Clima político faz Palácio do Planalto esperar ato menor

Da Folha de S.Paulo

A ordem interna no Palácio do Planalto é não menosprezar os atos programados para este domingo (16) e reconhecer que eles poderão ser “importantes”. Mas, reservadamente, a avaliação é de que não devem ser “gigantescos”, como deseja a oposição.

Neste domingo, Dilma receberá informações da evolução dos protestos ao longo da tarde no Palácio da Alvorada. As reuniões, com os ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil), José Eduardo Cardozo (Justiça), Edinho Silva (Comunicação Social) e Jaques Wagner (Defesa), não terão caráter oficial.

A avaliação é de que a presidente ganhou “pequeno fôlego” para chegar ao domingo diferente de como estava há uma semana.

“Houve uma inflexão importante. A presidente viajou mais, entregou obras, ampliou diálogo com governadores, políticos, movimentos sociais. O Senado teve uma iniciativa de grande envergadura. Agora, o governo tem de ter humildade”, disse Mercadante à Folha.

Devido à preocupação com desgastes sofridos no Nordeste, onde o apoio ao PT sempre foi grande, a presidente programou duas viagens. Na segunda (10), esteve no Maranhão. Na sexta (14), na Bahia.

As viagens visam recuperar sua imagem e reduzir o impacto das manifestações. Dilma se encontrou com movimentos sociais na quarta (12) e quinta-feira (13).

O clima político também melhorou a partir de articulação do vice-presidente Michel Temer e da ajuda do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), com o pacote anticrise e mais tempo para Dilma responder ao TCU (Tribunal de Contas da União) sobre irregularidades nas contas do governo de 2014.

Além disso, monitoramento feito pelo governo nas redes sociais indica que a terceira onda de protestos contra Dilma Rousseff não deve superar as anteriores, feitas em 15 de março e 12 de abril.

Por precaução, a equipe de Dilma prefere evitar comemorações antecipadas com base no radar das redes sociais pois há um grau de “imprevisibilidade” nestes eventos.

Raio-x da Polícia Federal vai na mesma linha e sinaliza, ainda, atos sem tumultos.

Um assessor lembra que a avaliação do governo é pior agora, o que favorece a ida das pessoas às ruas, num momento em que a inflação supera os 9% e a taxa de desemprego aumenta.

Crise é pano de fundo para nova marcha contra Dilma

Do Blog de Jamildo

Manifestantes contrários ao governo da presidente Dilma Rousseff (PT) voltam às ruas, neste domingo (16), para mais uma rodada de protestos contra a petista. Organizadas por movimentos civis e incentivadas por partidos da oposição, como o PSDB, estão previstas manifestações em pelo menos cem cidades, incluindo algumas organizadas por brasileiros em outros países. Em Pernambuco, os atos acontecem no Recife, Petrolina, Olinda, Grande Recife; Gravatá e Orobó, no Agreste.

Embora a presidente venha reconstruindo as pontes políticas, haja vista a recente aproximação com Renan Calheiros (PMDB), presidente do Senado, a crise política e econômica ainda é o mote para as manifestações.

No Recife, a Avenida Boa Viagem volta a ser palco do terceiro protesto contra a presidente. O ato está previsto para começar às 9h30. Também está previsto um ato em Olinda, às 10h, na Praça do Quartel, em Bairro Novo.

Semelhante aos protestos anteriores, os manifestantes vão às ruas pedir a saída de Dilma, mas, desta vez, ancorados no julgamento das contas da presidente Dilma Rousseff pelo Tribunal de Contas da União (TCU). As chamadas ‘pedaladas fiscais’.

Além disso, o Vem Pra Rua afirma que vai prestar apoio às investigações da Polícia Federal, Ministério Público Federal e Justiça Federal. “Essas instituições estão mostrando aos brasileiros que ninguém está acima da lei e que Lula e Dilma serão responsabilidades por todos os seus atos”, dizem os organizadores.

