As relações entre Brasil e Estados Unidos, abaladas depois do escândalo da espionagem promovido pelos americanos contra governos em todo o mundo, podem começar a voltar à normalidade nos próximos meses. Paralelamente ao diálogo reaberto por Dilma Rousseff com Barack Obama, os parlamentares brasileiros também vão se somar aos esforços para dar novo impulso à reaproximação entre os dois países.
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Agora é oficial: Dilma é reeleita presidente da República
Do Blog da Folha
Às 20h27, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) divulgou que a presidente Dilma Rousseff (PT) foi reeleita para mais quatro anos à frente do comando do País. Ele atingiu 51,45%, contra 48,55% do tucano Aécio Neves. Como restavam apenas 2.677.545 votos, matematicamente não haveria mais possibilidade de uma reviravolta.
Militantes que se concentram em um hotel em Brasília começaram a se abraçar e a gritar: “Tucano, aceita, é Dilma reeleita”.
O clima de euforia e apreensão marcou a reta final da apuração dos votos. Militantes convidados para o pronunciamento da presidente Dilma Rousseff comemoraram a cada aumento da margem de diferença de votos em relação ao tucano Aécio Neves.
A vantagem apertada gerou apreensão entre os petistas, que chegavam ao hotel em um clima de euforia. O ministro dos Esportes, Aldo Rebelo, disse ao chegar que esperava uma vantagem maior de Dilma. “Torci para que fosse uma diferença maior. Não foi possível, então é com essa (diferença) mesmo que vamos”, disse. Ao ser questionado sobre como seria um segundo governo Dilma diante de uma divisão acirrada do País entre petistas e tucanos, o ministro afirmou que o desafio será unir o País. “Se fosse quatro ou cinco pontos de diferença (para Dilma), a necessidade de unir não seria diferente.”
Questionado se essa pequena margem não traria dificuldades também na relação com o Congresso, Aldo respondeu: “A dificuldade no Congresso é a mesma, que não é pequena e nunca foi.”
O ministro também minimizou a tensão na reta final das eleições, que foi marcada por acusações entre Dilma e Aécio. “Não teve clima de guerra nenhum. O que teve foi uma disputa dura.”
A presidente ainda está no Palácio do Alvorada, onde se reúne com membros da campanha e dirigentes do PT. Alguns ministros já estão no Hotel Royal Tulip aguardando a chegada da petista.
“Pernambuco virou um marco para todo o País”, diz Humberto
Coordenador da campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT) em Pernambuco, o senador Humberto Costa, disse hoje que o Estado deu exemplo de “democracia e mobilização para todo o País”, ontem, nos atos que contaram com a presença do ex-presidente Lula e da presidente Dilma. Ao todo, mais de 120 mil pessoas, segundo a organização, participaram de eventos em Petrolina, no Sertão, em Goiana, na Zona da Mata e no Recife.
Segundo o petista, os eventos foram um marco para campanha nesta reta final. “Até a gente mesmo, que está acostumado com manifestações políticas, se encantou com as atividades que levaram milhares de pessoas às ruas do Sertão ao Cais”, afirmou.
Humberto disse ainda é que a expectativa é de crescimento da campanha nestes últimos dias. “O que a gente tem visto é que a campanha de Dilma tem crescido em Pernambuco e em todo o Brasil. As pessoas estão engajadas e trabalhando no convencimento voto a voto porque sabemos que o que está em jogo é tudo o que conquistamos nos últimos 12 anos”, afirmou o petista.
Novo exame de suspeito de ter ebola dá negativo, diz ministro da Saúde
Do G1
O ministro da Saúde, Arthur Chioro, informou na tarde desta segunda-feira (13) que o segundo exame feito pelo africano internado no Rio de Janeiro com suspeita de ebola deu resultado negativo. O homem foi o primeiro caso suspeito da doença no Brasil. “Nós recebemos há pouco o lado do Instituto Evandro Chagas, em Belém do Pará, confirmando o resultado negativo da segunda amostra. Consideramos o caso suspeito como caso descartado”, disse Chioro.
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em Manguinhos, no Rio de Janeiro, informou que Souleymane Bah só deve receber alta nesta terça-feira (14).
Bah saiu da Guiné no dia 18 de setembro e chegou ao Brasil no dia 19, depois de uma escala em Marrocos. Ele seguiu de ônibus para a Argentina e, ao entrar novamente no país, pediu refúgio no posto da Polícia Federal da cidade de Dionísio Cerqueira, em Santa Catarina. No dia 24, foi para Cascavel, no Paraná, onde se hospedou em um albergue com dois africanos.
