Movimento incentiva a compra de pequenos negócios para fortalecer a economia

As micro e pequenas empresas já passam de 10 milhões no Brasil, mais de 95% do total de CNPJs. Elas respondem por 27% do PIB e empregam mais da metade dos brasileiros com carteira assinada – cerca de 17 milhões de pessoas.

Por isso mesmo, ao comprar de pequenos negócios, o cidadão contribui para que a economia se desenvolva, em especial no seu bairro e na sua cidade.

Dessa forma, será lançado em todo o Brasil o Movimento Compre do Pequeno Negócio, a fim de incentivar o consumo de produtos e serviços em empresas que faturam, no máximo, R$ 3,6 milhões por ano e, dessa forma, fortalecer a economia brasileira.

Para apresentar a iniciativa, o gerente Débora Florêncio receberá a imprensa nesta Quinta-feira, dia 10 de setembro, às 9h.

OPINIÃO: “Assim não vai”

Por MAURÍCIO ASSUERO

Cada vez mais me convenço de que não vamos sair da crise tão cedo. Minha desconfiança vem do conjunto da obra feita por governo e congresso. Que o governo errou, todos nós sabemos e também sabemos que este erro não deve ser apenas imputado ao governo atual. Lula erro muito quando disse que a crise para o Brasil era só uma “marolinha”. Incentivou o povo a gastar na tentativa de dinamizar o consumo, levou as famílias para um nível de endividamento alto e agora critica a política de isenção de impostos. É engraçado porque toda a política monetária implantada no seu governo era baseada no IPI.

Por outro lado, surge o PSDB, notadamente na figura do seu presidente Aécio Neves, defender com unhas e dentes o impeachment de Dilma, no entanto, seu partido até o momento não fez qualquer menção contra o presidente da câmara, Eduardo Cunha, que segundo depoimentos de um dos delatores, recebeu US$ 5 milhões como propina. Não acho coerente aceitar essa postura e me coloco diametralmente oposto a este tipo de conduta. Se quer moralizar não aja com dois pesos e duas medidas.

Dilma erra e muito, mas minha do meu ponto de vista há uma cortina de fumaça que a envolve. Quando no início do seu primeiro governo ela demitiu os ministros que estavam envolvidos em desvios, sua popularidade foi maior do que a de Lula no início do seu governo. Foi fácil demitir porque estas pessoas não pertenciam ao seu partido. Agora há denúncia contra dois ministros do PT, um deles, ocupa uma sala ao lado da sala da presidência. Poderia ser demitido porque desagrada todo mundo, mas não será porque é um dos únicos que continua fiel a Dilma. Ela não vai botar ali uma pessoa indicada por Lula porque ela sabe o que isso significa.

A única maneira de Dilma sair da crise é afastando os corruptos que se aproveitam de sua pouca habilidade política para fazer fortuna. O engraçado é que os partidos que se posicionam contra a corrupção não apoiam as medidas econômicas porque não conseguiram ocupar os cargos de segundo/terceiro escalão. Fica claro que se estes cargos forem definidos o cargo passa a ter apoio e tudo mais se resolve.

O maior risco que a economia corre chama-se Joaquim Levy. Até o momento ele tem se mostrado uma pessoa séria e se sair do governo será muito difícil colocar alguém coma mesma visão. Levy é criticado por mudar de opinião, fato que é interpretado como insegurança, mas a verdade é outra. Ele queria 1,16% do PIB como superávit e para isso precisaria de cortes, no entanto, como demitir os partidários, por exemplo? Isso que deveria fazer é Dilma.

 

“Não sei se teve evolução política”, diz Levy, sobre sua situação no cargo

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Da Folhapress

 

Ao comentar o discurso de 7 de setembro da presidente Dilma Rousseff, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, afirmou à reportagem que o momento é de “cooperação” e disse que não saberia dizer se houve “evolução política” sobre sua situação no governo depois da reunião que teve com a presidente na quinta-feira (3).

