Ciro lança candidatura pelo PDT com discurso anti-Temer: “Intervenção eleitoreira e mal intencionada”

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Congresso em Foco

Com forte discurso anti-Temer, o ex-ministro e ex-governador do Ceará Ciro Gomes oficializou na quinta-feira (8), na sede do Partido Democrático Trabalhista (PDT), sua pré-candidatura à Presidência da República. O lançamento da pré-candidatura, que teve início no final da tarde e adenta a noite chuvosa em Brasília, contou com a presença do presidente nacional do partido, Carlos Lupi, do irmão de Ciro e também ex-governador cearense Cid Gomes, e do presidente da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), Joe Valle, anunciado como pré-candidato ao governo de Brasília.

A pré-candidatura de Ciro foi aprovada por unanimidade pela Executiva Nacional do PDT. O partido ainda não definiu o nome para o posto de vice e até uma aliança com outro partido está cogitado para completar a chapa presidencial. Um dos nomes que têm sido considerados para o posto, embora nada esteja confirmado, é o do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT). Nesse caso, haveria conflito com as tendências petistas que não aceitam abrir mão da cabeça de chapa.

Antes de se encaminhar ao auditório da sede, Ciro falou à imprensa em uma concorrida entrevista coletiva na entrada do pequeno prédio térreo, com siglas do partido em letras garrafais na fachada, localizado nas cercanias de um dos anexos da Câmara. Na fala do pré-candidato, esboços de projetos governamentais, impressões sobre a economia nacional, infraestrutura, desigualdade social – como o próprio Ciro disse, o principal mal a ser combatido em uma eventual gestão pedetista.

Identificado como candidato de esquerda e em sua terceira tentativa de se eleger presidente da República, Ciro fez menção à iminência de prisão de Lula, disse que jamais faltou ao Partido dos Trabalhadores e garantiu que, caso o cacique petista seja mesmo preso e impedido de concorrer às eleições, gostaria de contar com o apoio do PT em um eventual segundo turno.

“Ao longo de 16 anos [de aliança com o PT], não faltei uma vez com Lula”, declarou o candidato, muito festejado pelos correligionários quando foi anunciado por Lupi no palco do evento. Segundo Lupi, a candidatura de Ciro é “irreversível”.

Com a coincidência do lançamento da pré-candidatura com o Dia Internacional da Mulher, Ciro não escapou do resgate sobre a polêmica declaração, durante o pleito presidencial de 2002, que deu quando foi questionado sobre a importância de sua então esposa, a atriz Patrícia Pillar, na campanha daquele ano. Naquela ocasião, Ciro respondeu que Patrícia dormia com ele – a frase, considerada machista, provocou críticas ferozes à época.

Nesta corrida presidencial, dizendo ter deixado de lado o temperamento explosivo, Ciro se disse “feminista”. “Mas fiz uma piada de mau gosto com o amor da minha vida”, resignou-se.

Mas, entre uma declaração e outra, o discurso do ex-governador se voltou frequentemente para as críticas à gestão Temer, a quem não tem poupado de termos como “golpista” e “conspirador”. Ex-ministro da Fazenda de Itamar Franco (1992-1994) e da Integração Nacional na gestão Lula (2003-2010), Ciro fez duras críticas, por exemplo, à intervenção federal decretada por Temer na segurança pública do Rio de Janeiro, classificada como oportunista pelo pré-candidato.

“Foi intervenção politiqueira, mal intencionada, mal planejada. E sabemos que não tem orçamento”, fustigou o pedetista, em seguida mirando o papel da imprensa antes e depois do impeachment. Para Ciro, a advento das redes sociais não imbecilizou o eleitorado, mas lhe deu mais um instrumento de informação e de controle da atividade pública.

“Até a mídia convencional já percebeu que precisa se adequar”, declarou Ciro, propugnando a quebra dos “monopólios de difusão da informação”.

Agora oficialmente candidato ao governo de Brasília, Joe Valle também falou à imprensa na sede do PDT. “O lançamento de pré-candidaturas faz parte de um projeto nacional que Brasília, como capital da República, tem que integrar. Este é um processo de construção partidária. Fruto de muita conversa, de muito trabalho, para trazermos a melhor proposta para o Distrito Federal”, discursou o deputado distrital.