Na quinta-feira (9), procurou uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) depois de apresentar febre. Ele relatou que o sintoma começou na quarta-feira (8). Na sexta (10), foi levado ao Rio de Janeiro em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) e encaminhado ao Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, ligado à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), referência em doenças infecciosas.
Seguindo o protocolo da Organização Mundial de Saúde, o africano fez dois testes. O resultado do primeiro saiu no sábado pela manhã e apontou que ele não tinha a doença, mas o ministério decidiu não desmobilizar os esforços até a análise da segunda amostra para seguir as orientações de prevenção.
Chioro afirmou que as medidas de prevenção contra o avanço da doença no país seguem sendo adotadas, incluindo simulações em portos e aeroportos. Ele também declarou que o ministério está comunicando a Organização Mundial da Saúde e as secretarias de Cascavel, no Paraná, e Rio de Janeiro sobre o resultado.
Além disso, a pasta suspendeu o monitoramento das 64 pessoas que tiveram contato com Bah. “Eu me sinto aqui na obrigação de comunicar a todos que esse segundo resultado é negativo, felizmente é negativo. Portanto, damos como suspenso o monitoramento dos outros pacientes.”
O secretário de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa, informou que o paciente vai passar por novos exames para identificar que doença ele teve. Segundo o gestor, os testes não foram feitos antes para minimizar riscos de contágio já que havia suspeita de ebola.
Parentes são maioria entre eleitos
Do Congresso Em Foco
Ter sobrenome famoso ou defender propostas da chamada “linha dura”, como a redução da maioridade e tolerância zero com a criminalidade, rende votos. Aliás, muitíssimos votos. É o que aponta a relação dos parlamentares mais votados nos 26 estados e no Distrito Federal.
Dos 27 campeões estaduais de votos para a Câmara, 17 têm parentes na política e cinco vêm da polícia ou da vida militar, como Jair Bolsonaro (PP-RJ), também pai de políticos. Além de Bolsonaro, outros seis dos mais votados são deputados reeleitos; outros três são ex-parlamentares que retornam à Casa.
CAMPEÕES DE VOTO
De todos os campeões de voto, apenas Christiane Yared (PTN-PR) – a mais votada no Paraná, com 200.144 votos – aterrissará na Casa sem nenhuma experiência política anterior, seja em cargos públicos, seja pelo convívio familiar. Pastora evangélica, Christiane comanda uma ONG que propaga campanhas de paz no trânsito desde 2009, quando seu filho e um amigo foram mortos em acidente automobilístico provocado pelo então deputado estadual Carli Filho.
O deputado mais votado do país, proporcionalmente, será um estreante na Câmara que conhece desde criança os caminhos do poder na capital federal. Hoje deputado estadual, Arthur Bisneto (PSDB-AM), de 35 anos, é filho do ex-senador e atual prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto (PSDB-AM), e neto do ex-senador Arthur Virgílio. Natural de Brasília, onde o pai passou boa parte da vida, o tucano recebeu 15,13% dos votos dados pelo eleitor amazonense a todos os candidatos a deputado federal do estado.
Além dele, candidatos com parentes na política também foram os mais votados em outros 16 estados: Alagoas, Amapá, Bahia, Espírito Santo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rondônia, Santa Catarina, Sergipe e Tocantins. Entre os campeões de votos, estão, por exemplo, três ex-primeiras-damas – Rejane Dias (PT-PI), Dulce Miranda (PMDB-TO) e Shéridan Anchieta (PSDB-RR) – e quatro filhos de políticos – além de Arthur Bisneto, João Henrique Caldas (SD-AL), Walter Alves (PMDB-RN) e Pedro Cunha Lima (PSDB-PB).
Evangélica como Christiane Yared, Rejane Dias é deputada estadual e esposa do senador Wellington Dias (PT-PI), que disputa o segundo turno para voltar a ser governador do Piauí. Com 134.157, foi a mais votada do estado.