A declaração foi dada por Levy na noite desta segunda (7) ao chegar a Paris, onde participa de reuniões com empresários nesta terça (8).

Questionado sobre como vê sua própria situação no cargo após a última conversa com Dilma, Levy respondeu: “Eu estou no exterior, não sei se teve alguma evolução política. O resto a gente tem trabalhado para garantir essa ponte, uma ponte fiscalmente sustentável para a gente passar esse período e chegar com segurança, inclusive garantindo total reconhecimento da qualidade da nossa dívida pública, para fazermos essa ponte de garantia fiscal até a gente entrar com tudo pronto neste período de maior produtividade”.

Na quinta-feira, Levy teve um encontro com Dilma e os ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil) e Nelson Barbosa (Planejamento) para conter a crise na equipe econômica e o risco de o ministro da Fazenda deixar o cargo em meio à sua divergência sobre o envio da proposta do Orçamento de 2016 com uma previsão de deficit de R$ 30,5 bilhões.

Levy não quis entrar em detalhes sobre o teor da conversa de quinta-feira, que quase levou ao cancelamento de sua viagem à Turquia, para uma reunião do G20, de onde foi para Madri e, agora, Paris. “A conversa (com Dilma) foi como sempre, sobre os temas relevantes, exatamente a nossa política fiscal”, disse.

COOPERAÇÃO
O ministro afirmou que é hora de “cooperação” ao comentar o discurso de 7 de setembro da presidente Dilma, em que ela defendeu “remédios amargos” para a crise e disse que o governo vai superar possíveis “erros” cometidos.

“Acho que é um momento de cooperação, um momento em que a gente se dá conta de que é importante tomar as medidas necessárias para a gente continuar o reequilíbrio da economia. A economia já está se reequilibrando, você vê a conta corrente diminuir e, a expectativa de inflação também tem caído, toda ela (economia) se reequilibrando”, afirmou Levy.

“Agora é importante a gente tomar outra medidas, particularmente na área fiscal, para que esse processo continue, também medidas estruturais para preparar o Brasil para esse novo momento com novas perspectivas de crescimento”, destacou o ministro.

Crise econômica preocupa senadores e secretários da Fazenda

Da Agência Brasil

A crise econômica que atinge as contas do governo federal, gerando previsão de déficit primário para o próximo ano de R$ 30,5 bilhões, também preocupa senadores e secretários estaduais da Fazenda. É consenso entre eles que, se em âmbito federal a situação é crítica, nos estados é ainda mais grave.

“A situação das finanças do Rio Grande do Sul é uma das piores do país. Mas a situação dos demais estados que tiveram, como o Rio Grande do Sul, que parcelar os salários dos servidores de várias categorias a um limite de R$ 500 por parcela, dá a demonstração clara da gravidade da situação. E o pior é que daqui a pouco vários estados estarão, como o meu, em uma situação falimentar, com a receita diminuindo e a despesa aumentando”, disse a senadora Ana Amélia (PP-RS).

A crise econômica, que também afeta os estados, vem se agravando ao longo dos últimos anos e gera um longo debate sobre a renegociação das dívidas que estados e municípios têm com a União. Em junho deste ano, a Câmara aprovou, conclusivamente, o projeto que troca o indexador da dívida atualmente corrigida pelo IGP-DI mais 6% a 9% ao ano, para o IPCA ou taxa Selic, o que for menor, mais 4% ao ano. No entanto, a pedido do governo federal, uma emenda do Senado estabelece que as novas regras só valerão a partir de 2016, e o governo devolverá, no ano que vem, o excedente referente aos pagamentos deste ano.

Levantamento divulgado pela página do Senado na internet, com base em informações do Banco Central e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aponta que quatro estados são responsáveis por 83% da dívida de todos os entes federados com a União: São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, nesta ordem. No entanto, não são os únicos em situação fiscal complicada.