Trabalhismo

Ciro é um dos políticos mais alinhados à filosofia político-partidária que o ex-governador do Rio de Janeiro Leonel Brizola (1922-2004), “o último caudilho”, deixou como legado na esteira da era Jango – como era chamado o ex-presidente trabalhista João Goulart (1918-1976), que governou o país entre 1961 e 1964, quando foi deposto pelo golpe militar que se arrastaria até 1985. De estilo explosivo, algo que ele agora diz ter superado, Ciro é professor de Direito Tributário e Constitucional e costuma se gabar de jamais ter sido processado por corrupção, embora enfrente dezenas de ações na Justiça por danos morais. Só no Ceará são 80 ações.

Nos últimos anos, diz ter ganhado a vida com aulas e palestras sobre temas diversos mundo afora, principalmente temas relacionados à política e à economia. Na última vez em que disputou uma eleição presidencial, em 2002, foi o terceiro mais votado naquele pleito, com 7.426.190 milhões de votos, perdendo para Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que acabaria vencendo no primeiro turno, e Lula. Em 1998, lançado à disputa presidencial pelo Partido Popular Socialista PPS), Ciro obteve 10.170.882 milhões de votos e ficou em quarto lugar.

Dinheiro recuperado pela Lava-Jato no Rio vai para segurança

Agência Estado

O juiz da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, Marcelo Bretas, e o interventor federal na segurança do Estado, general Walter Braga Netto, acertaram nesta quinta-feira, 8, que o dinheiro recuperado pela Operação Lava Jato no Rio será usado pela polícia para comprar veículos e equipamentos. Eles combinaram o novo destino do recurso, sequestrado judicialmente em investigações de esquemas de corrupção no Estado, em encontro na Justiça Federal.

A versão local da Lava Jato já resultou em cinco condenações para o ex-governador Sérgio Cabral Filho (MDB), entre outras, e recuperou mais de R$ 450 milhões. Não foi divulgado quem foi o autor da proposta de uso do dinheiro na segurança nem qual será o valor oferecido.

Em fevereiro, um acordo da Justiça, dos Ministérios Públicos Federal e Estadual e de autoridades de educação do Rio e do governo federal reservou R$ 15 milhões desses recursos para a reforma de escolas públicas estaduais. Em março de 2017, R$ 250 milhões recuperados pela Justiça foram usados para quitar o 13º salário de 2016 de pouco mais de 140 mil servidores aposentados.

Tiroteio

Dois homens morreram baleados perto da Praça São Salvador, em Laranjeiras, zona sul do Rio, na noite de quarta-feira, dia 7. Identificados apenas como Leo e Piu, eles foram atingidos por pessoas que passaram, em um carro, atirando.

Dezenas de pessoas testemunharam o ataque. O crime causou pânico no local, reduto boêmio carioca. Um taxista foi atingido por uma bala perdida, mas sobreviveu. Os atiradores fugiram e não haviam sido identificados até a tarde de ontem.

A polícia suspeita que o crime tenha como causa uma disputa entre criminosos que integram quadrilhas rivais e controlam a venda de drogas nas favelas Cerro Corá, no Cosme Velho, e Pereira da Silva, em Laranjeiras.

Alckmin faz articulações partidárias no horário do expediente como governador

AL

Agência Estado

São Paulo e Brasília – Desde a véspera da data em que se tornou presidente nacional do PSDB, em 8 de dezembro, o governador de São Paulo Geraldo Alckmin passou a participar de eventos partidários realizados durante o horário de expediente. Os compromissos foram omitidos de sua agenda oficial e não foram divulgados pela sigla.

Segundo levantamento feito pelo jornal O Estado de S. Paulo na página oficial do governo de São Paulo, o tucano pulou seis dias de sua agenda oficial. Em cinco deles, Alckmin estava em Brasília, participando de encontros com líderes do PSDB ou outros partidos.

