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, da Liga Árabe e do Itamaraty.
 
“Estamos iniciando uma relação que pode gerar muitos frutos comerciais, e, ao mesmo tempo, uma troca de experiências. Pernambuco, mais uma vez, está sendo reconhecido como um Estado que tem um potencial enorme, com muita gente interessada em conhecê-lo, principalmente, a partir do desenvolvimento econômico que tem ocorrido nos últimos anos”, avaliou Paulo Câmara.
 
Ao destacar o interesse do Estado na expertise dos países árabes, sobretudo nas áreas de petróleo e gás, o governador exaltou o interesse do grupo pelo potencial pernambucano no polo de energia eólica e também no setor de turismo. “São coisas que casam bem com o que a gente acredita e vem trabalhando. É hora de vermos as oportunidades de fazer parcerias comerciais que possam render frutos, tanto na área de emprego e geração de renda, quanto na de tecnologia, inovação e criatividade”, argumentou Câmara.
 
Embaixador do Estado da Palestina e decano do Conselho dos Embaixadores, Ibrahim Alzeben falou em nome do grupo e classificou o encontro como “fraterno” e “aberto”. A autoridade também agradeceu a oportunidade de “conhecer de perto” o Estado. “Vocês são dotados de uma natureza muito bonita. Temos uma balança comercial de US$ 300 milhões e a nossa expectativa é de que de que esse montante seja duplicado ou triplicado”, afirmou Alzeben, ao salientar a capacidade de Pernambuco.
 
A relação comercial entre o Brasil e os países árabes movimenta anualmente US$ 25 bilhões, especialmente nos setores de alimento, gás e petróleo. Para o embaixador do Estado da Palestina, “tanto o Brasil quanto os países árabes têm muito o que receber e o que oferecer”.
 
SUAPE – Na manhã desta sexta-feira (2), o grupo visitará o Complexo Industrial Portuário de Suape e o Estaleiro Atlântico Sul.  Às 15h, eles participam de encontro com o trade turístico do Estado. Novas oportunidades nas áreas de negócios e turismo serão apresentadas pelos secretários de Desenvolvimento Econômico, Thiago Norões, e de Turismo, Esportes e Lazer, Felipe Carreras, com os quais a comitiva se reúne, respectivamente, às 17h e às 18h.

Países vão criar plataforma para aquisição de medicamentos

Os países do Mercosul criarão uma plataforma de compra conjunta de medicamentos de alto custo. O compromisso foi firmado durante a 37ª Reunião de Ministros da Saúde do Mercosul, realizada nesta quinta-feira (11), em Brasília (DF). A ferramenta tem o objetivo de garantir melhores preços de compra aos respectivos sistemas de saúde. Na ocasião, também foram assinados acordos sobre segurança no trânsito e redução do tabagismo, da obesidade infantil e do sódio nos alimentos, bem como a criação de um banco unificado de informação sobre doação de órgãos.

A proposta, apresentada pelo Brasil, oferece alternativas para a compra regional de medicamentos. “A ideia é viabilizar uma aquisição em maior escala e, assim, fortalecer o poder de negociação dos membros do Mercosul. Teremos como objetivo garantir a segurança e eficácia dos produtos, bem como preços mais competitivo. São medidas para ampliar o acesso aos tratamentos e a sustentabilidade dos sistemas de saúde”, afirma Arthur Chioro, ministro da Saúde do Brasil.

O texto assinado hoje prevê que, nos próximos 30 dias, sejam avaliadas três propostas: 1 – Um dos países poderá realizar uma licitação, fazendo o registro de preço e permitindo que os demais comprem por meio de adesão a esse contrato. O Brasil se ofereceu para estudar como sediar esse mecanismo; 2 – Eleger um grupo de medicamentos prioritários e fazer a aquisição pelo fundo rotatório/estratégico da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS); 3 – Assinatura de um acordo internacional entre os países do Mercosul, que viabilizaria dentro do bloco a compra conjunta de medicamentos estratégicos.

O entendimento conjunto é que as três propostas não são excludentes, ou seja, podem ser trabalhadas ao mesmo tempo, buscando dar uma resposta imediata à proposta. Ainda, serão avaliadas medidas para acesso a medicamentos genéricos e acordos bilaterais que possam facilitar a aquisição dos produtos de saúde, além de fortalecer o banco de registro de preços, no qual são inseridos dados para o compartilhamento de informações sobre a aquisição de medicamentos em cada país.