De acordo com o Movimento Brasil Livre, um dos fiadores do ato, foram convocadas manifestações em 114 cidades, sendo 21 capitais. Há ainda a previsão de protestos em 13 localidades fora do Brasil, como Berlim, Dublin, Washington e Nova York. Sem previsão oficial de agenda para o fim de semana, a presidente estará em Brasília e deve acompanhar os atos de sua residência oficial, o Palácio da Alvorada.

À frente da organização dos protestos, além do MBL, estão os grupos “Revoltados Online” e “Vem Pra Rua”.

MOBILIZAÇÃO

Na tarde deste sábado (15), houve divulgação do movimento em frente ao Hospital Português. Faixas indicavam detalhes da manifestação.

Em Pernambuco, os tucanos também se articularam e confirmaram presença. Com o mote lançado pelo senador Aécio Neves, que diz “A Constituição é a nossa arma”, deputados do partido devem ir às ruas ao lado dos setores da juventude do PSDB. Já confirmaram presença Daniel Coelho, Bruno Araújo e Betinho Gomes.

Apesar de os organizadores do evento evitarem vinculações partidárias, o PSDB usou anúncios no rádio e na televisão para convocar a população para as manifestações, e seus principais líderes, como o senador Aécio Neves (PSDB-MG), devem ir às ruas.

ATO PRÓ-PT

No mesmo dia dos atos anti-Dilma, haverá uma manifestação a favor do governo e do PT. Organizado por entidades trabalhistas e movimentos sociais, o ato será realizado em frente ao Instituto Lula, em São Paulo.

A direção do instituto havia reprovado a ideia de fazer o protesto neste domingo, mas a posição foi revista. “Falamos que seria uma festa, sem clima de revanche”, disse à reportagem Rafael Marques, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.

Pessoas contrárias ao Vem Pra Rua também marcam suas posições políticas nas redes sociais. Uma das formas mais utilizadas pelos usuários é a divulgação de uma imagem com a frase “16/Agosto Eu não vou”. A ilustração passou a ser utilizada como foto de perfil por quem quer se distanciar dos protestos.

Marina fala sobre Eduardo

Por TAUAN SATURNINO
Da Folha de Pernambuco

A ex-ministra do Meio Ambiente e candidata à Presidência da República em 2014, Marina Silva (PSB), conversou, ontem, com a reportagem da Folha de Pernambuco e falou sobre a lacuna deixada pelo ex-governador Eduardo Campos (PSB) – morto em acidente aéreo em 13 de agosto do ano passado – no cenário político atual. Marina Silva foi a vice na chapa presidencial de Eduardo Campos. Entretanto, com o falecimento inesperado do ex-governador ela assumiu seu lugar na disputa, tendo como vice o deputado federal Beto Albuquerque (PSB-RS). Naquele ano, Marina Silva ficou em terceiro lugar, no primeiro turno, e apoiou, na sequência, o senador Aécio Neves (PSDB) no segundo turno da disputa presidencial.

“Ele (Eduardo) era um interlocutor respeitado pelos principais líderes políticos do País e tinha uma enorme capacidade de diálogo, como demonstrou no Governo de Pernambuco. Se estivesse vivo, certamente estaria conversando muito, viajando por todo o País, defendendo as propostas que considerava corretas e que compõem o programa que ele defendeu na campanha. Penso que aquele programa ainda é atual e o Eduardo certamente permaneceria comprometido com ele”, afirmou.

Ao comentar sobre os prognósticos que Eduardo Campos fez, no ano passado, sobre a crise econômica e a defesa da reformulação do pacto federativo, Marina Silva foi enfática. “Os prefeitos e governadores não desejam fazer figuração nas propagandas do governo e da oposição”. Ela também ressaltou a independência que Eduardo tinha em relação às forças políticas antagônicas no cenário nacional, capitaneadas pelo PT e PSDB.