Na segunda-feira passada, Alckmin viajou para Belo Horizonte. Na condição extraoficial de pré-candidato a presidente da República, ele falou com representantes da mídia local, apresentou propostas a empresários e conversou com dirigentes tucanos locais. O roteiro da viagem não foi divulgado pelo governo nem pelo partido.

Em outro exemplo recente, em 1.º de março, Alckmin divulgou em sua agenda que viajaria para Brasília para participar de encontro com o presidente Michel Temer e outros governadores. A reunião de fato ocorreu às 11 horas, mas depois desse horário o tucano não retornou para São Paulo. Ele aproveitou a viagem e ficou na capital federal tratando de temas partidários.

Período alternativo

Atividades políticas em horário de expediente e a omissão de agendas não configuram uma ilegalidade, mas contrariam discurso recorrente de Alckmin: de que temas sem relação direta com o exercício do mandato de governador são tratados em horários fora do expediente, como no período noturno e aos fins de semana. O tucano costuma afirmar, por exemplo, que estuda as demandas nacionais e ouve conselheiros apenas quando deixa seu gabinete.

Procurada, a assessoria do governador informou que o portal do governo divulga apenas as agendas relativas ao exercício do cargo. “As viagens mencionadas, de caráter partidário, foram custeadas pelo PSDB. Elas não interferiram nas atividades do governador, que, como agente político, não tem jornada de trabalho preestabelecida, não tem direito a férias e realiza despachos e eventos inclusive nos fins de semana.”

Vetado em Minas, ‘Uber’ do ônibus chega a SP

Agência Estado

Uma empresa que pretende ser o “Uber” do transporte intermunicipal e interestadual começa a operar nesta sexta-feira (9) em São Paulo, com a promessa de cobrar preços até 60% mais baixos do que os convencionais.

A Buser, aplicativo criado em Belo Horizonte em 2017, fará viagens hoje da capital mineira até São Paulo, e de São Paulo para Campinas, Ribeirão Preto e BH. O serviço é questionado legalmente por sindicatos que representam empresas de transporte de passageiros – em Minas, já houve viagem barrada e, em São Paulo, uma denúncia tentou impedir que outra acontecesse.

A ideia é reunir pessoas que queiram fazer um trajeto e, após atingir número mínimo de passageiros (a depender do trecho), contratar um serviço de ônibus fretado auditado e regulamentado. Por isso, as passagens ficariam mais baratas.

“Quando me casei, precisava levar 30 parentes de BH para Arraial d’Ajuda (BA). Vi que fretar um ônibus era bem mais barato do que comprar passagem para cada um. Pensei: ‘se outro grupo conseguisse fazer o mesmo, seria bom para eles também'”, conta um dos criadores do programa, o engenheiro aeronáutico Marcelo Abritta.

Após instalar o app no celular, o passageiro pode “criar” uma viagem ou entrar em um grupo de alguma que já tenha passageiros interessados. Ao atingir o número mínimo de viajantes, o trajeto é confirmado. Se a viagem não acontecer, o usuário recebe o dinheiro de volta. “Já chamamos a atenção e conseguimos investimento de três fundos. Contratamos um advogado, que deixou claro que era tudo legal”, diz Abritta.

Cadastro

A primeira tentativa de viagem – em julho, de Belo Horizonte a Ipatinga – foi impedida. O sindicato das empresas de transporte de passageiros local obteve liminar para evitar o trajeto. No momento, por decisão da Justiça Federal, a Buser não pode fazer viagens intermunicipais em Minas, sentença da qual o app diz estar recorrendo.

Em nota, a Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados de Transporte do Estado de São Paulo informou que, apesar de não haver regulamentação específica para apps como o Buser, o serviço de fretamento para viagens intermunicipais só pode ser feito por empresas cadastradas. Se a contratada pela Buser estiver regulamentada e atender todos os requisitos da lei, a viagem será regular.

STF decide que novas eleições podem ser convocadas após cassação de mandato

Congresso em Foco

Por unanimidade, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu na quinta-feira (8) que novas eleições podem ser convocadas quando um político eleito tiver o mandato cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Após dois dias de julgamento, a Corte entendeu que a regra da reforma eleitoral de 2015, que condicionou a perda do mandato ao trânsito em julgado do processo, é inconstitucional.

