Taxa de desemprego atinge 9% em novembro, anuncia IBGE

Da Agência Brasil

A taxa de desemprego no país atingiu 9% no trimestre encerrado em novembro de 2015, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada hoje (19) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O percentual supera os registrados nos trimestres encerrados em agosto de 2015 (8,7%) e em novembro de 2014 (6,5%).

A população desocupada chegou a 9,1 milhões de pessoas em novembro de 2015, 3,7% a mais do que em agosto e 41,5% a mais do que em novembro do ano anterior. Já a população ocupada (92,2 milhões) ficou estável ante agosto e caiu 0,6% em relação a novembro de 2014.

Os empregos com carteira assinada (35,4 milhões) se mantiveram estáveis ante agosto e recuaram 3,1% em relação a novembro do ano anterior.

6 dicas para organizar suas finanças em caso de desemprego

Não é preciso ser uma especialista em economia para sentir os efeitos da crise que o país enfrenta. A iminência do desemprego é um deles. Mas você está pronta para passar por esse momento de incertezas? Hora de organizar suas finanças e controlar os gastos.

A instabilidade do mercado de trabalho tem mostrado resultados preocupantes, o mais recente vem da Pnad (Pesquisa Nacional Por Amostra de Domicílios), feita pelo IBGE. Segundo o medidor, a previsão é que o índice de desemprego possa chegar a 10% ainda no primeiro trimestre de 2016.

“No atual cenário, as empresas estão passando por uma série de dificuldades e reajustando seus custos. Nesse reajuste, os funcionários correm o risco de serem mandados embora”, analisa o professor da IBE-FGV e doutor em Finanças, Márcio Barros Souza.

Apesar de todos os benefícios garantidos por lei aos trabalhadores, não dá para depender somente da rescisão em tempos de crise. Por isso, o especialista recomenda uma preparação e organização de suas finanças para não ser pega de surpresa em caso de demissão. Saiba como:

1. Não dependa somente da rescisão

Quando você é demitida, pode retirar o seu FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), mais 40% de multa rescisória paga pela empresa e ainda pode ter direito a alguns meses deseguro desemprego. É um dinheiro que pode segurar as pontas e resolver as suas dívidas mais urgentes, mas não é uma garantia de estabilidade por muito tempo.

O professor criou uma situação hipotética para explicar até quando você estaria assegurada: “O Fundo de Garantia normalmente é equivalente a um ano de trabalho. Se seu salário mensal é de R$ 5 mil e você trabalhou 10 anos, são R$ 50 mil. Somando mais 40% da multa, poderia chegar a R$ 70 mil, o que equivale a 15 meses de salário”.

Mas receber esta quantia na prática pode não ser a mesma coisa que na teoria. “O recomendável é utilizar a quantia para liquidar as dívidas e, fazendo isso, você se livra das contas, mas já perde alguns meses de vantagem”, analisa.

Segundo o especialista, o ideal é pensar no FGTS como um reforço na reserva que você conseguiu juntar, não como a única solução para os meses em que estiver desempregada.

2. Organize suas finanças e crie uma reserva de segurança

“Tenha um planejamento financeiro para segurar as pontas por, no mínimo, mais 12 meses”. Para Souza, esta estratégia deveria ser praticada independente da situação do mercado, pois não dá para sair perdendo. “O máximo que pode acontecer quando esta instabilidade econômica tiver acabado ou caso você consiga logo um outro emprego, é que você terá um dinheiro extra para emergências ou para algum investimento”, argumenta o especialista.

O segredo é encontrar um método de controle com o qual você se adapte melhor, seja por uma planilha mais elaborada ou um aplicativo para celular que a lembre de anotar os gastos.

3. Analise seus gastos e corte excessos

Quando você começar seu planejamento estratégico com o objetivo de criar esta reserva, vai poder visualizar melhor todos os seus débitos. “Este é um bom momento para conseguir analisar se está gastando demais”, observa Márcio.

Para isso, comece o seu controle listando os gastos necessários, como aluguel, energia, telefone, compras mensais ou a mensalidade escolar. E então encontre os excessos de cada mês, que podem estar principalmente na fatura do cartão de crédito.

