Ulysses Gadêlha, da Folha de Pernambuco
A guerra entre o grupo do senador Fernando Bezerra Coelho e do deputado Jarbas Vasconcelos teve mais uma batalha, na terça (19), durante a Convenção Nacional do PMDB. Desta vez, o parlamentar sertanejo levou a melhor. Em seu favor, e com intervenção do presidente da sigla, Romero Jucá, o partido alterou seu estatuto para promover a dissolução do diretório estadual de Pernambuco, comandado pelo vice-governador Raul Henry, aliado de Jarbas.
Uma decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), na última segunda-feira, confirmou que cabe à comissão executiva decidir sobre dissolução de diretórios. Entretanto, o embate ainda não acabou. Caberá ao Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) decidir a segunda parte do conflito, a questão de mérito, o que levará o desfecho dessa luta pelo poder no Estado para o final de janeiro de 2018.
A briga entre os dois grupos começou cedo. Pela manhã, na convenção, o senador Romero Jucá já sinalizou a Bezerra Coelho que o processo de dissolução do PMDB-PE seria concluído até o fim de janeiro. Segundo a assessoria jurídica do partido, havia um erro técnico no estatuto que trazia ambiguidades sobre a competência da comissão executiva.
“O equívoco foi corrigido ainda na segunda-feira, quando o TSE deferiu o pedido da executiva. A executiva sempre teve essa competência de dissolver diretórios, tanto é que em 2014, houve dissolução em Tocantins”, contou o advogado do partido, Renato Oliveira Ramos, em entrevista à Folha de Pernambuco.
Na convenção, segundo Romero Jucá, o erro “foi descoberto no momento que nós procedemos ao início do processo de intervenção em Pernambuco; esse processo está andando, nós iremos realizar a intervenção”. À Folha, o senador Fernando Bezerra Coelho chegou a afirmar que “a decisão política da direção nacional do PMDB foi tomada desde o momento da minha filiação”.
“Não há novidade, o ato da convenção foi a confirmação da decisão do TSE”, disse FBC, sublinhando que a “intervenção” no Estado não se resumia mais a um desejo de Jucá, mas refletia a maioria que referendou as mudanças na convenção.
“Crápula”
Ainda no gabinete, ao saber desse desfecho, o deputado Jarbas desistiu de participar do evento partidário. E deu “o troco” à tarde, na tribuna da Câmara dos Deputados, ao tecer a história do diretório estadual, Jarbas rechaçou a figura de Romero Jucá em discurso áspero, chegando a chamá-lo de “crápula”.
“Quem é Romero Jucá para ameaçar o PMDB de Pernambuco? Não é a figura medíocre, desqualificada, mesquinha e desonrada desse senador Romero Jucá que vai nos amedrontar nesse momento”, esbravejou. O deputado voltou a chamar FBC de “traidor e desleal”, dizendo confiar na justiça e cravando que espera ver Jucá sair do Congresso “algemado”.
“Despedida”
Bezerra Coelho, por sua vez, retrucou, afirmando que “o tom que Jarbas pregou parecia até de despedida”. “Essas questões estarão resolvidas até início de fevereiro, quando teremos um novo ciclo, novo comando, estou muito animado. Espero trazer novos quadros, conservar aqueles que queiram continuar, eleger bancada federal, estadual, me lançar candidato ao governo, portanto, temos todo um projeto político alinhado com a executiva nacional”, contou.