Votaram pela procedência da ação da PGR os ministros Luís Roberto Barroso (relator), Alexandre de Moraes, Edson Fachin, Rosa Weber, Luiz Fux, Ricardo Lewandowski, Celso de Mello, Marco Aurélio e Cármen Lúcia.

A norma foi questionada no Supremo pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Caso a regra fosse mantida, permitiria o atraso do cumprimento da decisão que determinou a cassação do político, que poderia permanecer no cargo, até que eventual recurso contra decisão fosse julgado pelo STF, última instância da Justiça.

EUA e Coreia do Norte têm longo histórico de tensões

AFP

Estados Unidos e Coreia do Norte, que acertaram uma reunião entre seus líderes Donald Trump e Kim Jong-Un, têm um longo histórico de tensões, que remonta à Guerra da Coreia.

Península coreana dividida
Em 1945, a ocupação japonesa da Península da Coreia termina com sua derrota na Segunda Guerra Mundial. A Coreia é dividida pelo paralelo 38 entre o Norte, governado por Kim Il-Sung com o apoio soviético, e o Sul, protegido pelos Estados Unidos.

Em junho de 1950, a Coreia do Norte invade o Sul com o apoio da China e da União Soviética. Uma coalizão liderada pelos Estados Unidos retoma Seul.

Em julho de 1953 é firmado um armistício que jamais se converteu em um acordo de paz, e Washington adota sanções contra a Coreia do Norte.

Crise do “navio espião”
Em janeiro de 1968, a Coreia do Norte captura o USS Pueblo, um “navio espião” americano. Seus 83 tripulantes são libertados após 11 meses de detenção. Segundo Pyongyang, o navio violou suas águas territoriais, algo que os Estados Unidos nega.

Em 1969, a Coreia do Norte derruba um avião de reconhecimento americano.

Contatos
Em junho de 1994, o ex-presidente americano Jimmy Carter realiza uma inédita viagem à Coreia do Norte, com a autorização do então presidente, Bill Clinton.

Em outubro, três meses após a morte de Kim Il-Sung, que é sucedido por seu filho Kim Jong-Il, Pyongyang e Washington firmam um acordo bilateral no qual a Coreia do Norte se compromete a desmantelar seu programa nuclear militar em troca de ajuda para a construção de reatores civis.

Em 1998, a Coreia do Norte realiza um tiro de míssil balístico de longo alcance, mas um ano depois Kim Jong-Il decreta uma moratória de seus testes de mísseis e Washington alivia as sanções.

Em outubro de 2000, a então secretária americana de Estado, Madeleine Albright, se reúne com Kim em Pyongyang.

“Eixo do mal”
Em janeiro de 2002, o presidente americano George W. Bush situa Coreia do Norte, Iraque e Irã no que chama de “Eixo do mal”.

Em outubro do mesmo ano, Washington acusa Pyongyang de conduzir um programa secreto de urânio altamente enriquecido, violando o acordo de 1994.

Em agosto de 2004, Pyongyang declara que é “impossível” participar de novas negociações com os Estados Unidos sobre seu programa nuclear, qualificando Bush de “tirano” pior que Hitler e “imbecil político”.

Em 2006, a Coreia do Norte realiza seu primeiro teste nuclear.

Retirada da lista negra
Em outubro de 2008, Washington retira Pyongyang da lista negra de países que apoiam o terrorismo, na qual figurava desde 1988 por seu suposto envolvimento na destruição, em 1987, de um avião comercial sul-coreano (com 115 pessoas a bordo), em troca do controle de “todas as instalações nucleares” do regime comunista.

Trump x Kim
No dia 2 de janeiro de 2017, Donald Trump afirmou que a Coreia do Norte jamais poderia desenvolver um míssil nuclear capaz de atingir o território americano.

Em julho, Pyongyang testou mísseis intercontinentais e o agora líder Kim Jong-Un declarou que “todo o território americano estava a seu alcance”.

Em 8 de agosto, Trump promete “fogo e ira” contra a Coreia do Norte.