No Brasil, o orçamento para garantir o acesso aos medicamentos ofertados pelo SUS, em 2014, foi de R$ 12,66 bilhões. Para 2015, considerando o orçamento aprovado, será de R$ 14,05 bilhões, o que representa um crescimento de 11%. Desde 2010, o Ministério da Saúde implantou ações para aprimorar o uso de recursos, como a compra centralizada de produtos estratégicos – o que já gerou economia de R$ 1,3 bilhão – e negociação direta do Ministério com fornecedores. Atualmente, os medicamentos adquiridos de forma centralizada representam 65% do orçamento, o equivalente a R$ 8,2 bilhões.

REDUÇÃO DE SÓDIO – Outro ponto importante da reunião foi o compromisso firmado entre o bloco para redução de sódio nos alimentos industrializados. Os países do Mercosul adotarão metas regionais com referência no documento elaborado por um consórcio de especialistas e OPAS (Saltsmart Consortium Consensus Statement) que traz sugestões para algumas categorias de produtos, como pães, carnes e cereais.

As reduções sugeridas na tabela levam em consideração a contribuição da redução do conteúdo de sódio nos alimentos processados para o alcance da meta global que é reduzir em 30% a ingestão de sódio nos países e assim avançar na redução do consumo para os níveis máximos recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Cada país da região, a partir de seu padrão de consumo alimentar nacional, terá que indicar quais produtos serão priorizados neste processo e que metas serão estabelecidas para a redução no seu conteúdo de sódio.

Em todo o mundo, incluindo a Região das Américas, o consumo de sódio em geral é muito elevado (mais que 10g/dia) enquanto a recomendação da OMS é de um consumo máximo de 5g de sal por dia.  No Brasil, reduzir a quantidade de sódio consumida diariamente pela população é a meta do Plano Nacional de Redução de Sódio em Alimentos Processados que conseguiu reduzir, desde 2011, em suas duas primeiras fases, 7.652 toneladas de sódio em produtos como macarrão instantâneo, pão de forma, bisnaguinha, bolos, snacks, maionese e biscoitos.

A meta é que até 2020 as indústrias do setor promovam a retirada voluntária de 28.562 toneladas de sal do mercado brasileiro. O cumprimento das metas, que envolve os produtos mais consumidos pela população, contribuirá para a redução do consumo de sódio diário no país para menos de 2g por pessoa (cerca de 5g de sal).

OUTROS ACORDOS – Também foi assinado um acordo para a integração do Sistema Nacional de Transplantes brasileiro ao banco de informações sobre órgãos do bloco, o Registro Mercosul de Doação e Transplante (DONASUR). Com isso, será feito um esforço no sentido de incluir informações nacionais anteriores à criação do banco, em 2010, o que vai garantir uma análise mais ampla e completa da evolução dos transplantes no país e na região como um todo na última década.

O DONASUR é o registro oficial das atividades de doação e de transplante dos países do Mercosul – Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai, Venezuela, Bolívia (em processo de adesão) e Chile (associado) e outros três países da América do Sul (Colômbia, Equador e Peru). Os registros incluem três tipos de dados atualizados diretamente pelos países: número de doadores vivos, número de doadores falecidos e número de transplantes realizados. Em 2013, os dados de transplantes do Brasil passaram a alimentar o DONASUR, a fim de registrar dados referentes aos anos de 2005 até o presente. Já foi efetuado o cadastramento de 442 hospitais transplantadores, de 685 programas de transplantes e de 1.782 registros de doadores vivos.

“O objetivo inicial é a troca de informações e experiências, que servirão de base para acordos futuros, como a transferência de tecnologia”, afirma o ministro Arthur Chioro.

Essa foi a última reunião em que o Brasil participou como presidente do Mercosul. Além da divulgação dos resultados alcançados durante o período em que presidiu o bloco, foram firmados compromissos relativos a segurança no trânsito, tabagismo e obesidade. A reunião contou com a presença dos ministros da Saúde da Argentina, Paraguai, Venezuela e Bolívia. Também participaram os vice-presidentes do Chile e do Uruguai, além da diretora da OPAS, Carissa Etienne.