“A facilidade de uma compra parcelada acaba virando uma dívida para lidar por muitos meses. Assim, o cartão de crédito acaba sendo um veneno para esse planejamento”, diz o professor.

4. Também reconsidere os gastos necessários

Segundo o especialista, alguns desses excessos que precisam ser cortados podem estar nos gastos fixos mensais. Sendo assim, dificilmente reparamos que estamos gastando mais em determinados quesitos.

“Sempre há um reajuste que você pode fazer. Desde o descarte daquele produto desnecessário que compra no supermercado até a escolha de escola com mensalidade mais barata que tem a mesma qualidade de ensino para seu filho”, argumenta Souza.

5. Livre-se das dívidas

Quem quer começar uma reserva de segurança deve ter como prioridade um planejamento para quitar todas as dívidas. Lembre-se de que, se tiver sucesso nesta primeira etapa, poderá aproveitar melhor a rescisão caso seja demitida.

“Enquanto existirem dívidas pendentes, o dinheiro que está entrando por seus meses de trabalho deve ser direcionado para os gastos necessários e os pagamentos das contas, começando pelas mais caras”, aconselha Souza.

6. Não faça mais prestações

O momento de instabilidade não é propício para fazer prestações caras e de longo prazo, principalmente quem está no perigo iminente do desemprego. Por isso, Souza recomenda que, já estando endividada ou não, o melhor é evitar mais compras e prestações.

Fonte: Da Redação @financasfemininas #financasfemininas | www.financasfemininas.com.br

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Desemprego nas metrópoles fica em 6,8% em 2015, o maior desde 2009

Do Congresso em Foco

A taxa média de desemprego ficou em 6,8%, no ano passado, nas seis maiores regiões metropolitanas do país – dois pontos percentuais acima da taxa de 2014, que ficou em 4,8%. Os dados são do IBGE e foram divulgados nesta quinta-feira (28). O desemprego cresceu, enquanto a renda do trabalhador encolheu numa velocidade que não era vista há mais de uma década.

Diante da combinação de desemprego e inflação alta, o rendimento médio do trabalhador foi de R$ 2.265,09, no ano passado, revelando queda de 3,7% em relação a 2014, informa a pesquisa. A Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do IBGE leva em conta as regiões metropolitanas de São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Salvador, Recife e Porto Alegre.

Maior

Nunca havia sido registrada pela PME uma piora do mercado de trabalho com esse ritmo, desde que a sondagem foi iniciada, em março de 2002. Também foi a maior taxa média de desemprego desde 2009 (8,1%).

Houve recuo no número de pessoas empregadas, de 23,3 milhões para 23,7 milhões de pessoas, de 2014 para 2015, considerando a média anual – queda de 1,6%. A maior queda da série histórica.

Se comparados os meses de dezembro de 2014 e 2015, a queda é ainda maior, de 2,7%. Foram 642 mil empregos perdidos.

Consumo

Tiago Cabral, economista do Instituto de Economia da FGV (Fundação Getúlio Vargas), a piora do mercado de trabalho tem origem parcial no fim do ciclo de crescimento baseado no consumo das famílias.

“As políticas do governo de incentivo ao consumo endividaram demais as famílias. São 59 milhões de consumidores inadimplentes. Agora, com aumento de juros, esses consumidores cortaram gastos e afetaram a indústria”, afirmou Tiago.

Ainda segundo Cabral, a redução dos investimentos e os efeitos da Lava Jato sobre empreiteiras contribuíram também para afetar o desempenho do mercado de trabalho, principalmente na construção.

Em dezembro, a indústria cortou 296 mil empregos, em comparação com o mesmo mês de 2014, uma queda de 8,4%. O comércio cortou 112 mil postos no mesmo período, registrando baixa de 2,5%.

Por causa da crise, mais pessoas procuraram emprego no ano passado. Jovens, idosos e donas de casa que estavam afastados do mercado de trabalho, apoiados na renda familiar mais alta, tentaram retornar.