Em 29 de agosto, Pyongyang testa um míssil balístico que sobrevoa o território japonês e Trump diz que “discutir” com a Coreia do Norte “não é a solução”.

No dia 3 de setembro, os norte-coreanos realizam seu sexto teste nuclear, afirmando que explodiram uma bomba H.

Após afirmar na ONU que “destruirá totalmente” a Coreia do Norte e qualificar Kim Jong-Un de “homem foguete”, Trump enviou em 23 de setembro bombardeios às imediações da costa norte-coreana.

Pyongyang reagiu ameaçando derrubar os aviões e acusando Trump de “declarar guerra”.

Em 26 de setembro, Washington sanciona oito bancos norte-coreanos e 26 cidadãos do país acusados de financiar o desenvolvimento do programa nuclear de Pyongyang.

Convite histórico
Em fevereiro de 2018, os Jogos Olímpicos de Inverno de Pyeongchang, na Coreia do Sul, marcam uma reaproximação entre Norte e Sul e os emissários de ambos países se encontram em Pyongyang. O conselheiro de segurança da presidência sul-coreana, Chung Eui-yong, revela a disposição de Kim Jong Un para um diálogo franco” com os Estados Unidos visando discutir a eliminação das armas nucleares da Península.

No dia 8 de março, durante visita à Casa Branca, Chung anuncia que Kim convidou Trump para um encontro nos próximos meses, o que é aceito pelo líder americano.

Escolas ensinam a identificar notícias falsas

Agência Estado

“Se alguém te contasse uma mentira sobre um colega, o que você faria? Iria espalhar para outras pessoas? Daria uma bronca? Contaria o que ouviu para o amigo envolvido?” Essa é a situação apresentada a alunos de 9 anos do Colégio Dante Alighieri, na região central de São Paulo, para refletir sobre o que são fake news, suas consequências e como evitá-las. A preocupação com a qualidade da informação acessada pelas crianças levou escolas a ter atividades que discutem o assunto já nos primeiros anos de ensino.

Em projetos que trabalham o uso responsável da internet e das redes sociais, escolas passaram a incluir atividades para que as crianças desenvolvam uma nova habilidade no processo de alfabetização: além de aprenderem a ler, escrever e interpretar textos, devem avaliar a qualidade de uma informação, a veracidade de uma fonte.

“Temos tantos adultos em situação de vulnerabilidade digital, o que é assustador, e esse tema se torna urgente”, diz Valdenice Minatel, coordenadora de Tecnologia do Dante. A partir do 2.º ano do ensino fundamental, os alunos desenvolvem um projeto de cidadania digital e no 4.º ano, são incentivados a pensar sobre a segurança de informações no mundo virtual.

Segundo Valdenice, aos 9 anos, as crianças têm a internet muito presente em suas vidas. “Estimulamos que elas tragam situações para discutirmos: o pai que teve um cartão clonado em um site, um e-mail com informações falsas”, explica.

Checagem

Na Escola Móbile, em Moema, zona sul, a orientação para buscar fontes seguras e checar informações também começa no 4.º ano. “Aos 9 anos, a maioria tem celular próprio e recebe informações nas redes sociais. Já são obrigadas a fazer esse exercício de checagem”, conta a diretora Cleuza Vilas Boas.

“Queremos que o aluno amplie a capacidade de refletir sobre o exposto, antecipe consequências e tenha instrumentos para fazer boas escolhas. E a discussão sobre como checar e compartilhar informações envolve todas essas habilidades.”

No Colégio Pio XII, no Morumbi, zona sul, o trabalho começa mais cedo. Lá, as crianças são introduzidas ao assunto no 2.º ano, porque a escola acredita em uma alfabetização “que prepara o aluno para ser um indivíduo consumidor de informação”. Os professores explicam, por exemplo, que a Wikipedia pode ser editada por qualquer usuário e, por isso, não é fonte segura.

Alguns dos exercícios são comparar e mostrar o layout de portais de notícia, verificar a data de uma reportagem e apresentar visões diferentes de um fato histórico.