“Precisamos, cada vez mais, de lideranças que constituam uma força independente e que não tenham um alinhamento automático e cego como situação ou como oposição. E essas lideranças devem também ter lucidez para dialogar e colocar a democracia em primeiro lugar. Ele (Campos) era assim. Eduardo falava da crise como uma situação adversa que poderia ser evitada, poupando os inúmeros prejuízos que a sociedade está sofrendo com a perda de milhares de empregos, a destruição da indústria e o aumento de preço dos alimentos e da energia. Há governadores e prefeitos que sentem diretamente os efeitos da crise e não concordam em serem chamados apenas para fazer figuração na propaganda do governo ou da oposição, eles querem resolver os problemas e sabem que é necessário debater sobre o pacto federativo, sobre a reforma tributária, a divisão de recursos e de responsabilidades nos níveis municipal, estadual e federal, ou seja, questões práticas e de conteúdo”, concluiu.

Empreendedores digitais ganham dinheiro com suas experiências de vida

Em ascensão no Brasil, o empreendedorismo digital vem despertando cada vez mais a atenção de pessoas que sonham em ter sucesso pela internet. E um dos atrativos é a real possibilidade de ganhar dinheiro com as próprias experiências de vida e expertise.

Hoje, os chamados infoprodutos de maior destaque são ebooks e vídeo-aulas/palestras. E o conteúdo desses materiais geralmente são os aprendizados que o produtor teve ao longo dos anos, assim como os problemas que enfrentou e as soluções que criou.

“As histórias de vida geram produtos maravilhosos. Poder compartilhar isso na internet, ajudando e fazendo as diferença para as pessoas, é maravilhoso”, afirma Alan Pakes, fundador do CONAED (Congresso Nacional de Empreendedorismo Digital).

De acordo com o especialista, os ebooks, vídeo-aulas e outros materiais devem ter sintonia com o criador. “Sem isso, o produto tem grandes chances de fracassar. É preciso focar em algo que você tenha paixão e seja bom.”

Segundo Pakes, trabalhar com temas nos quais haja afinidade facilitará até o processo de criação de novos infoprodutos. “Haverá uma maior capacidade e vontade de apresentar soluções para as pessoas. E isso é meio caminho para o sucesso”, finaliza o fundador do CONAED.

 

Brasil terá superávit sustentado por queda de importações, preveem analistas

Apesar das exportações em queda em relação a 2014, a previsão do governo e do setor privado é que a balança comercial encerrará 2015 com superávit. Para analistas de comércio exterior, isso ocorrerá porque as importações também estão caindo, e em ritmo mais intenso do que as vendas externas. Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior mostram que, de janeiro a junho deste ano, houve queda de 14,6% das exportações em comparação com igual período de 2014. Do lado das importações, a queda no mesmo período de comparação foi mais acentuada, de 18,5%.

“Se você olhar o desempenho no primeiro semestre, você vê tanto queda de exportação quanto de importação. Isso [queda das importações] deve ajudar a fazer superávit”, diz Welber Barral, da Barral M Jorge Consultoria em Comércio Exterior. Segundo ele, a contração na economia é a responsável pelo fato de o Brasil estar importando menos. “[O motivo para a queda das importações] é a queda da atividade e do investimento em capital produtivo”, diz. De acordo com Barral há ainda a queda na importação de bens de consumo, que são aqueles usados por indivíduos ou famílias. “Há uma queda de capacidade de compra no Brasil. Um dos setores que mais tiveram queda [nas importações] é o de automóveis. Você tem uma postergação da decisão de compra [pelo consumidor]”, destaca.

O presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, faz avaliação semelhante. A entidade prevê superávit de US$ 8 bilhões para a balança este ano, “Claramente, só haverá superávit por isso [importações]. Pela nossa previsão, as exportações vão cair 15% este ano. Como as importações devem cair 20%, elas é que devem gerar superávit. Esse ano vamos ter um ‘superávit negativo’, que não é gerado por fatores positivos, como aumento de exportação”, ressalta.

Valorização do dólar

Castro atribui a diminuição das importações, em primeiro lugar, à retração econômica, e, em segundo, ao dólar valorizado. “Até maio [o motivo das importações menores] era a retração econômica. A partir daí, teve a taxa de câmbio”, afirma, ressaltando que há uma demora entre a valorização da moeda norte-americana e seu impacto nas importações. “Quem já fez a encomenda vai receber o produto [importado]. Mas, a partir do momento em que o cenário vai piorando [com o dólar mais caro], deixa de fazer a encomenda”, explica.