Soma-se a isso a massa de pessoas que perderam emprego e pressionaram as estatísticas. Na média anual, 1,7 milhão de trabalhadores não conseguiram emprego no ano passado – crescimento de 42,5%. Eram 659 mil pessoas a mais na fila de emprego, em dezembro – 61,4% a mais do que no mesmo mês de 2014. Isso significa 1,73 milhão de pessoas.

Temporários

Tomando-se apenas o mês de dezembro de 2015, a taxa de desemprego foi de 6,9%, abaixo dos números de novembro do ano passado (7,5%) e maior do que no mesmo período de 2014 (4,3%). Já era esperada a redução, na passagem dos meses de novembro para dezembro, por causa dos empregos temporários do final de ano.

A pesquisa do IBGE registra também que parte dos desempregados costuma deixar de procurar emprego no fim de ano e retomar a busca no início do ano seguinte.

Taxa de desemprego sobe para 9% no trimestre encerrado em outubro

A taxa de desocupação registrada no Brasil subiu para 9% no trimestre encerrado em outubro, divulgou hoje (15) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os dados constam na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua.

No trimestre anterior, maio-junho-julho, a taxa de desocupação ficou em 8,6%, com um crescimento de 0,6 ponto percentual na comparação com os três meses anteiores.

O rendimento real habitual em relação a maio-junho-julho teve variação de -0,7%. Já na comparação com agosto-setembro-outubro de 2014, houve queda de 1%.

Desemprego em 2016 será pior do que no ano passado, dizem economistas

Em 2015, os brasileiros enfrentaram o fechamento de postos de trabalho em decorrência das dificuldades econômicas no país. Em 2016, o cenário pode se repetir, segundo avaliação de especialistas.

Para o vice-diretor da Faculdade de Economia da Universidade Federal Fluminense (UFF), Renaut Michel, a taxa de desemprego no Brasil deverá continuar crescendo em 2016, por causa da queda no nível da atividade econômica. “Não há nenhum tipo de expectativa positiva”, disse o especialista em mercado de trabalho.

Para Renaut Michel, embora a construção civil, um dos setores que mais empregam no país, tenha sentido mais os impactos da crise, outros setores da indústria poderão ser afetados este ano. “A indústria já vem mal há um bom tempo. Enfrenta um problema sério de perda de competitividade, de queda de investimentos. Minha expectativa é que continue um ano muito ruim para a indústria, mas em alguma medida vai afetar também o comércio e o serviço, porque o ambiente de incertezas está levando as famílias a consumirem menos. Em consequência disso, os empresários investem menos e bancos também não emprestam”.

O único setor que deve continuar apresentando bom desempenho é o agronegócio. “Mas não vai conseguir ser suficiente para minimizar o impacto muito ruim da trajetória do emprego nos próximos meses”, acrescentou.

Já o professor João Luiz Maurity Sabóia, do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), lembra que em outubro do ano passado, a taxa de desemprego era 7,9%, conforme a Pesquisa Mensal de Emprego (PME), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A taxa era praticamente a mesma registrada em 2008, que foi 7,5%, no auge da crise econômica internacional.

“Foram dez anos de melhoras sucessivas no mercado de trabalho, e boa parte disso, infelizmente, em um ano de recessão foi revertida”, disse o professor, em referência ao salário e ao número de postos de trabalho gerados no período.

Para Sabóia, os problemas enfrentados em 2015 causaram efeito pior no mercado de trabalho, em comparação aos impactos da crise internacional. “Aquilo [2008] foi um momento de desaceleração, mas não chegou a ser de piora do mercado de trabalho. E você sustentou esse movimento, praticamente, até o ano passado”.

Desemprego

Os metalúrgicos foram umas das categorias afetadas pelo desemprego no ano de 2015. De acordo com o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Niterói e São Gonçalo, Edson Rocha, 7,5 mil metalúrgicos foram demitidos nos dois municípios. Desses, 3,3 mil ainda não receberam indenização. A maioria dos demitidos da construção naval está “fazendo bicos”, enquanto não arruma um novo emprego, relatou Rocha.