Em Goiás, a secretária estadual de Fazenda, Ana Carla Abrão Costa, disse que um ajuste fiscal forte já começou a ser feito, com o enxugamento da máquina pública e o corte de gastos. No entanto, ela reconhece que o esforço não está sendo suficiente para evitar que o desequilíbrio entre receitas e despesas continue crescendo. “Sem dúvida nenhuma que as dificuldades vêm se avolumando, nós não estamos tendo praticamente nenhum investimento com recursos da União e a arrecadação está caindo”, disse.

Segundo a secretária, a expectativa é que somente a partir do ano que vem, em razão do forte ajuste, a situação pare de piorar. “Para frente, apesar da crise, estamos vislumbrando um cenário menos preocupante. Eu não diria nem positivo ou de crescimento, mas de maior controle e equilíbrio entre receita e despesas”, prevê.

No Distrito Federal, a crise encontrada pelo governador Rodrigo Rollemberg ao assumir o governo, em janeiro deste ano, implicava em greve de funcionários públicos e cortes dos serviços de fornecedores por falta de pagamento, o que inviabilizava a prestação de serviços essenciais como saúde e educação.

“Continua a mesma coisa, porque temos um desequilíbrio estrutural, com despesas em nível elevado e crescente”, disse o secretário da Casa Civil do DF, Sérgio Machado.

Assim como a secretária de Goiás, Ana Carla, ele aponta grande dificuldade com a folha de pagamento dos funcionários públicos, que consome grande parte do orçamento e, no caso do Distrito Federal, já ultrapassa o limite previsto na Lei de Responsabilidade Fiscal. Além disso, de acordo com Sampaio, maquiagens nas contas públicas fizeram com que as previsões de arrecadação e gastos no orçamento não correspondam à realidade.

“As despesas foram subestimadas para caber no orçamento. Então, por exemplo, no ano passado os gastos com saúde foram de R$ 6 bilhões e a previsão para este ano era de R$ 4 bilhões. Os gastos não iriam reduzir em um terço de um ano para o outro, isso foi feito para caber no orçamento”, explica.

A lei que muda o indexador da dívida também poderia dar fôlego às contas estaduais sob outro aspecto. Uma emenda do senador José Serra (PSDB-SP) liberava aos governos o saque de até 70% dos depósitos judiciais para o pagamento de precatórios, dívida pública, despesas de capital e recomposição de fundos de previdência. No entanto, a presidenta Dilma Rousseff vetou parcialmente esse trecho, retirando do texto o prazo para os bancos liberarem o valor dos depósitos e a proibição de que sejam criadas novas imposições para que as transferências sejam feitas. O veto ainda está pendente de análise no Congresso.

Uma comissão especial criada no Senado para propor mudanças no pacto federativo também tenta agilizar a reforma de tributos que terão impacto nas contas estaduais, como o ICMS, o PIS e a Cofins, e podem atrair mais investimentos privados.

Para o presidente da comissão, senador Walter Pinheiro (PT-BA), é necessário fazer com que os recursos sejam melhor distribuídos entre a União e os entes federados. “O governo federal tem que admitir que a estrutura centralizada não deu resultados positivos ao longo de toda uma história no Brasil. Portanto, é necessário desmembrar isso e admitir uma nova pactuação no Brasil. Isso está mais do que claro e evidente”, disse em discurso no plenário.

O estímulo a investimentos que possam garantir a manutenção do nível de emprego também é uma preocupação para o senador Lindbergh Farias (PT-RJ). Na opinião dele, a reforma dos tributos pode ajudar, mas não será suficiente se o país não voltar a crescer. “A minha tese é que nós temos que mudar a política econômica. Estive conversando com o governador do Rio de Janeiro [Luiz Fernando Pezão] também, que concorda que nós temos que retomar o crescimento, porque não vai ter milagres. Se nós não crescermos, a situação dos estados vai piorar. Tem estado fechando postos de saúde, farmácia popular, é isto que está acontecendo. Na ponta, a situação está dramática”, disse.

