Deputados se empurram em plenário

O clima de guerra vivenciado nas ruas brasileiras invadiu o plenário da Câmara. Os deputados federais trocaram empurrões na sessão de votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff. Em número maior, a oposição desfila com cartazes pedindo o afastamento de Dilma. Em número menor, o governo reclama de golpe, ciente da derrota que está por fim.

De acordo com o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ), contrário ao impeachment de Dilma, o governo tende a perder a votação. No entanto, ele destaca que não participou de listas e bolões patrocinados por suas excelências. “O clima é contra o governo”, diz.

PP deve votar fechado pelo impeachment 

O líder do PP, deputado Aguinaldo Ribeiro (PB), ressaltou que a bancada orientou pela admissão do processo de impeachment, mas lembrou que o partido participou do governo Dilma desde o primeiro mandato, no qual exerceu a função de ministro das Cidades.

Ele disse que sua bancada discutiu o tema do impeachment de forma democrática e livre. Para ele, é preciso fazer uma reflexão profunda sobre o atual modelo na qual a democracia vigora.
“É preciso que tenhamos um compromisso para que, qualquer que seja o resultado, tenhamos um rumo comum para que o Brasil saia dessa encruzilhada. Firmeza sim, mesquinhez jamais”, disse.

Ribeiro ressaltou que Dilma Rousseff é uma pessoa honesta e honrada, mas não é ela que está sendo julgada e sim o governo. “Não podemos conviver com o impasse permanente e sem resolução. O crime de responsabilidade supostamente cometido e que tem sido discutido é apenas parte do problema e o Brasil precisa continuar em frente”, avaliou

PR apóia Governo e seu líder indica voto pelo impeachment 

O líder do PR, deputado Aelton Freitas (MG), afirmou que a bancada do partido apoia o governo da presidente Dilma Rousseff e votará contra o pedido de impeachment. “É um impeachment em desacordo com a Constituição do nosso País”, defendeu.

Freitas disse ainda que não houve dolo, ou seja, intenção, da presidente Dilma Rousseff ao autorizar decretos para abertura de crédito suplementar sem o aval do governo ou recorrer às pedaladas fiscais. São esses fatos que fundamentam a denúncia contra Dilma agora analisada pelo Plenário da Câmara.

Relator reafirma que houve crime no Governo Dilma 

O relator do pedido de impeachment, deputado Jovair Arantes (PTB-GO), reafirmou em Plenário que a presidente Dilma Rousseff atentou contra a Constituição e a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Ele disse que há respaldo constitucional para seu parecer, pela abertura do processo contra a presidente da República, e que o texto foi elaborado com isenção.

“Não se pode tudo apenas porque se foi eleito. 54 milhões de votos não autorizam o descumprimento da Constituição e a prática de atos que atentem contra as finanças públicas”, argumentou. “Democracia também é saber respeitar as instituições, submeter-se à Constituição e principalmente ser transparente no trato das finanças públicas”, complementou Jovair.

A fala do relator foi interrompida pelo apelo do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, para que parlamentares liberassem o espaço em volta da tribuna, de onde falava Jovair, e também o espaço atrás da Mesa Diretora. “Que a luta política se faça nos discursos. Que se tenha respeito aos deputados e ao País que está assistindo isso”, solicitou Cunha.

PSDB confirma 52 votos favoráveis ao impeachment 

Toda a bancada do PSDB vai votar a favor da abertura de processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff. São 52 deputados. A informação foi confirmada pelo líder do partido, deputado Antonio Imbassahy (BA).

Segundo ele, quem votar contra o impedimento será “sócio” de uma gestão mal sucedida e responsável pela crise econômica atual.
“Desde o primeiro momento, a minha bancada já tinha feito a escolha de ficar do lado do Brasil. O País não pode ser governado por uma presidente desenganada”, afirmou.

Ele comentou ainda os escândalos de corrupção da atual gestão. “Corrupção não se compara, se pune”, disse, referindo-se aos argumentos governistas de que as denúncias contra tucanos não são investigadas.
Imbassahy acrescentou que a campanha da presidente Dilma foi financiada com recursos do “petrolão” e que mentiu aos brasileiros para ganhar as eleições em 2014. “Hoje é o dia decisivo em que vamos escolher o Brasil que queremos e, pelo voto dado, seremos marcados e julgados para sempre. Cada um poderá escolher de que lado entrará para a história”, declarou.

Líder do PT diz que Governo não teve direito à defesa 

Pela liderança do PT, o deputado Afonso Florence (BA), defendeu novamente a rejeição do pedido de impeachment, o qual classificou de golpe, destacando que, quando do momento da formação da comissão especial, foi garantido que haveria isenção na condução dos trabalhos. “No entanto, após o cerceamento da defesa da presidente da República nesta sessão e os argumentos já apresentados pelo Advogado-Geral da União (AGU), José Eduardo Cardozo, ficou claro que não há crime de responsabilidade”, afirmou.

Florence criticou ainda a atuação do vice-presidente, Michel Temer, que considerou “claramente a favor do impeachment”. Ele lembrou ainda que, mesmo junto a manifestantes favoráveis ao impeachment, no dia 13 de março último, lideranças partidárias da oposição “foram expulsas pela população”.