Países propõe acesso universal aos medicamentos contra tuberculose

Facilitar o acesso aos medicamentos de combate à tuberculose aos países do BRICS e em países de baixa renda. Este é principal resultado da 4ª Reunião de Ministros da Saúde do BRICS, que reuniu os representantes do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, em Brasília, nos dias 2 a 5 de dezembro. O enfrentamento à má nutrição, as trocas de experiências em relação às ações de prevenção a aids e ebola também foram incluídos entres os compromissos firmados em um comunicado apresentado pelo ministro da Saúde, Arthur Chioro, nesta sexta-feira (5).

“O documento reflete a preocupação dos cinco países com a saúde global. A possibilidade de garantirmos o fornecimento gratuito de medicamentos de primeira linha contra a tuberculose é um marco, e demonstra nosso compromisso, o fomento ao desenvolvimento tecnológico, e respaldo às iniciativas multilaterais de saúde”, afirmou Arthur Chioro.

O documento prevê a construção de uma proposta para o acesso universal aos medicamentos de primeira linha para pacientes com tuberculose dos países do BRICS e de baixa renda. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que 22 países sejam responsáveis por mais de 80% dos casos de tuberculose no mundo e que Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul representam 50% dos casos notificados. A expectativa é que seja atingida a meta de 90% dos grupos vulneráveis, e que 90% dos pacientes sejam diagnosticados. Como resultado, 90% das pessoas se tratem com sucesso.

O acesso aos medicamentos pode contribuir, significativamente, para o alcance das metas globais pós-2015 e para a redução na incidência dos casos de tuberculose multirresistente. Com o acesso universal aos medicamentos, o controle e a futura eliminação da tuberculose como um problema de saúde pública, ficam cada vez mais próximos de serem alcançados. O plano para universalização dos medicamentos de tuberculose será finalizado em março de 2015, quando especialistas do BRICS se encontrarão para definir as estratégias e metas que deverão ser adotadas pelos países.

Na área de HIV e aids, o debate foi em torno da adesão às metas voltadas para melhorar a qualidade de vida das pessoas com a doença. Os países pretendem cumprir a meta estabelecida pelo Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids) e pela Organização Mundial da Saúde, conhecida como 90-90-90, até 2020. A meta é testar 90% da população e, das pessoas que apresentarem resultado positivo, tratar 90%. Como resultado, conseguir que 90% das pessoas tratadas apresentem carga viral indetectável.

Os representantes expressaram preocupação sobre a epidemia do ebola e aprovaram a criação de um grupo de trabalho para desenvolver um plano conjunto de enfrentamento da doença. Na última quarta-feira (3), o governo brasileiro já havia anunciado a doação de R$ 25 milhões a agências das Nações Unidas, sendo US$ 5 milhões exclusivamente para a OMS realizar o combate ao vírus do Ebola e apoio à população na Guiné-Conacri, na Libéria e em Serra Leoa, países da África Ocidental mais afetados pela doença.

Outro item debatido no encontro foi em relação ao número elevado de mortes prematuras associadas a doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) em países em desenvolvimento. Os ministros reforçaram a importância da adoção de estratégias para reduzir fatores de risco (consumo de tabaco, dieta inadequada, inatividade física e do uso nocivo do álcool), para fortalecer seus serviços de saúde e para promover a investigação e desenvolvimento e acesso a medicamentos.

Reconhecendo que as taxas de excesso de peso, obesidade e doenças crônicas decorrentes da desnutrição têm aumentado significativamente nos países do BRICS, os ministros manifestaram o seu interesse em estratégias e políticas de compartilhamento. O tema nutrição será destaque em reunião paralela a ser realizada na próxima Assembleia Mundial de Saúde, em Genebra.

No Brasil, a última pesquisa Vigitel divulgada pelo Ministério da Saúde mostra que mais da metade da população brasileira (50,8%) está acima do peso ideal e que, destes, 17,5% são obesos. Os ministros lembraram, ainda, dos compromissos da Década de Ação para Segurança Viária 2011-2020 e o ministro Arthur Chioro aproveitou para convidar os demais representantes para a II Conferência Mundial sobre Segurança no Trânsito, em novembro de 2015.

TUBERCULOSE – O Sistema Único de Saúde disponibiliza gratuitamente o tratamento contra a tuberculose. Todos os medicamentos necessários para o tratamento da doença são ofertados na rede pública de saúde. Esses medicamentos integram o tratamento padronizado da doença, utilizado em quase a totalidade dos casos. Todo o acompanhamento, que tem duração de no mínimo seis meses, é feito pela Atenção Básica do SUS.