O senador alerta ainda que o cenário pode se agravar se a situação não for revertida logo. “O Brasil hoje está numa crise em vários aspectos, mas a minha preocupação hoje é entrar um último componente. Uma crise social gigantesca, decorrente da crise política e da crise econômica. É o que falta para criarmos a tempestade perfeita no país”, disse.

OPINIÃO: Impostos ou Cortes nos Gastos?

Por Maurício Assuero

Na semana passada veio à tona o interesse do governo em reeditar a CPMF – Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira e no início dessa semana já se divulgou que a ideia estava descartada. Como se sabe, o orçamento do governo para 2016 tem um rombo de R$ 30,5 bilhões (lembre-se que em 2015 o governo já não tem como cumprir seus compromissos e você vai entender que 2016 tende a ser tão difícil quanto 2015) e ao encaminhar para o congresso este orçamento o governo está colocando no colo do congresso este “bebê chorão”. Vamos mais longe: se melhorar a relação do congresso com o governo, a CPMF passa tranquilamente.

Muito se fala, e se fala mal, da CPMF, mas não se pode deixar de dizer que, dentre todos os tributos, este é o mais eficiente e mais simples de ser operado. A maior queixa contra ele, não é por ele onerar toda a cadeia produtiva, como alguns defendem; o problema é que não tem como sonegar, porque todos nós precisamos pagar contas, todos nós precisamos dispor de algum dinheiro na carteira (mesmo que seja para entregar ao assaltante para poupar nossas vidas). A necessidade de se colocar a CPMF é fruto da falta de uma reforma tributária, porque com boa vontade poderia se analisar impostos que poderiam sair de cena em função da CPMF.

O governo tem dois caminhos para cobrir o déficit: aumentar impostos ou cortar gastos. Ambas opções tem vantagens e desvantagens, mas nesse momento, o corte dos gastos seria uma opção mais adequada. O problema é que o governo não tem coragem de cortar na carne, por exemplo, reduzindo a quantidade de cargos comissionados em todos os níveis. O governo tem cerca de 22 mil cargos comissionados cuja indicação é puramente política. Agora, fala em reduzir 10 ministérios e nós devemos perguntar se esta redução implica na recondução das pessoas para outros setores ou estas pessoas realmente serão demitidas?

Tome como base a SUDENE que agora tem um novo superintendente. A SUDENE dispõe de 101 cargos comissionados e quem ocupará tais cargos tem (peço desculpas pelo julgamento de valor) muito pouco a contribuir com o desenvolvimento da instituição e do nordeste. Se quiser fazer um trabalho sério fará, mas para isso é preciso ter coragem de enfrentar o partido e a presidente Dilma não tem. A ideia de reduzir ministérios, por exemplo, data de 2012 e o PT (Lula) foi contra em nome da governabilidade. A carga tributária no Brasil, em 2013, chegou a 35,92% do PIBe como, mesmo com a retratação do produto, o imposto continua, vamos ter uma boa elevação neste percentual. Então que Dilma tenha coragem de guerrilheira e corte gastos não prioritários.

Dilma defende parceria com estados para enfrentar problemas na economia

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A presidenta Dilma Rousseff pediu ontem (25), em São Paulo, que os governos estaduais ajam em parceria com a União para ajudar o país a superar o momento de dificuldade econômica. Dilma participou da entrega de 1.237 unidades habitacionais do Programa Minha Casa, Minha Vida em Catanduva e acompanhou, por teleconferência, a entrega de casas nos municípios de Araras, Araraquara e Mauá.

Ao lado do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, de prefeitos da região e ministros, Dilma listou uma série de ações e investimentos do governo federal no estado, como obras em rodovias e de saneamento, construção de escolas federais, interligação de represas para garantir o abastecimento de água e envio de profissionais do Programa Mais Médicos. “O estado que mais recebeu médicos do programa, porque não tinha médico suficiente, foi o estado de São Paulo. O programa veio resolver um problema grave, gravíssimo, no atendimento da atenção básica.”