Odair Francisco da Silva é um dos que perderam o emprego. Ele trabalhava no Estaleiro Eisa-Petro Um, antigo Estaleiro Mauá, em Niterói. Casado e pai de quatro filhas, Odair recorreu à ajuda de parentes. “Estou me virando e, infelizmente, incomodando os outros”, disse. A mulher do operário, que não trabalhava fora, hoje faz faxina. Os pais de Odair, ambos aposentados e ganhando um salário mínimo cada, o “socorrem, na medida do possível”.

O soldador Luís Silva Coelho foi dispensado do emprego e procura vaga na mesma área. “Trabalho está difícil. Tem que correr atrás. Tenho filho para dar conta”, disse.

Taxa de desemprego fica em 7,5% em novembro

Da Agência Brasil

A taxa de desemprego ficou em 7,5% em novembro deste ano. O índice é inferior ao observado em outubro (7,9%), mas superior ao registrado em novembro do ano passado (4,8%). O dado da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) foi divulgado hoje (17), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e leva em conta seis regiões metropolitanas do país: Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre.

A população desocupada, de 1,8 milhão de pessoas, ficou estável em relação ao mês anterior, mas cresceu 53,8% na comparação com novembro de 2014. Já o número de pessoas ocupadas ficou em 22,5 milhões, estável em relação a outubro deste ano, mas 3,7% inferior ao total de novembro do ano passado.

O número de trabalhadores com carteira de trabalho assinada no setor privado (11,3 milhões) manteve-se estável na comparação com outubro e recuou 4,6% na comparação com novembro de 2014.

Analistas questionam influência da Lava Jato na alta do desemprego

Da Folhapress

Na última terça-feira (27), o diretor de Estudos e Políticas Sociais do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), André Calixtre, disse que a Operação Lava Jato, da Polícia Federal, foi a origem da crise de emprego no País.

Em uma entrevista no Rio, Calixtre afirmou que a Operação Lava Jato desorganizou o setor de óleo e gás e acabou afetando o setor de construção. E que “o resto [da crise de emprego] veio depois, com a queda da atividade econômica”.

Calixtre disse que não tinha números que demonstrassem o impacto da Lava Jato no emprego. Ele mencionou, no entanto, um estudo do Ministério da Fazenda que culpou a operação por dois pontos percentuais da queda do PIB (Produto Interno Bruto) deste ano.

Outros analistas ponderaram sobre a influência da Lava Jato no cenário econômico atual.
“Não concordo que tenha sido o início, mas acho que [a Operação Lava Jato] contribuiu. A economia já vinha mal em 2014 quando o crescimento foi zero. A razão principal para o aprofundamento da crise foi o ajuste fiscal deste ano”, disse João Saboia, especialista em mercado de trabalho do Instituto de Economia da UFRJ.

Ele atribui a origem da crise de emprego à perda de dinâmica do mercado de trabalho começou pelas demissões na indústria. José Márcio Camargo, professor de economia da PUC-Rio, disse que a economia entrou em recessão no ano passado, quando começou a haver a redução da geração de emprego. “Já existia um processo de redução da geração de empregos no Brasil quando aconteceu a Lava Jato. Ela significou a piora de um processo que existia”, disse o professor.

No primeiro semestre de 2014, o mercado de trabalho gerou 588.671 empregos formais. Isso representava uma queda de 29% frente ao ano mesmo período do ano anterior.

A Operação Lava Jato se tornou um problema mais sério para a Petrobras e empreiteiras a partir da delação premiada do ex-diretor Paulo Roberto Costa, no fim de agosto de 2014.

Para Camargo, a crise do emprego se aprofundou em 2015 com o aprofundamento da recessão. O PIB (Produto Interno Bruto) deve encolher 3,02% este ano, pela média da projeção dos economistas.

O economista Leonardo França Costa, da Rosenberg & Associados, tem uma avaliação semelhante. Para ele, as demissões da indústria estão na origem da crise de emprego no país. “Isso vem muito antes da Lava Jato”, disse o economista.

Pelos dados do IBGE, o emprego na indústria encolhe há 47 meses consecutivos na comparação anual (em relação ao mesmo período de um ano antes). É a mais longa sequência da pesquisa, iniciada em 2001.

