Emprego industrial recua 0,5% em fevereiro

A indústria teve queda de 0,5% em seus postos de trabalho de janeiro para fevereiro deste ano. Segundo a Pesquisa Industrial Mensal de Emprego e Salário (Pimes), divulgada ontem (17), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), esse é o segundo recuo consecutivo do emprego industrial, pois, em janeiro, houve redução de 0,2% na comparação com o mês anterior (dezembro).

O emprego industrial teve piora em todos os indicadores e tipos de comparações feitas pelo IBGE. Os postos de trabalho tiveram queda de 4,5% na comparação com fevereiro do ano passado, 4,3% no acumulado do ano e 3,6% em 12 meses.

O número de horas pagas recuou 0,1% na comparação com janeiro deste ano, 5,2% em relação a fevereiro de 2014, 5,2% no acumulado do ano e 4,4% em 12 meses. Já a folha de pagamento real caiu 0,9% em relação ao mês anterior, 6,1% na comparação com fevereiro do ano passado, 5,2% no acumulado do ano e 2,5% em 12 meses.

Na comparação com fevereiro de 2014, houve queda no emprego industrial nos 18 ramos de atividade pesquisados pelo IBGE, sendo as principais observadas nos segmentos de meios de transporte (-8,7%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (-12,2%), produtos de metal (-9,4%) e outros produtos da indústria de transformação (-8,5%).

“Governo Dilma teve culpa na aprovação da lei”

A afirmação é do economista e professor Maurício Assuero, que analisou em entrevista ao Blog do Wagner Gil, os efeitos da aprovação do projeto de lei 4330/2004, que regulamenta contratos de terceirização no mercado de trabalho. Aprovado na última semana, na Câmara dos Deputados, em Brasília, o projeto será encaminhado diretamente para votação no Senado.

Pedro Augusto

Blog do Wagner Gil  — Que consequências essa lei poderá proporcionar para o mercado de trabalho. Ela é mesmo necessária?

Maurício Assuero — Existe uma súmula do Sistema Tribunal Federal que trata da terceirização, quando se destina a atividade-meio. Isso tem sido aplicado largamente em todas as atividades. Cito o caso dos serviços contábeis e dos serviços de informática. As empresas perceberam que não era preciso manter uma estrutura contábil, com todos os encargos que a lei impõe, se existe a alternativa de terceirização. O que muda com o PL 4330, recentemente aprovado na Câmara Federal, é que esta terceirização pode ser estendida a atividade-fim. Mas, isso não é novidade, porque em alguns setores já se faz. Por exemplo, médicos em geral, não possuem vínculos empregatícios com hospitais, no entanto, eles utilizam a estrutura dos hospitais para fazer cirurgias e recebem uma remuneração por isso. A questão agora é que isso vai ser estendido a qualquer setor econômico, inclusive ao público, e obviamente trará algum nível de preocupação para os trabalhadores por alguns motivos dentre os quais um funcionário terceirizado passará a não ter o mesmo comprometimento que o outro com vínculo empregatício. Em paralelo, para as empresas haverá benefício na redução de encargos sociais, mas o mesmo não se poderá pensar em relação ao empregado. Vamos considerar o caso dos bancários. O sindicato dos bancários é extremamente atuante no sentido de defender interesses da classe e, por isso, eles desfrutam de um salário melhor em relação à maioria das categorias (incluindo alguns benefícios também). Com a lei, os bancos poderão demitir os funcionários e contratá-los como terceirizados. Haverá ganhos para eles? Em absoluto, porque há muito ex-bancário no mercado que aceitaria voltar ao posto com um salário menor. Entendo que a preocupação dos sindicatos dos trabalhadores é real.

BWG — Caso essa norma entre em vigor, o senhor acredita que o desemprego irá diminuir ou aumentar no país?