Segundo Dilma, a parceria com estados e municípios vai continuar e não depende da relação dos partidos dos gestores com o governo federal. São Paulo é administrado há mais de 20 anos pelo PSDB. “Tenho certeza de que essa parceria com estados e prefeituras vai continuar e está baseada em uma visão democrática e republicana da coisa pública. Podemos divergir, mas temos que agir juntos no que se refere à administração para proteger os interesses da população. Quando agimos juntos somos capazes de realizar mais e melhor.”

No discurso de cerca de meia hora, a presidenta disse que o Brasil vai superar as dificuldades na economia e voltou a criticar os que, segundo ela, torcem pelo pior. “Vamos superar este momento de dificuldade, todos nós, que somos brasileiros e brasileiras, sabemos que temos capacidade de superar desafios, de apresentar e de construir caminhos e de chegar a resultados. Quanto mais rápido fizermos isso, mais rápida será a superação das nossas dificuldades. Temos que enfrentar os problemas de frente, jamais aceitar que se torça para o pior, porque quando acontece o pior, quem paga é a população do país.”

Segundo Dilma, os problemas enfrentados pela economia brasileira também afetam outros países. “São dificuldades pelas quais todos os países do mundo estão passando, uns mais, outros menos. A segunda maior economia do mundo, a economia chinesa, ontem [24] teve um momento de muita dificuldade, e nós torcemos para que essas dificuldades econômicas e financeiras sejam superadas.”

Mais cedo, em entrevista a rádios do interior de São Paulo, Dilma disse que o Brasil atravessa uma situação econômica que “requer cuidados” e reconheceu que, apesar das ações do governo, a crise não será resolvida em curto prazo.  “A situação em 2016 não será maravilhosa”para a economia, afirmou a presidenta.

Qual é o tamanho do ajuste de Dilma?

Por CAROL BRITO
Da Folha de Pernambuco

No ano passado, as contas públicas tiveram o pior resultado de toda a série histórica do Tesouro Nacional. Em ano de eleição, o Executivo gastou mais do que arrecadou registrando um déficit primário de R$ 17,24 bilhões – o maior em 18 anos. Comas contas no vermelho, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, estabeleceu um forte ajuste fiscal para cumprir a meta de superávit primário – que garante o pagamento dos juros da dívida pública. A proposta gerou resistências no Congresso Nacional, sofreu diversas modificações e desgastou a imagem da presidente Dilma Rousseff (PT), que prometeu não mexer nos direitos trabalhistas durante a campanha e acabou voltando atrás. Contudo, o projeto tido como a tábua de salvação do governo ainda não gerou efeitos imediatos na economia.

Na última semana, o Senado aprovou a última medida do pacote de ajustes: o aumento da contribuição previdenciária para mais de 50 setores da economia. Agora, só resta a presidente sancionar o projeto. Até então, as medidas não foram suficientes para amenizar o cenário de crise na economia. Duas agências de classificação de riscos (Moody’s e Standard & Poor’s) rebaixaram a nota de crédito do Brasil, a arrecadação federal atingiu o pior resultado para o primeiro semestre em quatro anos, especialistas admitem uma inflação acima de 9% este ano, o dólar pode passar dos R$ 3,50 e o Produto Interno Bruto (PIB) dá sinais de retração.

O economista Djalma Guimarães avalia que, além das limitações impostas pela economia, a crise política vivenciada pelo País ajuda a ampliar as dificuldades econômicas. “Ao meu ver hoje, a crise é mais politica. Sema resolução da crise política não resolve a crise econômica. Precisamos de um cenário mais estável institucionalmente. Enquanto perdurar a instabilidade da crise do governo, a percepção positiva do mercado e consumidor serão receosos o que cria um cenário adverso para a economia”, avaliou.

