Por MENELAU JÚNIOR
Por que “táxi” tem acento gráfico e “taxista” e “mototaxista” não? Por que acentuamos “café”, mas não o fazemos em “cafezinho”? A resposta tem a ver com o que chamamos de sílaba subtônica.
Nas aulas de acentuação gráfica, aprendemos que os acentos são usados em algumas palavras – sempre na sílaba tônica, aquela que é mais forte. O que muitas vezes não sabemos é que as palavras derivadas possuem uma sílaba subtônica – que é, na verdade, a tônica da palavra primitiva. Por exemplo: em “pastel”, temos a sílaba tônica “tel”; em “pastelzinho”, “tel” é a sílaba subtônica – uma vez que a tônica passa a ser “zi”.
Com “táxi” ocorre o mesmo. A palavra é acentuada por ser uma paroxítona terminada em “i”. Mas quando escrevemos “taxista”, a sílaba tônica passa a ser “xis” – enquanto “ta”, que antes era acentuada, passa a ser a sílaba subtônica. O mesmo ocorre com “mototaxista”, que tem duas sílabas subtônicas, “mo” e “ta”, mas apenas uma tônica: “xis”.
Com “café” e “cafezinho”, o processo é o mesmo. Em “café”, acentuamos a última sílaba porque a palavra é uma oxítona terminada em “e”, a exemplo de “José”, “jacaré”, “ipê”, “Josué” e tantas outras. Mas, ao escrevermos as derivadas “cafezinho” e “cafezal”, a sílaba “fe” passa a ser a subtônica e, portanto, não deve ser acentuada. Em “cafezinho”, a sílaba tônica é “zi”, e em cafezal é “zal”.
Conhecer as regras de acentuação é importante, uma vez que nossa língua possui várias palavras acentuadas. Os acentos, na verdade, marcam apenas aquelas palavras que possuem pronúncia diferente da maioria. Por que acentuamos uma “oxítona terminada em ‘e’”? Porque quase todas as palavras que terminam em “e” são paroxítonas: “parte”, “fase”, “elefante”, “presidente”, “gerente” e milhares de outras. As oxítonas, portanto, são minoria – por isso passam a ser acentuadas. O mesmo ocorre com as palavras terminadas em “i” – mas nesse caso quase todas são oxítonas: “jabuti”, “aqui”, “ali”, “cariri”. Para marcar a diferença, as paroxítonas terminadas em “i” recebem o acento. “Táxi” é um exemplo disso.
Um abraço a todos.
Menelau Júnior é professor de língua portuguesa. Escreve para o blog todas as quintas-feiras. E-mail: menelaujr@uol.com.br