A economista Lia Valls, pesquisadora da Fundação Getulio Vargas (FGV), também considera a contração da economia a principal razão para a retração das importações em 2015. “ Está despencando a compra de bens intermediários e a de bens de capital, feita pela indústria”, comenta. Para ela, o efeito do dólar valorizado é secundário.

Em se tratando das exportações, o principal motivo para o Brasil estar capitalizando menos é a queda de preços das commodities (produtos primários com cotação internacional), fenômeno em curso desde 2014. “A maior parte da pauta são commodities e os preços continuam caindo. O preço do minério, do petróleo, despencou. Aí a gente fica dependendo dos manufaturados, que têm como principal mercado o argentino, mas a Argentina está em crise. Tem também os Estados Unidos, mas lá já temos uma concorrência ” comenta Lia Valls.

Na avaliação de Welber Barral os produtos manufaturados brasileiros podem estar mais competitivos no mercado externo em 2016 por influência do dólar alto. Isso, diz, deve garantir, também no ano que vem uma balança superavitária. Mas, para ele, os superávits neste ano e no próximo, se acontecerem, não podem ser classificados como sustentáveis. ” O Brasil não é competitivo. Simplesmente uma redução do valor das commodities ou uma elevação do dólar não é suficiente, porque o custo de produção no Brasil é muito alto. Dá para dizer que o superávit que nós vamos não é sustentável”, avalia.

O consultor ressalta que o Brasil tem problemas tradicionais que diminuem a competitividade das exportações. Ele destaca que, além do custo de produção, a infraestrutura é deficiente para o escoamento. Para ele, o Plano Nacional de Exportações, lançado em junho pelo governo, é um passo válido. “É importante para coordenar as ações do governo e dar indicações para o setor privado. Tem partes interessantes no que se refere a medidas de facilitação de comércio e desburocratização. O que faltam são medidas na área tributária, o que não vai acontecer este ano, até por causa das restrições [medidas de] ajuste fiscais”.

Roberto Amaral: ‘Eletrolão depredará o Brasil’

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Ex-ministro foi presidente e um dos principais dirigentes e ideólogos do PSB até o ano passado (Foto: ABr)

Por TEREZA CRUVINEL
Colunista do Brasil 247

“Estamos assistindo à depredação do Brasil. A Lava Jato pode destruir as bases da geração de energia, e com isso inviabilizar o desenvolvimento do país. Coincidência ou não, isso atende aos objetivos de potências estrangeiras que não desejam nossa afirmação como Nação”, diz em entrevista ao 247 o ex-ministro da Ciência e Tecnologia, Roberto Amaral.

Embora considere a prisão do Almirante Othon Pinheiro Silva, presidente afastado da Eletronuclear, “um fato grave que exige nossa reflexão”, Amaral acha que a crise política perderá força a partir de setembro: “As forças produtivas – governo, trabalho e capital – precisam de um mínimo de tranquilidade, de estabilidade na ordem político-jurídica-econômica”.

Roberto Amaral, advogado e professor, foi secretário-geral, presidente e um dos principais dirigentes e ideólogos do PSB até o ano passado, quando discordou do apoio do partido ao candidato do PSDB Aécio Neves no segundo turno e afastou-se da direção, com a qual hoje tem conflitos notórios. Entre 2003 e 2004, foi ministro da Ciência e Tecnologia do primeiro governo Lula.

Confira a entrevista:

Como o senhor viu o último lance da Operação Lava Jato, a Operação Radioatividade, que realizou prisões e apreensões na Eletronuclear, e o anúncio de que todo o setor elétrico será investigado? Já chamam isso de “eletrolão”…

Estamos assistindo à depredação do Brasil e de seus ativos estratégicos, o que começou com a Petrobras. Com uma devassa no setor elétrico a Lava Jato pode destruir as bases da geração de energia, e com isso inviabilizar o desenvolvimento do país. Coincidência ou não, isso atende aos objetivos de potências estrangeiras que não desejam nossa afirmação como Nação. Com essa Operação Radioatividade, que prendeu o pai do programa nuclear brasileiro, o ex-presidente da Eletronuclear Othon Pinheiro da Silva, já é certo novo atraso no cronograma da terceira usina nuclear do país, Angra 3. Sua produção será importante para o abastecimento do Rio de Janeiro, liberando energia de outras fontes para o resto do país.