Ex-secretária estadual, Shéridan desembarca na Câmara com 35.555 votos – a segunda maior votação proporcional do país, com 14,95% dos votos válidos. Aos 30 anos, a mulher do ex-governador José de Anchieta Júnior (PSDB) assumirá o seu primeiro mandato eletivo. No domingo, a alegria em família só não foi completa porque Anchieta perdeu a disputa para o Senado. Mais feliz ficou Dulce Miranda, mulher do ex-governador Marcelo Miranda (PMDB-TO), que voltará ao cargo em janeiro de 2015. Ela foi a mais votada no Tocantins.
EM FAMÍLIA
Campeão de votos no Rio Grande do Norte, Walter Alves será o responsável por manter o sobrenome da família na Câmara, já que seu primo em segundo grau, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), atual presidente da Casa, deixará de ser deputado pela primeira vez desde 1971. Henrique disputa o segundo turno para o governo estadual. Walter é filho do senador licenciado Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), ministro da Previdência, e neto do também senador licenciado Garibaldi Alves (PMDB). Também é primo do prefeito de Natal, Carlos Eduardo (PDT).
O mais votado na Paraíba é o filho do ex-governador e atual senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), que também concorre ao governo estadual. Advogado de 26 anos, Pedro Cunha Lima recebeu 179.886 votos (9,29%). Votação expressiva também recebeu o filho do deputado alagoano João Caldas (SD), João Henrique Caldas, o campeão de votos em Alagoas.
LINHA DURA
Quem também começa a formar uma bancada familiar é Jair Bolsonaro. Reeleito com 464 mil votos, o deputado fluminense terá a companhia de um de seus filhos na Câmara, Eduardo Bolsonaro, de 33 anos, eleito pelo PSC de São Paulo. No domingo, Jair também comemorou a reeleição de outro filho, o deputado estadual Flávio Bolsonaro (PP-RJ).
Conhecido pelas posições polêmicas que manifesta, como a defesa da ditadura militar e da pena de morte, Bolsonaro também ganhará companheiros da chamada “linha dura”. Esse é o perfil dos mais votados em Goiás, no Distrito Federal, no Pará e no Ceará.
O ex-deputado Alberto Fraga (DEM-DF), um dos líderes da chamada bancada da bala, contrária ao Estatuto do Desarmamento, está de volta à Câmara, embalado pelos 155 mil votos recebidos no último dia 5.
CALIBRE E ALGEMA
Suplente que chegou a exercer o mandato nesta legislatura, Delegado Waldir (PSDB-GO) dividiu de maneira curiosa o seu número de candidato nesta eleição: 45 do calibre e 00 da algema. O Delegado Eder Mauro (PSD-PA) também surpreendeu ao liderar a votação entre todos os candidatos a deputado federal de seu estado.
“Serei a voz da direita do povo de Belém em Brasília para apresentar projetos que possam dar um basta nesses vagabundos”, escreveu em rede social na semana passada, dias antes de receber 265.983 votos.
Outro policial que também saiu consagrado das urnas foi o ex-delegado da Polícia Federal Moroni Torgan (DEM-CE), que retorna à Câmara após quatro anos. Campeão de votos no Ceará, Torgan é seguidor da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, também conhecida como Igreja Mórmon.
Bancos fechados a partir de hoje por tempo indeterminado
Bancários de bancos públicos e privados decidiram em assembleias realizadas nesta segunda-feira (29) entrar em greve a partir de hoje por tempo indeterminado, segundo informou em nota a Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro).
Até as 22h desta segunda, 20 estados confirmaram adesão à greve, além do Distrito Federal: Acre, Amapá, Alagoas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Maranhão, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rondônia, Santa Catarina, São Paulo e Sergipe.
Os trabalhadores que decidiram pela greve pedem reajuste salarial de 12,5%, além de piso salarial de R$ 2.979,25, PLR de três salários mais parcela adicional de R$ 6.247 e 14º salário. A categoria também pede aumento nos valores de benefícios como vale refeição, auxílio creche, gratificação de caixa, entre outros.
Opinião: Brasil será potência mundial
Por LUIZ FLÁVIO GOMES
No decurso da Copa do Mundo recebi e conversei muito com alguns amigos estrangeiros. Eles estavam encantados com nosso país, com a hospitalidade, com a culinária, suas belezas naturais, suas cidades pujantes, estádios bonitos etc. Um deles, visivelmente o mais entusiasmado, dizia que o Brasil se converteria, em breve, em uma grande potência mundial, “na ciência e na tecnologia, na educação e na cidadania, no agronegócio e na indústria, na produtividade e na competividade etc.”