Apesar dos efeitos limitados do ajuste, o estudioso reforça que as medidas eram urgentes e não poderiam ter sido evitadas pelo governo. “A situação seria muito pior se o governo não estivesse economizando. O Governo Federal, pelo menos, fez um esforço de economia. A situação teria sido pior sem o ajuste”, destacou. A própria presidente Dilma Rousseff admitiu ao jornal alemão “Handelsblatt” , na última sexta-feira, que o Brasil vive uma crise econômica grave e disse que a recessão no País ainda deve persistir por até 12 meses.

O doutor em Ciência Política, Elton Gomes, avalia que o governo paga um grande ônus político pelas decisões impopulares tomadas com o ajuste fiscal. “O governo se vê em uma situação delicada e vulnerável. O governo perde muitos aliados que não querem ser associados a imagem de corte, arroxo e restrições promovidas pela presidente. Isso contribui para fragilizar o governo” afirma.

Segundo o professor, os erros da política econômica do primeiro mandado afeta ainda mais a credibilidade da gestão. Outro agravante é o discurso da campanha eleitoral defendido pela presidente garantindo que não iria mexer nos direitos trabalhistas. “São medidas que são interpretadas pelo eleitor médio como medidas que sacrificam a população e a impressão é que população é penalizada pelos erros da administração. Para piorar, as declarações da campanha acabaram sendo utilizadas contra ela pela oposição”, avaliou.

Em vídeos, Lula e Dilma reconhecem dificuldades e prometem crescimento

Do G1

A presidente Dilma Rousseff e seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, reconhecem, em vídeos de 30 segundos da propaganda do Partido dos Trabalhadores, que começam a ser veiculados neste sábado (22), que há dificuldades na economia, mas prometem melhora do quadro e retorno do crescimento econômico.

“Sei que muita coisa precisa melhorar. Tem muito brasileiro sofrendo. Mas juntos vamos sair desta. Estamos em um ano de travessia e essa travessia vai levar o Brasil a um lugar melhor. Estamos atualizando as bases da economia e vamos voltar a crescer com todo nosso potencial. Tenho o ouvido e o coração dos que mais precisam e do que vivem do suor do seu trabalho. Esse é o meu caminho. Por ele seguirei”, declara a presidente Dilma Rousseff.

Lula, por sua vez, reconhece que “a situação não está fácil”, mas avalia que o Brasil é “muito grande para ficar assustado com uma crise econômica, por mais grave que seja”. E completa: “Já tivemos muitas crises, algumas bem piores do que a atual, e o povo brasileiro sempre soube vencê-las. Não tenho a menor dúvida de que venceremos mais essa. Com o esforço e a luta de todos, vamos controlar a inflação, gerar empregos e derrotar o pessimismo. Podem ter certeza, o brasil vai voltar a crescer”, afirmou ele.

INDICADORES ECONÔMICOS RUINS

Nesta última semana, foram divulgados vários indicadores econômicos, todos eles ruins. Na quarta-feira passada (19), o Banco Central divulgou a chamada “prévia” do PIB, que mostrou uma retração de 1,89% no segundo trimestre deste ano, após um recuo de 0,88% nos três meses de 2015 – o que aponta para um cenário que os economistas classificam de “recessão técnica”. O mercado financeiro, por sua vez, prevê retração da economia também em 2016.

Nesta sexta-feira (21), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que a prévia da inflação oficial ficou em 0,43% em agosto, após avançar 0,59% no mês anterior. Apesar da desaceleração de julho para agosto, esse foi o índice mais alto para o mês desde 2004, quando o Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) chegou a 0,79%. Em 12 meses, a inflação somou 9,57% – o maior valor desde dezembro de 2003.

A arrecadação de impostos e contribuições federais, segundo dados oficiais do Fisco, continuou sofrendo, em julho, os efeitos da crise econômica e do baixo nível de atividade e teve queda – apesar do aumento de vários tributos autorizado no começo deste ano. Em julho, teve o pior desempenho, para este mês, desde 2010.