Anualmente, são notificados cerca de 6 milhões de novos casos em todo o mundo, levando mais de um milhão de pessoas a óbito. Em 2013, a taxa de incidência de tuberculose no Brasil foi de 35 casos por 100 mil habitantes, contra 44,4/100 mil em 2003 – uma redução de 21,17%. O número de casos novos teve redução 10,5%, passando de 78.606, em 2003, para 70.372 casos novos registrados em 2013. A tendência de queda também é observada em relação aos óbitos. A taxa de mortalidade de 2012 foi de 2,3 óbitos por 100 mil habitantes, 23% menor que a taxa de 3 óbitos por 100 mil habitantes registrada em 2012.

BRICS – As ações cooperativas entre os representantes do BRICS impactam fortemente no mapa da saúde global, tendo em vista que juntos englobam 43% da população mundial. Os países enfrentam uma série de desafios de saúde pública similares, incluindo o acesso aos serviços de saúde e medicamentos, aumento dos custos de saúde especialmente referente a doenças infecciosas e também as taxas crescentes de doenças não transmissíveis.

Nos encontros anteriores – China (2011), Índia (2013) e África do Sul (2013) –, os governos apresentaram a necessidade de equacionar as diversas assimetrias na área de saúde. Uma das propostas foi a possibilidade de se estabelecer uma Rede de Cooperação Tecnológica, como forma de promover a transferência de tecnologias e o acesso a medicamentos. Em 2013, foi adotado o Marco do BRICS para a Colaboração em Projetos Estratégicos em Saúde.

Governo Brasileiro doa R$ 25 milhões aos países afetados pela epidemia de Ebola

O Governo brasileiro realizou doação de R$ 25 milhões a agências das Nações Unidas para combate ao vírus do Ebola e apoio à população na Guiné-Conacri, na Libéria e em Serra Leoa, países da África Ocidental mais afetados pela doença.

Daquele montante, cerca de 50% foi doado à Organização Mundial da Saúde (OMS), para atenção às populações infectadas e medidas de controles da infecção; aproximadamente 26%, ao Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), para a prestação de serviços básicos, inclusive de saúde, às populações; cerca de 18%, ao Programa Mundial de Alimentos (PMA), com vistas a contribuir para o financiamento do transporte e da distribuição de 6.300 toneladas de arroz e 4.500 toneladas de feijão já oferecidas pelo Brasil; e aproximadamente 6%, para Fundo Fiduciário que ajuda a financiar a Missão das Nações Unidas de Resposta Emergencial ao Ebola (UNMEER), mecanismo coordenador das esforços das diversas agências da ONU envolvidas no combate àquela enfermidade.

À medida anunciada soma-se doação de R$ 1 milhão repassado à OMS e R$ 2 milhões à Organização Panamericana da Saúde (OPAS), recursos enviados em novembro deste ano, também para o combate ao Ebola.

Além dos recursos financeiros, o Brasil enviou, em junho deste ano, 24 kits, equivalentes a seis toneladas, com medicamentos e insumos aos três países afetados pela epidemia. Cada um dos kits é suficiente para atender cerca de 500 pessoas durante três meses e contem 30 tipos de medicamentos, incluindo antibióticos e anti-inflamatórios, e 18 insumos para primeiros-socorros, como luvas e máscaras. Quatro kits foram destinados para a Guiné, cinco para Serra Leoa e cinco para a Libéria, além de outros 10 enviados à OMS para distribuição.

O Governo brasileiro renova sua solidariedade com os Povos e os Governos da Guiné-Conacri, da Libéria e de Serra Leoa e reafirma sua intenção de continuar a contribuir com os esforços internacionais para prestar toda a assistência possível às populações afetadas pelo vírus do Ebola.

Viajantes de países afetados pelo Ebola recebem orientação nos aeroportos do Brasil

Passageiros de voos internacionais que venham de países da África Ocidental (Libéria, Serra Leoa e Guiné) afetados pelo vírus Ebola, ao desembarcarem no Brasil, receberão informações sobre o Sistema Único de Saúde (SUS) e a necessidade de buscar atendimento médico, caso apresentem sintomas da doença.

Também serão avaliados sobre contatos anteriores com casos de Ebola, além de terem sua temperatura aferida. A estratégia teve início na madrugada desta sexta-feira (31) no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, e deve se estender a outros aeroportos do país. A ação será realizada pelo Ministério da Saúde, juntamente com a Polícia Federal, Receita Federal, Agência Nacional de Vigilância Sanitária e a GRU-Airport.