Fiquei me perguntando qual seria o milagre que iria transformar nosso país em um paraíso. É certo que não podemos negar as qualidades extraordinárias do Brasil, mas ao mesmo tempo sabemos que estamos mergulhados num caos profundo, sobretudo porque sempre fomos governados por pessoas que sempre pensaram mais nelas que nos interesses gerais.
Ponderei aos meus amigos que somos dois brasis (um com a proa voltada para a civilização e outro muito atrasado – Brasildinávia e Brasilquistão). Somos cordiais (agreguei), mas matamos 57 mil pessoas por ano; somos hospitaleiros, mas campeões do mundo em violência contra os professores; matamos 12 mulheres a cada 24 horas, 130 pessoas diariamente em acidentes de trânsito etc.
Ao meu interlocutor ainda sublinhei o seguinte: como pode o Brasil vir a ser uma potência mundial respeitada, se ele conta ainda com tanta violência (e a violência é sinal de atraso e de barbárie, não de evolução). Dei-lhe alguns números: em 1980, o Brasil era o quarto país mais violento do mundo, dentre 23 (só temos dados disponíveis de 23 países nesse ano). Em 1995, dentre 80 países, passamos para a sexta posição. Já em 2000, passamos a ser o sétimo mais violento do mundo, num total de 98 países: pouco avanço, devido ao aumento contínuo na taxa de mortes.
Em 2010, de acordo com levantamento realizado pelo Instituto Avante Brasil, o Brasil passou a ser o 20º país mais violento, dentre 187 países. Em 2012, nesse grupo, chegou ao 12º lugar. Em 2010, o Brasil foi responsável por 52.260 homicídios, ou uma taxa de 27,3 mortes para cada 100 mil habitantes; em 2012, apresentou um crescimento de 7,8% em números absolutos, registrando 56.337 mortes e uma taxa de 29 para cada grupo de 100 mil habitantes.
Com esses números, perguntei, como pode o Brasil se tornar uma potência mundial? Ele me respondeu:
“Há muita coisa para se fazer, porém, uma delas será absolutamente imprescindível, porque é a primeira de todas: reconhecer que a cultura do Ocidente está em franca decadência. Essa é a raiz de praticamente todos os problemas dos países ocidentais, que estão ameaçando concretamente o futuro das gerações vindouras; as pessoas estão perdidas e as instituições se encontram falidas. Tudo isso nos impede de viver uma vida plena e satisfatória. Algumas das nossas sociedades estão invertebradas. Outras são, desde a origem, invertebradas, sobretudo do ponto de vista moral e ético”.
Lamentavelmente, eu disse, o Brasil se encaixa no segundo grupo: somos um país invertebrado moralmente, desde o descobrimento (em 1500). Essa é a nossa peste invisível, que aqui se espalhou com a postura individualista e extrativista dos conquistadores, que transmitiram esse vírus maligno de geração em geração, corroendo de forma profunda a espinha dorsal que rege as relações humanas e sociais, afetadas até à raiz pela nossa forma de pensar, nossas opiniões, nossos juízos e nossos atos, pouco comprometidos com a vida saudável em sociedade.
Meu interlocutor concluiu: “O bloqueio ético que invadiu a cultura ocidental nos impede de pensar coletivamente. Cada um busca a satisfação exclusiva dos seus interesses, a realização dos seus desejos (cada um por si e ninguém pelo todo). Essa é uma cultura nitidamente alienante e decrépita, que altera nossa capacidade de raciocinar, assim como nossos sentidos e chega mesmo a destruir nossa própria identidade e nossas ideias, projetando-nos para um niilismo absoluto, onde reina a ausência de regras (anomia) e de autoridade, assim como de crenças coletivas e tradições”.
Antes que ele encerrasse seu discurso indaguei: “Vivemos ao sabor dos ventos, sendo indiferente para nós se eles sopram para a esquerda ou para a direita, para frente ou para trás, para o progresso/civilização ou para a barbárie?”.
Ele prosseguiu: “Nada mais atinge nossa sensibilidade, ainda que se trate de um ato extremamente cruel e desumano. Somos indiferentes à dor alheia, ao sofrimento dos demais. As sociedades invertebradas estão fulcradas na crença e no pensamento de que só se considera como realização pessoal a que se alcança mediante a satisfação dos desejos mais primários, das pulsões mais primitivas, que passaram a constituir o padrão de referência para valorar as consequências dos nossos atos.