“A Lava-Jato chegou a um ponto em que vai apontar para o PSDB, o DEM e por isso esse acerto do Temer prevê a paralisação das investigações”, disse.
Afonso Florence também citou pesquisas de opinião recentes do DataFolha que indicam rejeição classificada como grande pelo instituto de pesquisa a um futuro governo do vice-presidente Michel Temer. “As pessoas não querem um governo de Temer, um governo que não será respaldado pelas urnas”, afirmou.

Eduardo Cunha diz que tem ‘feirão’ para evitar impeachment 

O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, disse há pouco que há um “feirão” e “saldão” de oferta de cargos no governo para evitar que o Plenário aprove, neste domingo, a abertura do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Cunha deu entrevista coletiva no Salão Verde pouco antes do início da votação do impeachment.

Segundo ele, o fato que levou à votação de hoje foi “a suposta existência de crime de responsabilidade, com uma continuidade de atos que levaram a um recorde de pedidos de impeachment na história do País”. Cunha lembrou que a Câmara recebeu 50 pedidos de impedimento de Dilma: um foi aceito, 39 foram rejeitados e 10 ainda vão ser despachados. “Isso não é normal, é sinal de que há uma conjuntura desfavorável, de que efetivamente há uma contestação ao governo”, avaliou.

“Um abismo vai levando ao outro, na medida em que se vai, para tentar evitar o processo de impeachment, se chegando a este estado de feirão, de saldão”, acrescentou Cunha.
Exatamente por haver um número tão elevado de requerimentos, Cunha reafirmou que não faz sentido a tese de que ele teria aceito o pedido de impeachment por “vingança” contra o governo. “Quando são 50 pedidos, como se pode dizer que é uma vingança?” ressaltou.

Começa sessão que pode indicar impeachment de Dilma. Caruaru FM transmite ao vivo

Começou agora há pouco na Câmara dos Deputados a Sessão histórica que pode autorizar ou não, o Senado de abrir o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. 

A Rádio Caruaru FM está transmitindo ao vivo e com presença de analistas políticos e jornalistas. O comando é de Aba Rebeca Passos, com participação de Wagner Gil, Arnando Dantas e Rubens Júnior e Diego Cintra.

Do atual Congresso, 42 votaram impeachment de Collor

Dos atuais 513 deputados e 81 senadores, 42 participaram do processo de impeachment do ex-presidente Fernando Collor, em 1992: 14 deles estão atualmente no Senado e 28, na Câmara. Entre eles, só três apoiaram o ex-presidente: o hoje senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) e os deputados Nelson Marquezelli (PTB-SP) e Átila Lins (PSD-AM). O trio apoia a saída da presidente Dilma Rousseff.

Caiado e Marquezelli faziam parte da chamada tropa de choque de Collor. “O cidadão simples lá do interior sabe muito bem que há uma montagem, uma farsa que não convence ninguém. Isso nada mais é do que um golpe pela tomada ao poder, que parte de quem não teve competência para ganhar na urna e não se curvou diante da decisão maior em 1989”, discursou o parlamentar goiano, então deputado do PFL (hoje DEM), antes da votação na Câmara.

Líder do PTB na Câmara naquele momento, Marquezelli liberou a bancada para votar como quisesse, mas reiterou seu apoio ao então presidente. “Desde o início, alinhamo-nos a um programa de modernidade; alinhamo-nos a um programa para tornar este país mais competitivo, para integrá-Io à comunidade internacional. Trinta e cinco milhões de pessoas votaram neste programa de governo e elegeram Fernando Collor de Mello e Itamar Franco”, afirmou o petebista também na sessão em que foi aprovado o parecer da comissão do impeachment.

Cerca de 150 deputados investigados participam da votação do impeachment

Neste domingo, 513 deputados vão responder, na prática, à seguinte pergunta: a presidente Dilma Rousseff deve ser processada por crime de responsabilidade? A resposta será dada por parlamentares que conhecem bem a Justiça. Cerca de 150 deles, entre apoiadores e adversários da petista, são investigados no Supremo Tribunal Federal (STF), em inquéritos (procedimentos preliminares anteriores à abertura dos processos) e ações penais (os processos, de fato).

As acusações vão de crime de responsabilidade – como o atribuído a Dilma – a corrupção, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e desvio de verba pública.

Ao menos 23 deputados aptos a votar nesta tarde são suspeitos de ter recebido recursos desviados da Petrobras, como o próprio presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

Além de comandar a votação, Cunha lidera outra bancada: a dos parlamentares que já são réus no Supremo. Ele responde por corrupção e lavagem de dinheiro e a outros inquéritos também da Operação Lava Jato. A defesa do peemedebista argumenta que as acusações contra ele não se sustentam e são represália à sua atuação política. Uma nova denúncia já foi entregue pela Procuradoria-Geral da República contra Cunha, acusado desta vez de omitir contas bancárias na Suíça. Parlamentares que estão na mira do Supremo já se manifestaram no processo de impeachment.

Na última segunda, 19 deles participaram da votação na comissão especial que analisou o parecer do relator Jovair Arantes (PTB-GO) – dez votaram contra a possibilidade de abertura de processo contra Dilma, e nove foram contra.