Com dificuldades no fluxo de caixa, o Tesouro Nacional informou que não realizará a antecipação da primeira parcela do décimo terceiro salário dos aposentados e pensionistas em agosto – algo que acontecia desde 2006. O governo dividirá essa antecipação em dois meses – em setembro e outubro.

Além disso, o Brasil seguiu perdendo vagas com carteira assinada em julho. No mês passado, as demissões superaram as contratações em 157.905, segundo informações do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgadas nesta sexta-feira (21). O resultado de julho foi o pior para este mês desde o início da série histórica do Ministério do Trabalho para este indicador, em 1992.

Ajuste econômico é essencial para inflação ficar na meta em 2016, diz BC

Da Agência Brasil

O processo de ajuste do governo na economia influenciou negativamente a atividade econômica no curto prazo, informou o Banco Central (BC), no Boletim Regional, divulgado hoje (21). O documento também cita também – como influência negativa na atividade econômica –  eventos não econômicos como, por exemplo, a Operação Lava Jato.

No entanto, o BC destaca que o ajuste, com corte de gastos e elevação da taxa básica de juros, é necessário para consolidar a “convergência da inflação para a meta no final de 2016”. A meta da inflação é 4,5%, com limite superior de 6,5%.

Para tentar trazer a inflação para a meta, o BC elevou a taxa básica de juros, a Selic, por sete vezes seguidas. A promessa do Banco Central é entregar a inflação na meta somente em 2016. Segundo o BC, os efeitos de elevação da Selic levam tempo para aparecer.

No boletim, o BC diz que o “cenário – caracterizado pela perseverança na rigidez da condução da política monetária [elevações da taxa básica de juros, a Selic] e por patamares historicamente reduzidos de índices de confiança de empresários e consumidores – repercute na trajetória das economias das cinco regiões geográficas do país”.

No Norte, diz o boletim, há resultados desfavoráveis registrados no comércio, na indústria e no setor externo. O Índice de Atividade Econômica Regional (IBCR-N) recuou 1,2% no trimestre encerrado em maio, em relação ao finalizado em fevereiro. Em 12 meses encerrados em maio, o indicador recuou 0,8%.

Segundo o boletim, o desempenho da economia do Nordeste foi sensibilizado, no trimestre encerrado em maio, pela perda de dinamismo do comércio e pela recuperação modesta da atividade agropecuária, ainda prejudicada por condições meteorológicas irregulares. Já o crescimento da indústria da região “repercutiu, em grande parte, o efeito da base de comparação deprimida, em função da paralisação, na Bahia, da produção de derivados de petróleo e biocombustíveis em janeiro e fevereiro”. O IBCR-NE decresceu 0,4% no trimestre, em relação ao encerrado em fevereiro, considerados dados dessazonalizados (ajustados para o período). Em 12 meses, o indicador cresceu 2,6%.

No Centro-Oeste, o BC avalia que o ritmo da atividade econômica segue em processo de acomodação, influenciado pelo impacto negativo das expectativas dos agentes econômicos sobre o desempenho das vendas do comércio e da indústria. Para o BC, essa dinâmica poderá ser intensificada com a redução na renda agrícola, influenciada pelo recuo das cotações internacionais de produtos primários.

O BC lembra que, nos últimos anos, a dinâmica da atividade econômica no Centro-Oeste foi impulsionada pelo desempenho da agropecuária, favorecido pela trajetória dos preços de importantes commodities (produtos primários com cotação internacional). “Neste ano, o recuo nas cotações internacionais dos principais produtos agrícolas, ainda que contraposto ao aumento na produção de grãos e à depreciação cambial [alta do dólar], indica possível moderação na renda agrícola em 2015, com desdobramentos na atividade regional”, acrescentou o BC. O índice da região recuou 0,7% no trimestre e subiu 0,4%, em 12 meses.