Boatos podem explicar procura baixa por vacina contra febre amarela

Agência Estado

Com os casos de febre amarela se multiplicando no País, Aline (nome fictício), de 46 anos, tentava decidir se tomava ou não a vacina. Foi quando recebeu, pelo WhatsApp, áudio de uma suposta médica desaconselhando a imunização. A comerciante carioca não lembra o nome da profissional nem onde ela trabalha. Também não sabe dizer quem divulgou o áudio, que chegou pelo grupo da família. Ainda assim, bastou para que decidisse: não se protegeu do vírus.

“Não me vacinei nem vou me vacinar”, diz Aline. “No áudio, a médica explica que a vacina foi feita de qualquer jeito e é muito perigosa, que daqui a dez anos as pessoas terão problemas por causa de reações. Vou tomar uma coisa dessas?”

O País enfrenta surto da doença, com letalidade que beira 50%. E lida com a epidemia de informações mentirosas, que têm afastado muita gente da vacina, a mais eficiente forma de prevenção. “Notícias falsas sobre febre amarela se alastram numa velocidade alarmante nas redes sociais”, atesta o pesquisador da Fiocruz Igor Sacramento, que estuda fake news na saúde.

Uma notícia falsa que circulou no WhatsApp relacionava a vacina a casos de autismo – o que tampouco é verdadeiro. Há outra feita supostamente com base em um estudo da Fiocruz. O texto diz que a vacina não seria capaz de imunizar e remetia ao link do artigo da instituição – que não afirma que a vacina não funciona. A Fiocruz desmentiu o boato. “Estão ficando mais sofisticadas, com cara de notícia verdadeira, edição profissional, usando estudos verdadeiros como base”, diz Sacramento.

Corrida eleitoral já reúne 11 pré-candidatos

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Agência Estado

A cinco meses para o início do registro das candidaturas, a corrida eleitoral deste ano começa a ganhar forma e já reúne pelo menos 11 postulantes ao Palácio do Planalto colocados oficialmente. Na quinta-feira (8), os nomes do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do ex-ministro Ciro Gomes (PDT) foram lançados por seus partidos.

Analistas apontam o cenário de incerteza na disputa presidencial reflexo da crise política, e o fim do financiamento empresarial como determinantes para a proliferação de candidaturas. A possibilidade de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), até agora líder nas pesquisas de intenção de voto, ficar impedido de concorrer com base na Lei da Ficha Limpa também é considerada um fator para a pulverização de candidatos.

Leia Mais: Rodrigo Maia diz que pré-candidatura não vai atrapalhar trabalhos na Câmara
Apesar de resistência do DEM, governo federal não descarta apoio a Maia
Executiva do PDT indica, por unanimidade, Ciro Gomes como pré-candidato

Algumas dessas candidaturas, porém, são vistas como tentativa de os partidos se cacifarem nas negociações de alianças eleitorais, como a do próprio Maia. No evento em que “estreou” como pré-candidato à Presidência, o deputado foi reverenciado por líderes de siglas do Centrão e até por tucanos, que já têm no governador Geraldo Alckmin (PSDB) seu pré-candidato. Eles ainda tentam atrair o DEM para a chapa presidencial.

A exemplo da candidatura do DEM, considerada de centro, no campo da esquerda a postulação da deputada estadual gaúcha Manuela D’Ávila (PCdoB) também é vista com ceticismo. Historicamente, o partido tem se colocado como linha auxiliar do PT e aliados dizem ter dúvidas se ela a manterá até o fim.

“O quadro está aberto. Partido grande não tem candidato forte, candidato mais forte está em partido fraco. O primeiro colocado nas pesquisas está impedido e o outsider saiu. O governo é bom nos resultados econômicos e pessimamente avaliado. Isso tudo dá muita insegurança para se apostar em coligações agora”, afirmou o cientista político Rubens Figueiredo.

A fragmentação vista no campo de centro, que reúne, além de Maia e Alckmin, o senador Álvaro Dias (Podemos), pode ficar ainda maior caso o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (PSD), concorra. Ele negocia filiação ao MDB, mas dirigentes da sigla têm dito que a prioridade, em caso de candidatura própria, é do presidente Michel Temer – que diz não ter a pretensão de disputar a reeleição.