Ao apresentar as novas medidas, o ministro da Saúde, Arthur Chioro, reiterou que é baixa a possibilidade de transmissão do Ebola no Brasil. “Trata-se do aprimoramento de ações que estão sendo discutidas com estados e municípios e todos os órgãos envolvidos. Este novo monitoramento é uma abordagem fundamentalmente de informação”, afirmou o ministro, destacando ainda a importância de munir os viajantes com informações assim que chegam ao Brasil. “É necessário que eles tenham a garantia de que poderão procurar gratuitamente SUS, inclusive, já portando a ficha com informações da sua localidade de origem e se ainda encontram-se em período de incubação da doença”.

Apresentação sobre o tema

A ação serve como um segundo nível de proteção, já que todos que saem dos países afetados pela doença já são entrevistados e tem a temperatura aferida, medida considerada mais efetiva no controle nos aeroportos. Aqui no Brasil, os agentes de imigração vão identificar os viajantes de nacionalidades ou residentes em Guiné, Serra Leoa e Libéria, e que vieram desses países por meio de conexões saindo da Europa, Estados Unidos e África. Eles serão encaminhados ao posto da Anvisa para responder um questionário e aferir a temperatura.

Serão colhidas informações de interesse epidemiológico, como áreas afetadas pela doença por onde o viajante passou e se teve contato com pessoas doentes. Além disso, a pessoa receberá um folder em quatro idiomas (português, inglês, espanhol e francês) com informações sobre sinais e sintomas do Ebola e orientações sobre a gratuidade e o acesso aos serviços de saúde no Brasil, para facilitar a busca imediata de um serviço de saúde, caso algum viajante apresente sinais e sintomas da doença. No folder também constará o período em que o passageiro chegou ao Brasil. O objetivo do material é facilitar a comunicação entre o passageiro e a equipe médica, dando maior agilidade na identificação de um possível caso suspeito de Ebola.

De acordo com o secretário de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa, as novas medidas “evitarão que o viajante fique em casa dois ou três dias sentindo sintomas da doença, sem saber que no Brasil há um serviço público de saúde e que ele pode utilizá-lo”, destacou o secretário. Mesmo colhendo informações e fazendo a aferição da temperatura de quem vier dos países afetados, Jarbas Barbosa informou que, para o Ministério da Saúde, “a medida mais efetiva para o controle da disseminação da doença continua sendo a interrupção da transmissão nos países afetados”.

Caso o viajante informe contato com alguma pessoa infectada, ele será monitorado por profissionais da vigilância estadual em saúde e terá a temperatura verificada diariamente. O monitoramento no aeroporto foi testado em um simulado realizado nesta quinta-feira (30), em Guarulhos, com todos os órgãos envolvidos.
OUTROS AEROPORTOS – O fluxo de passageiros originários de países afetados pelo Ebola para o Brasil é muito pequeno. Estima-se, com base nos dados de viagens de 2014, que apenas um a cada 40 mil passageiros, que chegam ao aeroporto de Guarulhos, é originário de países afetados pelo Ebola.

Guarulhos recebe 65% dos estrangeiros que chegam aos Brasil e 78,5% das pessoas vindas de países afetados. Na segunda quinzena de novembro, os aeroportos do Galeão, no Rio de Janeiro (RJ), e Pinto Martins, em Fortaleza (CE), também adotarão esse procedimento de informação e monitoramento. Os três aeroportos são responsáveis por 97% da chegada de estrangeiros no Brasil. Também estão previstos a adoção da medida nos aeroportos internacionais de Brasília (DF), Viracopos (SP) e Salvador (BA).

A nova medida vem para reforçar as ações de preparação do Brasil para a eventual ocorrência de caso suspeito de Ebola. O Ministério da Saúde analisou experiências internacionais para adotar ações que, sem causar transtornos na chegada dos passageiros internacionais, aumentam a segurança para detectar um eventual caso suspeito da doença.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) reitera que não devem ser adotadas medidas de restrição ao comércio e viagens com as áreas afetadas e que a triagem nos aeroportos de saída é a medida mais efetiva para evitar que passageiros internacionais possam disseminar a doença. Para a OMS, os países devem avaliar as vantagens e desvantagens de triagem no aeroporto de chegada e compartilhar as experiências. Países como os Estados Unidos e a Inglaterra adotaram a mesma medida agora implantada no Brasil.