O bem absoluto é a satisfação dos nossos interesses, pouco importando o que eles significam para o progresso ou retrocesso da comunidade, da ética e da moral. O bem supremo da vida é a realização do nosso desejo, dos nossos interesses, ainda que alcançados por meios aéticos e imorais, ainda que conquistados por formas tortas e deploráveis, com violação das frouxas e fluidas regras procedimentais. Trocamos a razão objetiva pela razão subjetiva, ou seja, pelo que manda a vontade de cada um, sem considerar que os humanos não vivemos isolados dos outros humanos”.
LUIZ FLÁVIO GOMES, jurista e diretor-presidente do Instituto Avante Brasil.
Rejeição dos candidatos a presidente sobe em Pernambuco a poucos dias da eleição
Do Blog do Jamildo
A dez dias da votação, a rejeição dos candidatos a presidente Dilma Rousseff (PT), Marina Silva (PSB) e Aécio Neves (PSDB) cresceu em Pernambuco. O dado, divulgado nesta quinta-feira (25), é da pesquisa realizada pelo Instituto Maurício de Nassau (IPMN), encomendada pelo Portal Leia Já e publicada em parceria com o Jornal do Commercio.
Vinte e quatro porcento dos eleitores responderam que têm medo que a atual presidente seja reeleita, dois pontos a mais que o cenário do levantamento divulgado no último dia 11. Paradoxalmente, as intenções de voto na petista aumentaram de 37% para 43%.
A rejeição à candidata socialista aumentou mais que à petista – passou de 13% para 17%. Para Aécio é ainda pior, já que 10% dos eleitores temiam a sua eleição duas semanas atrás e agora são 18%.
Ao mesmo tempo, Dilma é considerada por 43% dos eleitores pernambucanos como a mais preparada para a gestão do Palácio do Planalto. Marina está em segundo, com 39%, e Aécio aparece apenas com 5%.
A socialista e a petista estão próximas em relação ao número de eleitores que as admiram e confiam nelas. Quarenta porcento admiram Dilma e 37% veem Marina da mesma forma. A presidente tem 41 pontos entre os que confiam nela e a socialista, 38%.
CONHECIMENTO – Entre os melhor colocados na pesquisa, Aécio foi o que teve maior variação do conhecimento em relação ao eleitorado. Antes totalmente desconhecido por 23% dos entrevistados, agora é por 19%. Os que declararam conhecer muito bem as suas propostas são 21%, três pontos a mais que na pesquisa anterior.
DADOS DA PESQUISA – As entrevistas foram realizadas entre os dias 22 e 23 de setembro, essas segunda (22) e terça-feira (23). Ao todo, 2.480 pessoas foram entrevistadas. O nível de confiança é de 95%. Na Justiça Eleitoral, a pesquisa foi registrada sob o número PE-00028/2014, no dia 18 deste mês.
Pernambuco tem a menor taxa de abandono escolar do Brasil
Pernambuco tem hoje a rede estadual de ensino mais atrativa do Brasil. É o que confirmam os dados do Instituto Nacional de Educação e Pesquisa Anísio Teixeira (Inep). A instituição aponta Pernambuco como sendo o Estado da federação com o menor índice de abandono escolar em 2013 para as escolas estaduais do ensino médio: 5,20%.
“Em 2007, quando Eduardo Campos assumiu o Governo do Estado, Pernambuco tinha a segunda pior colocação nesse mesmo ranking, com 24% de taxa de abandono escolar. Hoje, sete anos depois, o Estado alcança a melhor posição. Isso representa mais um dado significativo para a nossa educação, que é um compromisso fundamental de nossa gestão desde 2007. Esse avanço é mais um reflexo dessa luta incansável, mas que nos deixa muito felizes e animados com o que virá pela frente”, comemorou o governador João Lyra Neto.
O governador ressaltou a série de boas notícias na área da educação no mês de setembro. “No último dia 5, o Inep já havia divulgado o Índice de Desenvolvimento de Educação Básica (Ideb), revelando que Pernambuco bateu todas as metas do Ministério da Educação (MEC) nos três níveis de ensino. No Ensino Médio, o Estado se destacou com o maior crescimento percentual dentre todos os estados, saltando da 16ª posição para a 4ª colocação no ranking nacional do Ensino Médio, antecipando inclusive a meta proposta para 2015. Portanto, hoje foi mais uma vitória”, afirmou o chefe do Executivo estadual.