Segundo o boletim, a atividade econômica do Sudeste, com retrações nas vendas do comércio e na produção da indústria, manteve-se em trajetória de queda no trimestre encerrado em maio, com desdobramentos negativos sobre o mercado de trabalho. O IBCR-SE recuou 1,2% no período, em relação ao trimestre finalizado em fevereiro, quando decrescera 0,3%, no mesmo tipo de comparação. Em 12 meses, o IBCR-SE contraiu 1,4%.

A economia do Sul apresentou relativa estabilidade no trimestre encerrado em maio, reflexo de retrações no comércio e na indústria, e de desempenhos favoráveis da agricultura e da balança comercial. O IBCR-S decresceu 0,1% em relação ao trimestre finalizado em fevereiro, quando recuou 1,2%, no mesmo tipo de comparação. Em 12 meses, houve estabilidade.

Rodada completa dez anos e com boas perspectivas de negócios

Nos últimos dez anos, cerca de dois mil lojistas efetuaram mais de 55 mil pedidos e transações equivalentes a R$ 230 milhões. Estes são alguns dos números positivos que a Rodada de Negócios da Moda Pernambucana festeja em sua 20ª edição, que será realizada entre os dias 12 e 14 de agosto, no Polo Caruaru.

Responsável por movimentar semestralmente a economia das indústrias de roupas e acessórios do Agreste pernambucano, a Rodada espera nesta edição de agosto superar sua meta de 10% de crescimento, em meio a um ano tímido na economia nacional. “Entendemos que o mercado está instável, mas sentimos que nossos fabricantes e lojistas têm necessidade de aquecimento, por isso a feira cai como uma oportunidade para movimentação de toda a cadeia têxtil, em especial aqueles que têm negócios com o Estado de Pernambuco”, declara Osíris Lins Caldas, presidente da Acic (Associação Comercial e Empresarial de Caruaru), realizadora do evento.

Nesta nova edição, a Rodada ampliou e fortaleceu a participação de novos segmentos (acessórios e calçados), passando a oferecer produtos da linha bebê/infantil, feminino e masculino, posicionando-se como fornecedora de vestuário com confecção e calçados. “O lojista que vier até o evento poderá abastecer sua vitrine de primavera-verão 2016 com lançamentos de qualidade e ótimas oportunidades de negociação”, conta Osíris.

Na última edição, realizada em fevereiro deste ano com artigos de outono-inverno, a Rodada movimentou R$ 15 milhões, por meio de quatro mil pedidos, o que significa mais de 1,1 milhão de peças. “Nossa edição de verão, que acontece em agosto, é a mais aguardada e, por este motivo, temos a previsão de comercializar pelo menos 15% a mais que a feira passada”, afirma o presidente da Acic.

O evento, que apresentará mais de 4,5 mil lançamentos, entre roupas, calçados e acessórios, receberá novos compradores de todas as partes do Brasil, com destaque para as regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul, que, cada vez mais, procuram o polo em busca de seus produtos têxteis e calçados.

A Rodada de Negócios da Moda Pernambucana tem como objetivo fortalecer o Estado como polo produtor de moda e vestuário e é uma opção de fornecimento para redes varejistas em todo o país. Ao todo, os 120 expositores de Pernambuco colocarão à disposição produtos de oito segmentos: moda masculina, feminina, infantil, jeanswear, bebê, íntima, surf, streetwear e praia & fitness.

“Pernambuco é um grande centro produtor de moda, possui mais de 15 mil indústrias ligadas ao setor do vestuário e precisamos apresentar este potencial a todo o Brasil. Esperamos incentivar o desenvolvimento econômico de toda a região do Polo da Moda do Agreste de Pernambuco e de todo o Estado por meio da Rodada de Negócios da Moda Pernambucana”, finaliza o presidente da Acic.

O evento é realizado pelo Sebrae e pela Acic, com o patrocínio do Núcleo Gestor da Cadeia Têxtil e de Confecções em Pernambuco e da AD Diper (Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco). A coordenação é da J&B Consultores e tem apoio da Prefeitura de Caruaru, Sindivest Pernambuco, Acit, Aciasur e Ascap.