Desemprego no Brasil faz imigrantes voltarem a seus países

Por INGRID FAGUNDEZ
Da Folha de S. Paulo

A situação econômica já faz imigrantes que tentavam refazer a vida no Brasil começarem a voltar a seus países ou procurar outros destinos, como Canadá ou EUA.

Dados da Missão Paz de São Paulo, entidade que é referência para estrangeiros, mostram que neste ano, até setembro, havia 1.239 contratados, número 68% menor que o do período em 2014.

Nas feiras que reúnem empregadores, às terças e quintas, o número de postos oferecidos despencou. O padre Paolo Parise, que dirige o Centro de Estudos Migratórios, diz que neste ano o número de contratados deve chegar a 30% dos de 2014.

Grande parte dos entrevistados, com destaque para haitianos e africanos, buscou um lugar na construção civil, um setor que nos últimos 12 meses fechou 385 mil vagas formais, mais de um terço de todos os empregos encerrados no país no mesmo período, segundo dados do Caged.

O eletricista haitiano Pierre, 42, há sete meses no país, não conseguiu uma vaga e vai retornar ao Haiti. A passagem de volta custou R$ 4.600.

Mesmo os que estão empregados consideram viajar em busca de melhores oportunidades. Com um salário mensal de R$ 1.000, o soldador Joseph Levitique, 30, não consegue enviar nada para a família, principalmente depois que o dólar disparou.

Seu plano é voltar para o Haiti em janeiro e juntar dinheiro para ir a Miami, onde moram parentes.

Os atritos entre brasileiros e estrangeiros devem aumentar à medida que a situação piore e eles passem a disputar as mesmas vagas, diz Marcelo Haydu, um dos fundadores do Adus (Instituto de Reintegração do Refugiado).

O haitiano Charles Macantonie, 35, diz já perceber a mudança. Em setembro, ele deixou o emprego na construtora OAS para buscar a família em Porto Príncipe, no Haiti. Quando voltou, encontrou portas fechadas. “Nas construções me disseram que não tem nada para estrangeiro. Agora é só brasileiro.”

“Quando cheguei, todos que se dispunham a trabalhar conseguiam empregos e um salário razoável. Hoje virei ambulante e alerto todos os irmãos do Senegal de que as condições por aqui estão bem piores”, afirma o senegalês Pape Embaye, 36.

No quarto e sala que divide com outras sete pessoas, Embaye conta que chegou ao país em 2010, ano em que o PIB do Brasil crescia 7,6% e o desemprego era 6,7% pela pesquisa PME do IBGE, que abrange as seis principais regiões metropolitanas.

Cinco anos depois, o desemprego foi de 7,6% em agosto (dado mais recente da mesma pesquisa) e o PIB deve cair 3%.

Estrangeiros qualificados também são afetados, diz Rene Ramos, sócio da empresa de imigração corporativa Emdoc. Com mais brasileiros sem vaga, empregadores hesitam antes de contratar um europeu, afirma ele.

O êxodo inverte a curva de imigrantes no mercado de trabalho. Segundo dados da Rais, do Ministério do Trabalho, a contratação de estrangeiros, que chegou a crescer cerca de 20% entre os finais de 2012 e 2013, ficou praticamente estável em 2014. Os dados para este ano só serão divulgados no ano que vem.

Desemprego pode ser revertido no segundo semestre, diz Manoel Dias

Da Agência Brasil

O ministro do Trabalho, Manoel Dias, disse ontem (26), em evento no Rio de Janeiro, que dois setores devem reverter o crescimento da taxa de desemprego nos próximos meses, o automobilístico e o da construção civil.

Dias esteve na Fundação Getulio Vargas (FGV) para assinar um convênio que tem o objetivo de  estudar as políticas de imigração no Brasil e avaliar as políticas públicas existentes na área. Ele relatou que andou conversando com grandes empresas do varejo e do setor automobilístico, que, segundo ele, veem o momento atual como um “hiato pequeno” na economia.