MA — Acredito que essa transição proporcionada pela nova lei será bastante traumática. Certamente, as empresas poderão fazer uso da prerrogativa de terceirizar no sentido de reduzir encargos e isso pode gerar num primeiro momento, a elevação do desemprego (já estamos com uma taxa de 7,24% e só com as medidas, os impostos tende a aumentar). É preciso saber como será a organização dos trabalhadores demitidos. Uma experiência que conheço foi a criação de uma cooperativa de funcionários. Vamos a ela: um banco teve a liquidação extrajudicial decretada pelo Banco Central e demitiu todos os funcionários. Para que o processo de liquidação não fosse paralisado, alguns funcionários se organizaram numa cooperativa e esta foi contratada para prestar serviços ao banco em liquidação. Houve casos de cargos de confiança (analistas, assessores de diretorias, etc) passarem a realizar tarefas burocráticas como fazer lançamentos contábeis. Particularmente, acredito que é melhor o empregado se transformar num empreendedor do que ser contratado por uma empresa que faz alocação de mão-de-obra. Assim, o comportamento do desemprego vai depender muito da reação dos trabalhadores, no entanto, a empregabilidade pode não ser afetada intensamente sob risco de um caso econômico e social.

BWG — O consumo também tende a diminuir com o cumprimento da lei?

MA — Na essência, o consumo depende da renda do trabalhador quer seja ele terceirizado ou não. Se a lei atingir a empregabilidade, então, teremos problemas sim. Vamos entender empregabilidade como aquela situação na qual o trabalhador abriu mão da carteira assinada e está lutando para se tornar um empreendedor. Neste contexto, provavelmente ele irá ter melhores resultados. Agora, se o trabalhador não tiver essa tendência, aí sim, teremos sérios problemas, porque é importante lembrar que as regras para o seguro-desemprego são outras.

BWG — Qual a responsabilidade do Governo Federal por essa derrota na Câmara?

MA — Observe que o movimento mais contundente contra o PL partiu da CUT que é o berço do PT. Nitidamente, a presidente Dilma tem dificuldades de relacionamento com o Congresso e dos principais ministros que podiam melhorar esta relação (Pepe Vargas e Mercadante) não corresponderam por pura inabilidade política. Cabe lembrar, que este projeto foi formatado em 2004, ou seja, o governo teve tempo suficiente para discutir, para envolver a sociedade, fazer uma chamada pública, de modo que se produzisse um instrumento mais eficiente. Agora, aproveitando-se da fragilidade da relação do governo com o Congresso, aprova-se a proposta. Então, o governo realmente tem uma enorme parcela de culpa.

BWG — Em relação aos países que facilitaram as terceirizações, que resultados eles têm obtido?

MA — Essa ideia de terceirização teve início na 2a Guerra Mundial, nos Estados Unidos. Na época havia-se a necessidade de trabalhadores para a indústria bélica. Agora, independentemente do lugar, o que pesa na questão da terceirização é a regulamentação trabalhista. Em casos como o do Brasil, onde há rigidez, é mais complicado. Aqui a terceirização só teve um impulso maior nas duas últimas décadas do século passado quando passou a se falar em reengenharia. Cabe lembrar também que a terceirização alcança o setor público. Como a gente sabe, ela existe na atividade-meio, mas não está claro o que isto significa para a atividade-fim.Por outro lado, no caso do serviços público, é muito fácil mostrar que um trabalhador terceirizado custa mais caro do que um concursado (ao longo do exercício do trabalho), mas quando ele passa para a inatividade a questão se inverte.

BWG — Em sua opinião, qual o perfil ideal do trabalhador terceirizado?

MA — Atualmente nós temos de tudo no país. Desde o trabalhador que realiza serviços gerais ao analista de sistemas que tem seus próprios clientes. A oferta é muito ampla e envolve pessoas com educação básica a pessoas com nível superior, especialização, etc. É preciso estar atento aos casos nos quais o empregado tem um nível de qualificação diferenciado. Neste caso é melhor partir para o empreendedorismo, porém muitos se ressentem da falta da “carteira assinada” e optam por vínculos empregatícios. Acredito, que nossos jovens que estão se formando devem pensar mais no seu potencial como empreendedor, porque estes espaços não estão totalmente preenchidos. Há muita carência de mão-de-obra especializada principalmente na área de tecnologia. Quem detém conhecimento numa determinada área pode ser muito útil e ter melhores resultados, se tiver liberdade de atuação. Agora, é preciso um grau de ética muito alto para evitar levar “segredos industriais”, por exemplo, de uma empresa para outra.

