O tão aguardado período do Dia das Mães

Pedro Augusto

Sem ser a exceção da regra, no primeiro quadrimestre deste ano, o comércio de Caruaru, assim como a maioria dos segmentos econômicos do país, penou bastante com os efeitos ainda remanescentes da crise financeira nacional. Como a empolgação com a vigoração do novo Governo Federal se deteriorou antes mesmo dele ganhar consistência, o desempenho de toda a economia brasileira, incluindo o varejo local, ficou muito aquém das expectativas, no período específico, dos simpatizantes ou não das medidas propostas pelo ministro da Fazenda, Paulo Guedes. Passados já quatro meses de 2019, a esperança atual dos lojistas caruaruenses encontra-se depositada nas vendas do Dia das Mães.

Mesmo com a crise que ainda impera provocando recuo no consumo, os comerciantes locais têm tratado de manter o otimismo quanto às vendas para data, haja vista que a tradição de se presentear entre os compradores permanece bastante forte. De acordo com a Câmara de Dirigentes Lojistas de Caruaru, a estimativa é de que o varejo da Capital do Agreste fature neste ano cerca de 5% a mais em relação ao Dia das Mães de 2018. Os segmentos mais demandados, segundo também a CDL, novamente deverão ser o de vestuários, calçados, eletrodomésticos, perfumaria e informática.

Em entrevista concedida esta semana ao VANGUARDA, o presidente da CDL de Caruaru, Adjar Soares, destacou que a projeção de vendas para data do varejo local encontra-se superior no que diz respeito à média nacional. “É sabido que o percentual de crescimento da economia da Capital do Agreste é superior em comparação com a média do país, haja vista que ela é uma cidade polo na região Agreste em relação a vários setores, inclusive, no comércio. Sendo assim, novamente, a expectativa é de que tenhamos um desempenho melhor no Dia das Mães ante a projeção nacional, que em 2019, está girando na casa dos 3,5%. No mercado local, estamos trabalhando com uma projeção de crescimento nas vendas de pelo menos 5%”, disse.

Especializada na comercialização de calçados, a Sapataria Muniz está apostando nas promoções para garantir uma boa lucratividade numa das datas mais importantes para o varejo. “Realmente, os primeiros quatro meses deste ano foram complicados não só para o comércio local, mas para quase todos os setores de nossa economia. Entretanto, em relação ao comércio de Caruaru, a expectativa é de que tenhamos resultados mais animadores, a partir já deste fim de semana, com o vivenciar do Dia das Mães. Nossa rede encontra-se oferecendo desconto de 10% nas compras à vista no dinheiro ou em uma vez no cartão de crédito, bem como diversos produtos da linha feminina estão sendo vendidos com preços bastante acessíveis. Desta forma, esperamos comercializar entre 8% a 10% a mais ante o mesmo período do ano passado”, projetou o gerente Demilton Holanda.

Na loja de vestuários, Beijamim Empório, a expectativa é de neste Dia das Mães ao menos faturar semelhante em comparação com o mesmo período do ano passado. Foi o que destacou a gerente Gisele Alves. “O movimento no comércio foi abaixo das nossas expectativas nestes últimos quatro meses, mas, agora, é esperar por dias melhores, haja vista que o Dia das Mães está aí e deveremos vender bastante neste início de mês. Isso porque, mesmo com a crise, as pessoas fazem questão de manter a tradição de presentear as suas mães, esposas e avós. Aqui, oferecemos artigos da linha feminina que vão dos R$ 15 aos R$ 150, ou seja, agradando a todos os bolsos”, afirmou.

Para a Casa Cabral e demais lojas da Rua 15 de Novembro, no Centro, o Dia das Mães funciona na prática como o pontapé inicial para alta temporada do São João. “É aquele ‘start’ sempre muito bem-vindo para as vendas redobradas durante os festejos juninos. Estamos percebendo um acréscimo importante no tocante ao fluxo de consumidores por conta do Dia das Mães e é esperar por movimento ainda maior no São João. Neste período agora estamos comercializando muitos produto mesa e banho, perfumaria e utensílios para casa. A tendência é de movimento redobrado neste fim de semana”, comentou o gerente Adriano de Lima.
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Data deve movimentar R$ 24 bilhões no país

Considerada pelos varejistas como a principal data comemorativa do primeiro semestre e a segunda melhor do ano em termos de faturamento, perdendo apenas para o Natal, o Dia das Mães deve aquecer bastante as vendas do varejo, em todo o país. Levantamento feito em todas as capitais pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) revelou que 78% dos consumidores devem realizar pelo menos uma compra no período – o dado fica bastante próximo dos 74% observados em 2018. Em números absolutos, a expectativa é de que aproximadamente 122,1 milhões de brasileiros presenteiem alguém este ano, o que deve movimentar uma cifra próxima de R$ 24,3 bilhões nos segmentos do comércio e serviços.

Ainda que a economia esteja longe de engatar uma recuperação mais consistente e o desemprego siga elevado, a pesquisa deste ano detectou um aumento de sete pontos percentuais na parcela de consumidores que pretendem desembolsar uma quantia maior na data: em 2018, apenas 19% dos consumidores acreditavam que iriam gastar mais com os presentes e agora, em 2019, o dado passou para 26% dos entrevistados. Outros 41% devem gastar a mesma quantia que em 2018, ao passo que 24% planejam gastar menos.

Dentre os que vão gastar mais, a maior parte (56%) alega que comprará um presente melhor para a mãe. Já 22% justificam com o aumento dos preços dos produtos e 18% vão comprar mais presentes, o que acabam resultando em um gasto maior. Por outro lado, considerando os que vão colocar o pé no freio na hora dos gastos, 32% culpam o orçamento apertado no atual momento, 24% têm como objetivo economizar e 13% atribuem o gasto menor à economia instável do país. Há ainda 11% que afirmam estarem desempregados.

“A despeito de todas as dificuldades econômicas que o país atravessa, o brasileiro deverá ampliar os gastos no Dia das Mães, ainda que de forma tímida na comparação com o ano passado. As intenções de compra da data servirão de termômetro para o desempenho do comércio pelos próximos meses, principalmente em um momento que o poder de compra das famílias continua sendo afetado pelo desemprego elevado e a renda achatada”, afirmou o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Junior.
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Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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