Seguindo o compromisso de qualificar a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), o Governo de Pernambuco, por meio da Secretaria Estadual de Saúde (SES), implantou seis leitos integrais em saúde mental para adultos (masculino e feminino) no Hospital Jaboatão Prazeres, em Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife. O serviço, que passou a funcionar em plena capacidade em janeiro deste ano, recebe, principalmente, pacientes referenciados dos Centros de Atenção Psicossocial (Caps), além de demandas articuladas entre o hospital e a Raps da região.
Por leitos integrais em saúde mental, entende-se o serviço hospitalar de referência, dentro da Rede de Atenção Psicossocial, para atendimento de pacientes em sofrimento psíquico que necessitam de tratamento para outros quadros clínicos. No Jaboatão Prazeres, uma equipe multiprofissional – formada por médicos evolucionistas, enfermeiros, técnicos de enfermagem, psicólogas, terapeutas ocupacionais e assistente social – é responsável por acolher a demanda. Um dos principais objetivos é qualificar o atendimento integral da pessoa com sofrimento psíquico, diminuindo a demanda nos hospitais psiquiátricos, que são especializados em atendimentos nos momentos de crise associadas ao transtorno mental.
“O paciente psiquiátrico que apresenta outras questões clínicas é acompanhado de perto pelos médicos e demais profissionais do serviço. O usuário e seus acompanhantes também recebem as informações necessárias sobre o seu quadro clínico, principalmente para que o paciente se sinta motivado a continuar o tratamento no Caps de origem após a alta hospitalar”, explica a psicóloga Renata Neves, à frente do serviço no Jaboatão Prazeres.
A equipe multiprofissional também é responsável por articular os encaminhamentos necessários para o período pós-alta. “Quando o paciente chega no serviço, nós fazemos um primeiro atendimento psicossocial, elaborando um histórico de vida da pessoa, que será reavaliado no momento da alta. Então, fazemos um resumo do tempo de internação e sugerimos diversas ações terapêuticas. Ou seja, ao retornar para sua rotina normal, o paciente já sai com todo o encaminhamento necessário para continuação do tratamento no serviço do território de origem”, pontua Renata.
Nos três primeiros meses do ano, passaram pela enfermaria de leitos integrais do Hospital Jaboatão Prazeres cerca de 20 pacientes. Até o momento, todos os pacientes admitidos eram do sexo masculino, com idades entre 33 e 66 anos.
REDE – A Secretaria Estadual de Saúde vem atuando para colocar em funcionamento leitos integrais em saúde mental nos hospitais sob gestão estadual em Pernambuco. Já são 106 leitos integrais em saúde mental implementados em diversas unidades de saúde. Vale destacar a implementação de leitos integrais em hospitais regionais no interior do Estado, a exemplo do Hospital Regional de Palmares Sílvio Magalhães, Zona da Mata Sul, e do Hospital Regional Emília Câmara, localizado no município de Afogados da Ingazeira, no Sertão do Estado. Há, ainda, discussão para implantação dos leitos no Hospital Regional Fernando Bezerra, em Ouricuri, também no Sertão.
Pernambuco conta, atualmente, com 96 residências terapêuticas, onde moram cerca de 760 pessoas. Para se ter uma ideia, em 2014 eram 58 residências. A última residência terapêutica no Estado a ser inaugurada abriu as portas recentemente. A moradia, situada no município de Serra Talhada, recebeu oito pacientes de longa permanência do Hospital Colônia Vicente Gomes de Matos, no município de Barreiros, na Zona da Mata Sul. A unidade tem vivenciado, há quase dois anos, seu processo de desinstitucionalização, com uma programação de altas hospitalares e encaminhamentos para RTs, sendo o primeiro hospital sob gestão estadual a promover a desospitalização de pacientes de longa permanência.
Vale lembrar, ainda, que Pernambuco é o quarto Estado com maior número de beneficiários do Programa De Volta para Casa (PVC), que garante o auxílio-reabilitação psicossocial para a atenção e o acompanhamento de pessoas em sofrimento mental, egressas de internação em hospitais psiquiátricos, inclusive em hospitais de custódia e tratamento psiquiátrico, cuja duração tenha sido por um período igual ou superior a dois anos. O objetivo é promover o direito da moradia em liberdade, além de incentivar a autonomia e protagonismo dos usuários. Atualmente, o Estado conta com cerca de 400 beneficiários.
Já em relação aos CAPs (Centros de Atenção Psicossocial), são 137 unidades em todo o Estado, sendo 17 com funcionamento 24 horas e 13 com foco no acolhimento do público infanto-juvenil. Isso significa uma cobertura, em média, de 1.04 CAPs por 100 mil habitantes – o Ministério da Saúde considera “muito boa” uma cobertura acima de 0,70 por 100 mil habitantes. Os Centros são formados por equipes multiprofissionais e transdisciplinares, realizando atendimento a usuários com transtornos mentais graves e persistentes, a pessoas com sofrimento e/ou transtornos mentais em geral e àqueles em uso abusivo ou dependência de crack, álcool ou outras drogas.