IGP-10 tem alta de 1,27% em abril

A inflação medida pelo Índice Geral de Preços – 10 (IGP-10) ficou em 1,27% em abril deste ano, taxa superior às observadas em março deste ano (0,83%) e em abril do ano passado (1,19%). Segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV), em 12 meses, o IGP-10 acumula alta de preços de 3,46%.

O IGP-10 é uma das versões do Índice Geral de Preços (IGP): registra a inflação de preços desde matérias-primas agrícolas e industriais até bens e serviços finais.

O avanço da inflação de março para abril foi influenciada pelos preços no atacado e pelo custo da construção. A taxa do subíndice de Preços ao Produtor Amplo, que analisa o atacado, quase dobrou, ao passar de 0,75% em março para 1,45% em abril. O subíndice de Custo da Construção subiu de 0,24% para 0,69% no período.

O subíndice de Preços ao Consumidor, que analisa o comportamento dos produtos e serviços no varejo, teve queda, ao passar de 1,29% em março para 1,01% em abril. O IGP-10 é calculado com base em preços coletados entre os dias 11 do mês anterior e 10 do mês atual.

Estados Unidos x Cuba

Maurício Assuero, economista e professor

O recente encontro da Cúpula da América, no Panamá, favoreceu o encontro inédito entre os presidentes dos Estados Unidos e o presidente de Cuba, Raul Castro. Este chegou ao poder por “osmose”, como se diz, visto que com a doença de Fidel, Raul era a pessoa da maior confiança do líder cubano.  O grande momento desse encontro histórico, com direito a apelo de Castro para que Obama tivesse o apoio necessário para acabar com o bloqueio, é o impacto que isso pode trazer para a economia cubana.

Na época da Guerra Fria, Cuba sobreviveu muito bem com apoio da União Soviética que comprava seu açúcar com um preço três vezes maior do que o preço do mercado, em troca do apoio incondicional na implantação do regime comunista e de manter, em solo cubano, misseis apontados para os Estados Unidos. Agora, a suspensão do bloqueio vai favorecer uma economia de mercado, de direito, porque, de fato, Cuba já deu seus primeiros passos na direção do capitalismo, por mais selvagem que este seja.

Desde a queda do muro de Berlin, com a significativa reunião da Alemanha, a ruptura da União Soviética que culminou com a reestruturação política do leste europeu, que os regimes totalitários estão sendo esvaziados. Alguns pequenos países ainda insistem nesse modelo de governo, quando se vê que no resto do mundo ele não tem mais espaço. Basta olhar a China para se perceber o quanto o mundo mudou, embora algumas cabeças ainda prefiram pisar nas cabeças da população para manter-se no poder. Daí, ficamos assustados com aquilo que está acontecendo na Venezuela. Culpa o imperialismo americano pela natural incompetência do seu líder máximo.

Nenhum povo merece viver com recursos de subsistência limitados. A competição mercadológica define quem sobrevive, mas aqueles que não dispõem de conhecimentos, recursos, etc. precisam de assistência via políticas públicas. Cuba tem errado muito em continuar fechada politicamente, longe das hostes democráticas. Mas, aos poucos algumas mudanças estão sendo implementadas (por exemplo, agora as pessoas podem ser proprietárias de imóveis e transacionar neste mercado) e tais mudanças serão mais fortalecidas se as promessas de Raul Castro (eleições a cada cinco anos; não se candidatar depois que terminar o mandato, etc.) forem efetivadas.

A aproximação entre os dois países beneficiará Cuba, de forma imediata, mas a abertura comercial pode trazer benefícios também para os americanos tanto quanto para os demais países que não negociam com Cuba por conta do bloqueio. Vamos esperar e torcer para que isso seja um caminho sem volta, ou seja, que os homens se desarmem dos seus ódios e dos seus interesses mesquinhos visando o benefício da sociedade. Cuba tem uma economia voltada para mineração, pecuária, mas tem uma base industrial calcada em bebidas, tabaco (o famoso charuto cubano), além de conhecimentos na área química.  Sem dúvida uma área que interessa muito porque abrange, por exemplo,  a indústria de remédios.