O Modelo de Gestão do Governo do Estado de Pernambuco se consolida definitivamente no âmbito da Secretaria de Educação a partir das contribuições do Pacto pela Educação, política lançada em 2011, voltada para a qualidade da educação, com foco na melhoria do ensino, das aprendizagens dos estudantes e dos ambientes pedagógicos.
Segundo o secretário de Educação e Esportes, Ricardo Dantas, programas como o Ganhe o Mundo, P3D, Robótica, Professor Autor e Tablets/PC usados como ferramentas pedagógicas tornaram a sala de aula mais atrativa, além de investimentos na infraestrutura física das escolas que também colaboraram decisivamente para esse excelente resultado. “A partir do Pacto pela Educação, o compromisso e dedicação dos professores do Estado de Pernambuco puderam ser melhor direcionados ao atendimento das necessidades dos nossos estudantes”, disse o secretário.
Isso demonstra que, com um ambiente propício à convivência, aprendizagem e cidadania, a taxa de abandono torna-se cada vez menor, motivando os estudantes a continuar na escola e concluir o ano letivo. Vale ressaltar, também, que Pernambuco é o Estado que oferece a maior média de hora-aula para os estudantes do Ensino Médio do País.
Artigo: Administração escolar no Brasil
Por Alexei Esteves
O estudo da história da educação brasileira revela que o tema da democratização, associado ao da universalização do ensino, salvo em alguns momentos de enfraquecimento, vem traduzindo-se em uma preocupação constante nos debates educacionais. A discussão sobre a qualidade, por sua vez, apesar de estar presente, de alguma forma, desde o “otimismo”, manifestou-se de forma mais explícita em movimentos específicos (Escola Nova e Tecnicismo), até atingir seu ápice nos anos 1990.
Nessa década, dentro de uma ótica progressista, a qualidade será mais um elemento pelo qual se deve lutar, portanto como uma extensão de direitos, em que se defende uma escola pública, gratuita e democrática. Porém, sob a inspiração de uma pedagogia de caráter neotecnicista, decorrente das idéias neoliberais que iriam desaguar com maior ímpeto, nesse ínterim, a problematização acerca da qualidade, assumida pelo discurso de cunho neoliberal, irá embotar a preocupação com a democratização da educação e da sociedade.
O problema da qualidade será aí compreendido dentro da lógica produtiva empresarial. Segundo esse prisma, não há falta de vagas e nem de recursos, mas uma ineficiência da administração escolar pública.
Ambas as posições, porém, irão reconhecer a importância da gestão educacional, e mais especificamente, da gestão escolar, como uma das formas de concretizar essa qualidade. Os setores progressistas, entendendo a qualidade dentro de uma concepção mais ampla, lutarão por formas mais justas de organização escolar. Os setores conservadores, contudo, irão proclamar por novas formas de gestão com o objetivo de promover a eficiência no campo educacional.
Assim, se no movimento escolanovista a qualidade esteve relacionada aos meios de aprendizagem, e no tecnicismo às técnicas implementadas no processo de ensino, na década de 1990, essa dimensão estará associada, entre outros aspectos, à gestão escolar, ou melhor, à gestão democrática escolar. Há que se alertar que a importância conferida à administração não pode ser considerada como um fenômeno circunstancial ou uma simples corrente acadêmica. Na verdade, a atenção concedida a ela, atualmente, deve ser compreendida como uma questão dotada de historicidade, pois, como se viu, tem sido objeto de investigação sistemática desde a década de 1960.
A idéia é que a ênfase na gestão democrática da unidade escolar é influenciada pela dinâmica dos movimentos que a antecederam – analisados aqui sob as categorias democratização e qualidade escolar. Contudo, é preciso elucidar que a importância que irá adquirir a temática gestão democrática no meio acadêmico e no campo das políticas públicas educacionais fará com que esta problemática seja mais do que um desdobramento das categorias acima referidas e se consubstancie em um outro movimento de suma importância nos debates educacionais.
Esse movimento está relacionado com uma dinâmica de focalização da escola, que se apresenta nitidamente, no Brasil, a partir da década de 1980. A valorização da organização escolar implicará o reconhecimento das unidades de ensino como locais dotados de uma margem de autonomia pedagógica e administrativa. Sob a orientação dessa valorização, a gestão escolar passará a ser objeto de atenção dos sujeitos envolvidos, direta ou indiretamente, com a educação.