As investigações começaram pela área nuclear por conta de revelações do executivo da Camargo Corrêa Dalton Avancini. O senhor acha que a Lava Jato agora avançará sobre as empresas do grupo Eletrobras, que tocam as obras das grandes hidrelétricas como Jirau, Santo Antônio e Belo Monte?

Ninguém conhece os desígnios da Lava Jato, mas se isso acontecer, as três fontes mais importantes da matriz energética brasileira serão atingidas: petróleo, energia hidrelétrica e energia nuclear. O melhor caminho para quebrar um país é afetando o suprimento de energia.

O juiz Moro, num artigo já muito citado, endossa a tese do juiz da operação italiana Mãos Limpas, Giovanni Falcone, de que o combate à corrupção exige a deslegitimação dos políticos e partidos para que algo novo surja na política. Como PMDB e PT são os partidos mais fortes no setor elétrico, o senhor acha que tais investigações podem realimentar a crise política para produzir mais “deslegitimações”?

O objetivo pode ser este, mas eu pergunto: será que não é possível combater corruptos e corruptores sem comprometer as empresas responsáveis pelos mais importantes projetos de geração de energia e de infraestrutura? Não será possível separar pessoa física de pessoa jurídica? Com esta depredação, o Brasil perderá anos na caminhada para o desenvolvimento e daqui a pouco estarão chegando aqui navios chineses cheios de operários, como na África, para assumirem as grandes obras. Todos nós sabemos que o capital internacional sempre cobiçou o setor de serviços no Brasil. E o governo, não poderia ser mais ágil na criação de condições para que as empresas atingidas possam se reestruturar? Por que não criar algo como o Proer que o Fernando Henrique fez para salvar os bancos? O filho do Magalhães Pinto foi preso e processado, mas o espólio do Banco Nacional foi salvo e vendido ao Unibanco. Por que demoram tanto com os tais acordos de leniência? Não compreendo que estejamos assistindo tão passivos à depredação do que já foi acumulado. Agora, a própria política de defesa parece ameaçada.

O senhor se refere à intenção da Lava Jato de investigar o projeto do submarino nuclear?

Sim, o submarino não é um luxo da Marinha, é um elemento fundamental da política de defesa nacional e muito importante para a própria exploração do pré-sal. É fruto de um acordo bilateral Brasil-França. Sem o submarino não seremos capazes de vigiar e defender a costa continental, onde está o pré-sal, da predação ilegal e clandestina por grupos ou países com tecnologia avançada de extração.

O senhor acha que esta ofensiva da Lava Jato sobre o setor elétrico produzirá, além dos danos econômicos, um prolongamento da crise política?

Não creio. Com a ressalva de que é muito difícil prever os desdobramentos de uma crise política quando observada em seu ápice, penso que a atual não ultrapassará setembro: o país está parado e as forças produtivas (governo, trabalho e capital) precisam de um mínimo de tranquilidade, de previsibilidade na ordem política, política e econômica para realizar seus fins. Mas tudo está a depender das denúncias que o procurador Janot oferecerá ou não. A inacreditável prisão do Almirante Othon é um fato novo e grave, que exige nossa reflexão.

No momento atual, o senhor acha que a crise ainda pode levar ao afastamento da presidente, seja por impeachment ou cassação da chapa pelo TSE?

Não. O impeachment depende da prévia comprovação de um ilícito da presidente, o que não está na ordem do dia. As contas de campanha já foram julgadas. A tese só interessa à tucanagem, ao setor da oposição que deseja reverter no tapetão o resultado negativo das eleições democráticas de 2014. Mas o Brasil de hoje não é uma republiqueta. O empresariado está preocupado em realizar seus lucros e por isso mesmo mais interessado na normalidade constitucional-administrativa. Por que trocar Dilma por Temer ou Dilma-Temer por Cunha-Calheiros? Quem tem coragem de pensar nisso?