 

 

 

 

Franquias a caminho do Nordeste

Há uns quatro anos o Nordeste está em evidência, sendo o foco da expansão de muitas franquias. Dados da Associação Brasileira de Franchising (ABF) mostram que o número de franquias na região cresceu cerca de 17,7% de 2012 para 2014, o surgimento de marcas teve crescimento de 18%, e quinze novos shoppings foram inaugurados nos estados nordestinos.

“A migração para o Nordeste é resultado do aumento significativo da renda da população local. Além disso, há menos concorrências nessas cidades, onde as marcas estão começando a explorar o mercado, o que torna a região ainda mais atraente para os investidores”, afirma José Fugice, sócio fundador e atual Diretor de Desenvolvimento de Negócios e Relacionamento da GOAKIRA.

Uma prova de que esse mercado é atrativo são as redes que pretendem chegar à região, como a Viva Eventos e a Sóbrancelhas. A Viva Eventos, única empresa na área de franquias especializada em eventos e festas de formatura, planeja abrir 20 unidades no Nordeste em dois anos. E a Sóbrancelhas, especializada em beleza, pretende inaugurar a primeira unidade nas cidades nordestinas ainda este ano, bem como atingir a marca de 30 unidades em 2 anos.

A Let’s Eat, rede de restaurantes mexicanos com hamburgueria, tem como alvo o Nordeste e está prestes a inaugurar sua primeira unidade em Sergipe. Pretende chegar a 20 restaurantes na região em três anos. “Há mais de dois anos o Nordeste é a bola da vez para a expansão de franquias, apresentando crescimento expressivo no mercado, com uma população que, a cada ano que passa, demonstra um maior potencial de consumo. Por isso estaremos presentes no mercado nordestino e planejamos crescer 100% em três anos”, revela Fabricia Vidaurre, diretora de expansão da Let’s Eat.

Também, marcas que já estão consolidadas nos estados nordestinos querem continuar crescendo na região. É o caso da Minds English School, da CEBRAC e do Mercadão dos ÓculosA Minds possui 16 unidades e quer chegar a 30 até 2018. Já o CEBRAC, com 17 escolas, pretende inaugurar mais 13 até 2017. “O Nordeste é uma das regiões onde o CEBRAC mais cresce. Em 2014, a região foi responsável por 30% da nossa expansão”, comenta Fabio Pozza, diretor de mercado da marca.

E o Mercadão dos Óculos, com sua expansão agressiva, projeta chegar a 10 lojas no mercado nordestino até o final de 2015, e alcançar 50 unidades no prazo de dois a três anos. “Temos duas lojas no Nordeste, e o sucesso é tanto, que esses franqueados irão inaugurar a segunda unidade ainda neste semestre”, comemora Gustavo Freitas, diretor de expansão da marca.

 

 

 

 

Inflação para a terceira idade fecha trimestre em 4,16%

O Índice de Preços ao Consumidor da Terceira Idade (IPC-3i), que mede a variação de preços da cesta de compras de pessoas com mais de 60 anos de idade, registrou inflação de 4,16% no primeiro trimestre do ano. O dado foi divulgado hoje (13) pela Fundação Getulio Vargas (FGV).

No quarto trimestre de 2014, a taxa variou 2,02%. A alta do índice foi influenciada pelo aumento dos custos de itens como os transportes (cuja taxa passou de 1,96% para 4,98%) e alimentos (que passaram de 2,92% para 4,31%).

A gasolina, com inflação de 9,85%, e as hortaliças e legumes, com taxa de 26,38%, estão entre os produtos que mais puxaram a alta de preços no primeiro trimestre do ano. Outros grupos de despesas com alta na taxa foram despesas diversas (de 0,56% para 3,65%) e saúde e cuidados pessoais (de 1,47% para 1,59%).

IPCA fecha março com maior taxa mensal desde 2003

Com uma alta de preços de 1,32%, em março deste ano, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial, registrou a maior taxa mensal desde fevereiro de 2003, quando o índice havia ficado em 1,57%. Considerando-se apenas os meses de março, essa é a maior taxa desde 1995 (1,55%). Os dados foram divulgados ontem (8) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Em 12 meses, o IPCA acumula inflação de 8,13%, acima do teto da meta do governo federal (6,5%) e a maior taxa desde dezembro de 2003, que foi 9,3%. Já a taxa acumulada no ano (3,83%) é a maior para um primeiro trimestre desde 2003 (5,13%).