“Vemos a pré-candidatura do Maia com o mesmo respeito com que vemos a do Meirelles. E inclusive alguma do MDB que possa ser lançada”, disse nesta quinta o ministro da Secretaria de Governo Carlos Marun.

Fator Lula

A possibilidade de o ex-presidente Lula ficar impedido de concorrer com base na Lei da Ficha Limpa também é considerada um fator para a pulverização. Foto: RICARDO TRIDA/DIÁRIO DO GDE ABC/ESTADÃO CONTEÚDO (Foto: RICARDO TRIDA/DIÁRIO DO GDE ABC/ESTADÃO CONTEÚDO)
A possibilidade de o ex-presidente Lula ficar impedido de concorrer com base na Lei da Ficha Limpa também é considerada um fator para a pulverização. Foto: RICARDO TRIDA/DIÁRIO DO GDE ABC/ESTADÃO CONTEÚDO

Na esquerda, a indefinição sobre Lula incentiva a fragmentação. Além do petista e de Ciro, o PSOL lança neste sábado, 10, o líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, como pré-candidato. Embora considerada mais ao centro, a ex-ministra Marina Silva (Rede) – oficializada como pré-candidata em dezembro – disputa o mesmo eleitorado.

No outro extremo, o PSL filiou na quarta-feira, 7, o deputado Jair Bolsonaro (RJ), 2.º colocado nas sondagens eleitorais. O empresário João Amoêdo foi lançado pelo Novo em novembro.

Para o cientista político Vitor Marchetti, da Universidade Federal do ABC, uma das medidas do que chama de “desestruturação” de sistema político é o número de candidaturas. Para ele, já é possível projetar 18 nomes. “Nosso recorde foi em 1989, quando 22 candidatos se lançaram. A diferença é que em 1989 a descoordenação era reflexo da inauguração do regime, já 2018 é retrato de sua desconstrução.” Vitorioso na primeira eleição após a redemocratização, o senador Fernando Collor (AL) é pré-candidato pelo PTC.

A reportagem adotou o critério de desconsiderar pré-candidaturas não citadas nos principais institutos de pesquisa, como a da ex-apresentadora Valéria Monteiro, lançada pelo PMN.

“Com a crise e a ausência de candidatos com poder de aglutinação todos os partidos resolveram se aventurar”, afirmou o cientista político Carlos Melo, do Insper. A consequência, disse, pode ser um 2.º turno entre nomes com poucos votos. Para Marchetti, “uma candidatura que consiga 20% dos votos no 1.º turno terá grande chance de sair vitoriosa”.

Conab lança terceira operação de leilões para incentivo de arroz do Sul

Uma nova etapa de leilões para escoamento de arroz da região Sul foi programada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para o próximo dia 15. São 70 mil toneladas, sendo 38 mil t de Prêmio para Escoamento de Produto (PEP) e 32 mil t de Prêmio Equalizador Pago ao Produtor (Pepro). Do Rio Grande do Sul são 30 mil t de cada programa e de Santa Catarina 8 mil e 2 mil t, respectivamente.

Das 470 mil toneladas ofertadas nas duas operações anteriores foram negociadas 256.800 toneladas. O valor do prêmio alcançou mais de R$ 18 milhões, sendo que só de PEP foram cerca de R$ 11 milhões. Os leilões seguem autorização de portaria publicada no Diário Oficial da União no dia 29 de dezembro e está previsto um valor aproximado de R$ 100 milhões para as operações. A intenção é garantir a manutenção dos preços mínimos do cereal na região Sul e cumprir a Política de Garantia de Preços Mínimos do governo federal.

No PEP, as indústrias de beneficiamento e comerciantes de cereais recebem o prêmio após comprovar a compra do produto pelo preço mínimo e o escoamento para os destinos permitidos. Já no Pepro, o prêmio é ofertado ao produtor ou sua cooperativa que efetue a venda do produto pela diferença entre o preço mínimo e o valor do Prêmio Equalizador arematado, e comprove o escoamento nas condições previstas no Aviso.