Por DANIEL FINIZOLA
Lá no interior, onde a paisagem agreste toma o horizonte, é comum surgirem aqueles garotos que gostam de um tipo de música que a grande maioria das pessoas faz cara feia ao ouvir. Na adolescência deixam o cabelo crescer, seu guarda-roupa é tomado um ar dark, cheio de camisas negras com os nomes das bandas que tomam o seu headfone. Adquirindo a idade, sua pele já passa a ser marcada com as tintas que transparecem muito mais que uma imagem, mas o seu estilo de vida.
Aos poucos, “esse malucos” – assim chamados pelos ditos “normais” – vão se encontrado na cidade, trocando informações e discos. Quando o talento musical aflora, não tarda a aparecer aquela banda de vocal rouco, gutural (expressão que vem do latim “guttur” e significa garganta). A voz agressiva, comum nas bandas thrash metal, geralmente provoca aquele questionamento: isso é arte?
Lógico que sim! É uma expressão, fruto de uma subjetividade individual ou coletiva, que usualmente rema contra todo o preconceito e conceito que se construiu do que é arte. É importante entender que a arte não tem a obrigação de ser bela. No geral, o belo de hoje é uma construção discursiva fruto da arte clássica que criou padrões e modelos de beleza reproduzidos até hoje pelo mundo contemporâneo. Se mostrássemos o quadro “Guernica”, de Picasso, ao cidadão no meio da rua e pedíssemos sua opinião sobre a beleza dele, é provável que muitos dissessem “que coisa feia!”, já que ele não segue as linhas confortáveis do clássico. Mas aquela “feiura” tem muito a nos dizer.
Tendo por objetivo quebrar o gelo sobre o que é belo e feio no mundo das artes, venho falar neste espaço sobre uma das maiores bandas de thrash dessa cidade, a Psych Acid. O grupo foi fundado em junho de 1990 pelo baterista Nato Vila Nova e pelo guitarrista Wladimir Morais. Já passaram por esse projeto várias figuras carimbadas do rock caruaruense. Entre elas, podemos citar Mago Gildo, Edu Slap, Marcos Dedinho, Mário, Rutênio e Nadnelson. Hoje a banda segue com Nato nos vocais e bateria, Bruno Amorim e Anderson Diniz nas guitarras e Fábio Santos no baixo.
A banda acabou de gravar o EP “Disturbance Without”, produzido pelo guitarrista Henrique Aragão, que vem se destacando e inovado nos sons da cena musical caruaruense. Com letras que questionam as guerras e a ganância do homem, a banda volta, depois de uma longa pausa nas atividades (1997 a 2009), com força total na cena local, já tendo tocado em várias cidades da região.
Com um trabalho independente, o grupo não tardou a entender a importância da internet para divulgação do trabalho. Segundo Nato, as redes sociais facilitaram o contato com fãs, outras bandas e produtores, fazendo o trabalho circular por todo o Brasil e exterior com mais facilidade.
Confira o som da Psych Acid no link a seguir: https://soundcloud.com/laemcasa/faixa-02.
Até semana que vem!
@DanielFinizola, formado em ciências sociais pela Fafica, é músico, compositor e educador. Escreve todas as quartas-feiras para o blog. Site: www.danielfinizola.com.br