Um resumo da Páscoa

Maurício Assuero, economista e professor

Ao longo do ano alguns eventos possuem a característica de alavancar as vendas no comércio. Falamos, por exemplo, de datas como carnaval, Semana Santa, São João, Natal e Ano Novo. Permeados por estas grandes concentrações, vem o Dia das Mães, o Dia dos Namorados, o Dia dos Pais e o Dia das Crianças. Historicamente há uma elevação de vendas de produtos associados aos eventos, no entanto, em 2015 temos uma realidade diferente daquela de anos anteriores. O carnaval, por exemplo, que se apoia quase sempre na indústria de bebidas, foi o primeiro alerta de que alguma coisa não iria “cair” bem. De fato, como se sabe a venda de bebidas ficou alguns pontos percentuais a baixo do que era esperado.

Na Semana Santa há um tradicional fluxo de turistas para o Agreste pernambucano por conta do Teatro de Nova Jerusalém. Já há alguns anos que a produção convida atores da Rede Globo para os papéis principais e isso, além da História do Cristo, tem atraído turistas, tem mantido o fluxo em patamares anteriores. Mas se formos olhar o que está acontecendo com os produtos da Páscoa, a gente vai perceber que estes estão formando estoques. Os ovos de Páscoa, por exemplo, estão encalhando a cada ano (este ano, por exemplo, lojas tradicionais venderam 20% a menos do que no ano passado).

Há duas conotações aqui: a primeira é que os ovos de Páscoa estão sendo vistos como um produto caro e, facilmente, substituível. Comprar um ovo significa levar X gramas de chocolates, e só isso, enquanto uma caixa de chocolate é uma alternativa bem mais barata. Um caixa de chocolate custa, em média, R$ 8,00, enquanto um ovo de Páscoa sai, no mínimo, por R$ 20,00. A segunda questão, está associada a crise econômica que afeta emprego, renda e mercado cambial. Com o dólar alto, manter determinadas tradições é uma prerrogativa de algumas poucas pessoas (famílias). Adicionalmente, o quilo do bacalhau aumentou, aproximadamente, 35% em relação ao ano passado.

Assim, vem agora o reverso da medalha: promoções! No caso dos ovos você vai encontrar oferta com 50% do valor e ainda dividido em dez parcelas no cartão de crédito. Não se surpreenda se encontrar isso, mas pense o seguinte: se na semana passada um ovo de Páscoa estava sendo vendido a R$ 40,00 e agora você pode comprar por R$ 20,00, você acredita que há perda para o vendedor? É mais do que normal acreditar que os lojistas dispõem de um “termômetro natural” para sentir a temperatura das vendas e deve-se esperar que eles compraram por preços e condições que lhes permitiam uma defesa prévia dessa queda de vendas.

O fato é que 2015 tem se mostrado mais cruel do que foi pintado e, lamentavelmente, não vimos, ainda uma maneira de voltar a crescer. Devemos nos preparar o Dia das Mães, mas até lá (e olhe que falta pouco) a economia vai se deteriorar um pouco mais. O problema é que nós temos uma alavanca, mas o governo retirou nosso ponto de apoio.

Inflação da Páscoa

Por Maurício Assuero, economista

Em meio a instabilidade econômica do país, a gente tem observado alguns movimentos de preços que merecem um esclarecimento. Comecemos pela inflação para população da classe C. As pessoas com uma renda da ordem de um salário mínimo ou um salário mínimo e meio, não disponibilizam recursos para poupança. A renda é alocada, na sua totalidade, em consumo e ainda é insuficiente. Ao contrário de outras pessoas de classe mais alta que usam parte de sua renda para fazer aplicações financeiras ou algum tipo de investimento. Por esta razão, as pessoas menos favorecidas são pressionadas mais intensamente pelo nível de preços.

De modo igual a gente pode pensar em alguns eventos que poderiam alterar o nível de preços para cima. Jogos da seleção brasileira inflam os preços dos ingressos. O São João em Caruaru modifica o preço da hospedagem, das variáveis associadas ao turismo, por exemplo, tudo em função do aumento de demanda. Podemos estender nossa análise para a Páscoa, já que estamos na semana.