O senhor se sente confortável no PSB depois das divergências públicas que teve com a direção por conta do apoio ao Aécio Neves?

O desconforto é notório e não o minimizo. Sinto-me honrosamente distante da atual direção que cometeu, por oportunismo político, uma felonia ideológica, traindo a história do partido, negando a opção de esquerda e conspurcando a bandeira socialista. O oportunismo neste caso se soma à burrice: retirando-se do campo da esquerda a troika que hoje manda no PSB fechou suas portas a centenas de quadros socialistas que hoje estão na míngua de opção partidária.

Fala-se, principalmente no PT, na recriação de uma frente de esquerda, como a antiga Frente Brasil Popular que reunia PT, PSB e PC do B. Ela ainda é possível? O senhor apoiaria?

Não. Não vejo sentido numa frente de esquerda, nem numa frente de partidos e muito menos na reedição da Frente Brasil Popular, hoje superada historicamente. Ela tinha sentido em 1990 logo após as eleições. Quando proposta por nós, foi rejeitada pelo PT. Defendo uma frente ampla, nacional e popular, aberta aos partidos, mas nascida do movimento social, que congregue a esquerda mas congregue também os liberais, os progressistas e os democratas de um modo geral. Uma frente apta a se confrontar com o avanço do pensamento conservador, à defesa da integridade do mandato da presidente Dilma, à defesa do desenvolvimento com distribuição de renda e à defesa dos interesses nacionais.

Este pode ser o caminho para a superação das crises política e econômica?

A saída será política. Vamos sair da crise mediante um pacto em torno de dois princípios básicos: governabilidade e retomada do desenvolvimento com distribuição de renda. Esse pacto, porém, só será viável se forjado na sociedade, cansada e desenganada, e se for por ela imposto aos agentes políticos. Mas já é hora de pensarmos grande, para além dos projetinhos individuais, das vaidades e das vaidadezinhas e do ódio, do rancor e da intolerância. Será muito pedir isso? É hora de pensar no Brasil, que para desgraça de nossos filhos, está ameaçado de viver – se isso é viver – mais uma década perdida.

Armando afirma que país vai inaugurar um novo ciclo de crescimento

Do Blog de Jamildo

Em encontro com empresários na Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (FIESC), o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Armando Monteiro Neto (PTB), enviou uma mensagem de confiança: “O Brasil vive uma transição, mas vamos inaugurar um novo ciclo de crescimento”.

O ministro ressaltou que a economia brasileira passa por dificuldades, em um momento de transição e ajustes, mas que o setor produtivo não pode se pautar pelo pessimismo: “Esse pessimismo disseminado na sociedade preocupa, pois não encontra correspondência na realidade. A história do Brasil é marcada por superação de dificuldades, os pessimistas estão sempre fadados a perder”.

O ministro afirmou ainda que as exportações são o caminho para a retomada do crescimento econômico. Aos empresários, Monteiro lembrou que há cerca de um mês foi lançado o Plano Nacional de Exportações, com o propósito de conferir um novo status ao comércio exterior para o Brasil.

Segundo o ministro, “esse reposicionamento não implica desprestigiar parceiros com os quais o Brasil já tem intenso relacionamento comercial, mas ampliar o foco das ações com vistas a obter melhores resultados”. Monteiro afirmou ainda ser “equivocada a compreensão de que existe uma contradição entre atuar, simultaneamente, nas frentes bilateral, regional e multilateral. Essas vias não são excludentes. Na verdade, podem e devem ser complementares”.

Monteiro destacou uma série de ações do Plano Nacional de Exportações que já estão em andamento, como a redução de barreiras não tarifárias às exportações brasileiras, o avanços nas relações com os Estados Unidos e a implantação de uma janela única de comércio exterior, que diminuirá o tempo gasto nas operações de exportação de 13 para 8 dias, e, nas de importação, de 17 para 10 dias.