Segundo o ministro, a previsão da Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) é retomar a capacidade produtiva em seis meses. “O Brasil bateu recorde de produção automobilística no ano passado. Tivemos uma dificuldade e diminuição na exportação”, disse. Para Dias, esse cenário pode ser revertido com a assinatura de acordo para exportação de veículos para o México e demais países da América Latina.

Sobre o setor automobilístico, Manoel Dias disse que o aumento do desemprego no primeiro semestre é normal. “É um período em que as pessoas vão [primeiro] comprar o imóvel, preparar um projeto, o parque de construção, ou seja, historicamente, é a partir de junho e julho que se dão as contratações”.

Já com relação à construção civil, Dias lembrou que somente o investimento do governo previsto para a construção de unidades habitacionais populares será de R$ 84 bilhões, sendo que 90 mil casas estão contratadas. “Isso deve gerar mais de R$ 1 milhão de empregos”, estimou ele para o segundo semestre.

Dias informou que o fórum nacional criado pela presidenta Dilma Rousseff para discutir políticas públicas para conter o desemprego no país terá sua primeira reunião no próximo dia 2 de setembro. O fórum será composto por quatro ministérios, centrais sindicais e representante dos aposentados. Segundo o ministro, essa é uma das medidas do governo para ampliar o diálogo com a sociedade e encontrar soluções para a alta do desemprego.

Crise mundial

O ministro do Trabalho reconheceu impactos da crise econômica mundial, que culminou com a queda da bolsa de valores na China, no início da semana, sobre o emprego no Brasil. Porém, ponderou que o emprego atingiu os patamares mais altos da história nos últimos anos. Segundo ele, há um pessimismo na economia brasileira, que inibe o consumo, motor da economia. Ele, no entanto, relativizou as estatísticas. “Esses números impressionantes de desemprego, que lamentamos, é hoje sobre [uma base] de 50 milhões de trabalhadores e não mais sobre 20 milhões de trabalhadores”, disse.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou ontem (25) que o desemprego no país cresceu 8,3% no segundo trimestre de 2015 e é o maior índice desde o início da série histórica da pesquisa, iniciada em 2012.

Desemprego sobe e tem maior taxa desde 2010

desemprego

Em maio, o mercado de trabalho brasileiro seguiu os mesmos passos do mês anterior. Mais uma vez, a taxa de desemprego subiu, chegando a 6,7%, e a renda média sofreu redução, conforme números divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) hoje. Foi a maior taxa de desemprego para o mês de maio desde 2010, quando ficou em 7,5%.

Para o IBGE, a taxa de 6,7% ficou “estatisticamente estável” em relação a abril (6,4%). Já em relação a maio do ano passado, houve aumento de 1,8 ponto percentual na população desocupada – o maior desde 2003.

A última vez em que a taxa de desemprego ficou em 6,7% foi em agosto de 2010. A pesquisa é feita nas regiões metropolitanas de Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre.

“Você está tendo dispensa de pessoas que antes estavam ocupadas. Tanto que, em relação ao ano passado, você tem menos 155 mil pessoas ocupadas. Ao passo que você tem mais gente pressionando o mercado [procurando vagas]”, diz Adriana Araújo Beringuy, técnica de Rendimento e Trabalho do IBGE.

Segundo a técnica do IBGE, no ano passado, a pesquisa identificava que boa parte da população não economicamente ativa era formada por pessoas que não trabalhavam e não procuravam emprego porque não queriam.

“A gente via pessoas jovens, estudantes, e alguns analistas apontavam que essa decisão de interromper a busca poderia estar ligada à decisão de se qualificar, estudar, podia estar ligada ao crescimento da renda do domicílio”, comenta. Mas isso “não ocorre agora”, segundo Adriana.

“O que se mostra agora é a variação do rendimento. Porque tanto no mês quanto no ano, gente já tem uma quarta queda consecutiva na PME [Pesquisa Mensal de Emprego] do rendimento médio real”.

O rendimento médio real habitual dos ocupados (R$ 2.117,10) caiu 1,9% em relação a abril (R$ 2.158,74) e recuou 5% contra maio de 2014 (R$ 2.229,28). A técnica do IBGE diz que é a quarta queda seguida no rendimento médio real no mês.

Do G1