Brasil deve perder 1 milhão de postos de trabalho em 2015, prevê estudo

Da Agência Brasil

Com 345 mil postos formais de trabalho extintos nos seis primeiros meses do ano, a economia brasileira deve acelerar a diminuição de empregos no segundo semestre. Segundo estudo do Conselho Federal de Economia (Cofecon) divulgado nesta semana, o país deve encerrar o ano com 1 milhão de vagas com carteira assinada a menos.

Com base no estudo, a entidade recomenda ações de longo prazo para reativar o mercado de trabalho. Para a entidade, os sucessivos reajustes da taxa Selic, juros básicos da economia, estão provocando impacto direto sobre a geração de empregos nos últimos anos. Nos últimos 12 meses, o efeito intensificou-se, resultando na extinção de postos de trabalho.

De acordo com o levantamento, o início do ciclo de elevação dos juros básicos, em abril de 2013, coincidiu com a redução da geração de empregos, conforme as estatísticas do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgadas pelo Ministério do Trabalho. Naquela época, a Selic estava em 7,25% ao ano, no menor nível da história, e passou a ser reajustada com alguns intervalos de estabilidade, desde então.

A partir do segundo semestre do ano passado, quando o país passou a fechar mais postos de trabalho do que criou, a situação agravou-se. Na época, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) segurou a taxa básica, deixando para aumentar a Selic somente após o segundo turno das eleições presidenciais. De lá para cá, foram sete aumentos consecutivos, que elevaram a Selic para 14,25% ao ano, no maior nível desde outubro de 2006.

No segundo semestre do ano passado, o país fechou 176 mil postos de trabalho com carteira assinada. Nos seis primeiros meses deste ano, o fechamento aumentou para 345 mil vagas. Para o Cofecon, a maior extinção de emprego indica que o reajuste da taxa Selic foi maior que o ideal, passando a sufocar a economia.

“Os ajustes de curto prazo da política econômica têm tido reflexo direto nas condições de vida de grande parte da população, concomitante à ausência de um projeto que contemple políticas capazes de pavimentar uma trajetória sustentada de crescimento”, destacou o Cofecon em nota.

Para a entidade, a redução da taxa Selic representa apenas uma parte do processo para revigorar o mercado de trabalho. Entre as outras medidas defendidas pelo Conselho Federal de Economia estão investimentos em infraestrutura, com destaque para a retomada do programa de concessões; simplificação tributária; redução da burocracia; condições favoráveis de crédito a setores que sejam grandes geradores de emprego; além de incentivos à ciência, tecnologia e inovação.

O Cofecon também defende o aumento da competição entre os bancos, com a adoção de medidas que reduzam o spread bancário – diferença entre as taxas pelas quais as instituições captam recursos e as taxas com que emprestam ao consumidor. O indicador é considerado a principal fonte de lucro dos bancos. “É recomendável a adoção de medidas que reduzam o spread bancário e estimulem a concorrência no setor, na medida em que causa espécie o aumento dos lucros dos bancos em meio à gravidade da atual crise”, destaca o comunicado da entidade.

Superávit primário para este ano é um desafio, diz Joaquim Levy

ministro

O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, disse ontem (30) que o governo tem um desafio em relação ao superávit primário este ano, “porque as receitas caíram muito por inúmeras razões. Temos que nos preparar para, nos próximos anos, termos um superávit que permita realmente nossa dívida pública cair”, afirmou Levy, após a reunião da presidenta Dilma Rousseff com os governadores no Palácio da Alvorada.

Na semana passada, o governo anunciou que a meta de superávit primário – economia destinada a pagar os juros da dívida pública – foi reduzida para 0,15% do Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas produzidas no país) por causa de dificuldades temporárias que fizeram a arrecadação ficar abaixo do previsto.

O ministro assegurou que o governo tem condições de alcançar a nova meta de R$ 8,747 bilhões de esforço fiscal: “O contingenciamento de R$ 8 bilhões é o necessário para se atender à meta de 0,15%. Essa mudança de meta não é indicação de relaxamento fiscal”.

Sobre os fundos destinados a compensar eventuais perdas dos estados com a unificação do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), Levy reconheceu que os governadores têm preocupação com a garantia desses recursos, mas, segundo o ministro, a medida provisória que cria os fundos proporciona bastante segurança. “É uma regra muito transparente”.

Os fundos são o de Compensação e Desenvolvimento Regional para os estados e o de Auxílio à Convergência das Alíquotas do Imposto sobre Operações. Parte dos recursos desses fundos deverá sair da multa cobrada sobre repatriação de recursos de brasileiros e empresas mantidos no exterior e não declarados à Receita Federal. Levy disse que há uma estimativa de ganho de R$ 15 bilhões com o repatriamento de recursos no exterior.

Durante a reunião, que durou cerca de três horas e meia, as principais exposições foram divididas entre alguns governadores. Flávio Dino (PCdoB), do Maranhão, falou representando a Amazônia Legal. O governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), discursou em nome do Centro-Oeste, assim como Geraldo Alckmin (PSDB-SP) pelo Sudeste, Raimundo Colombo (PSD-SC) pelo Sul e Ricardo Coutinho (PSB-PB) pelo Nordeste.

Acic inscreve empresas para prêmio MPE Brasil 2015

Até o dia 31 de julho, está aberto o período de inscrições para o Prêmio de Competitividade para Micro e Pequenas Empresas (MPE Brasil) edição 2015. As inscrições são gratuitas e podem ser realizadas através do link: www.premiompe.sebrae.com.br ou por meio do preenchimento do formulário oficial que deve ser entregue no Sebrae, nos programas estaduais de qualidade ou em instituições parceiras, a exemplo da Associação Comercial e Empresarial de Caruaru (Acic).

A premiação, criada pela Rede de Cooperação Brasil, é destinada a empresas que tenham receita bruta anual de até R$ 3.600.000,00, comprovem regularidade fiscal e estatutária, estejam em funcionamento desde 31/12/2013, ou seja, tenham completado pelo menos um ano fiscal e possuam domicílio fiscal no mesmo Estado em que será feita a inscrição. Ao todo, oito categorias estão disponíveis para as inscritas se candidatarem, de acordo com a principal atividade desempenhada. São elas: Agronegócio, Comércio, Indústria, Serviços de Educação, Serviços de Saúde, Serviços de Tecnologia da Informação, Serviços de Turismo e Serviços, que não se enquadram nas definições anteriores.

Além das categorias setoriais, as empresas podem se candidatar também ao Destaque de Boas Práticas de Responsabilidade Social, voltada para avaliação de negócios que tenham ações nas perspectivas de preservação ambiental, desenvolvimento local e relacionamento com as partes interessadas, e ao Destaque de Inovação, que analisa a promoção de um ambiente corporativo que incentive a inovação de produtos, processos, serviços ou modelo de gestão de maneira contínua e formal.

O MPE Brasil se apresenta como reconhecimento das micro e pequenas empresas que se destacam em suas categorias e possuem uma atuação de referência para a melhoria da competitividade nos segmentos dos quais fazem parte. Além de incentivar também a produtividade e a qualidade e disseminar conceitos e práticas de gerenciamento. O prêmio avalia a qualidade da gestão, por meio de metodologia padronizada nacionalmente com critérios aprovados pelos realizadores do projeto, e a capacidade empreendedora do empresário, através da aplicação de um questionário de autoavaliação, com base no Modelo de Excelência da Gestão (MEG) da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ).

Duas etapas compõem o processo de escolha das vencedoras.  A fase estadual, que é formada por sete passos, são eles: inscrição, autoavaliação, classificação para visita, visita, seleção das finalistas, seleção das vencedoras e premiação, e a nacional, com cinco estágios: análise da documentação, visita, seleção das finalistas, seleção das vencedoras e premiação.

Em Caruaru, as empresas interessadas podem entrar em contato com a Acic, através do telefone: (81) 3721-2725 ou pelo e-mail:atendimento@acic-caruaru.com.br para efetuarem as inscrições. A Associação disponibiliza termo de adesão e ficha de cadastro do convênio MPE Brasil 2015 Acic/Sebrae, facilitando o processo para as representantes locais. Uma equipe com promotoras também está à disposição do público para tirar dúvidas e facilitar a participação.