Não apenas a demanda por produtos relacionados, mas a conjuntura econômica agora favorece um aperto maior na programação de Páscoa de muita gente. Quem tem por hábito a disponibilidade de produtos importados (vinhos, por exemplo) vai ter que arcar com a alta do dólar. Espera-se, então, uma adequação de costumes a esta imposição, ou seja, as pessoas poderão substituir produtos importados por produtos nacionais e isto terá um impacto positivo no desempenho das empresas do setor. Segundo a ABRAS – Associação Brasileira de Supermercados, os ovos de Páscoa tiveram um aumento de quase 11% em relação ao ano passado, por isso, o aumento de preço tenderá a compensar a quantidade consumida, gerando alguma possibilidade de manutenção da receita no mesmo nível do ano passado, no entanto, os custos são outros.

No caso do Agreste pernambucano, o afluxo de pessoas gerado pelo turismo, pelo teatro de Fazenda Nova, tem um fundamento muito grande para aliviar as tensões econômicas da região, mas o tempo é curto para efeitos mais preponderantes. Assim, Caruaru, por exemplo, deve agir da mesma forma que um agricultor que cultiva a terra, planta, rega, etc. para poder colher, isto é, Caruaru precisa atuar na divulgação de seus projetos, visando o período do São João. A Semana Santa é tem uma duração menor e localizada noutra cidade, embora a rota que leve ao teatro passe por Caruaru. No caso do São João, a coisa é mais específica, mas centrada e localizada na cidade, por isso é hora de botar o bloco (a safona) na rua.

Diante da situação pública de limitação de gastos, Caruaru precisa de um planejamento detalhado para o São João e mostrar ao visitante do teatro que ele pode usufruir de uma grandiosa festa. Tudo, no entanto, é mais complicado porque há redução de gastos públicos e privados; há uma recessão em vigência; há uma expectativa de inflação além do previsto. Sair desse cenário, só com muita criatividade. Nos produtos da Páscoa a inovação houve inovação em alguns produtos, mas ainda assim, estamos falando de produtos elásticos (não prioritários) facilmente substituídos.

E Agora Estudante?

Por Maurício Assuero, economista

A formação acadêmica no Brasil sempre foi palco de duras lutas. Começa pela quantidade de pessoas com curso superior. Basta olhar os dados do IBGE para se assustar com tamanho absurdo. Por exemplo: pouco mais de 10% da população tem curso superior e se formos buscar os detentores de titulação de mestres e doutores, este percentual cai para 3%. Agora, o dado mais preocupante é que, aproximadamente, metade da população com 25 anos ou mais não tem o ensino fundamental.

Não vamos entrar no mérito da questão. Razões para isso serão ofertadas livremente sendo, provavelmente, a mais comum a questão da necessidade de trabalho, isto é, o aluno deixa a escola por que precisa trabalhar para contribuir com a renda familiar. Sabemos que isso existe, mas isto não ser o instrumento da conformação (na verdade é o instrumento da indignação). Na outra ponta da via tem a falta de política pública. Falemos do caso do FIES, o programa de financiamento estudantil do governo. Na verdade o crédito educativo desprovido de critérios e que agora atingiu de uma forma cruel a economia do país.

Para quem não se lembra, no crédito educativo o estudante deveria apresentar um garantidor (fiador ou avalista) e devolver o empréstimo no tempo previsto gasto para formação. As obrigações começavam a ser exigidas exatamente um ano após a formatura. Obviamente que isso não atendia a população porque quem tinha garantidor eram as pessoas abastadas que não logravam êxito no vestibular das universidades públicas ou não tinham, mesmo, tempo para estudar numa universidade pública. Pode-se dizer que a população que precisava ser inserida socialmente estava fora desse meio. Mas, os programas do governo são adaptados (veja o caso do Bolsa Família que é o novo nome dos programas mantidos pelo governo FHC) e na tentativa de melhorar a formação dos nossos jovens, veio o FIES que dentre outras facilidades dispensou o garantidos (a intenção é justa), mas não levou em consideração alguns critérios mínimos de qualidade. Um aluno que tirou zero na redação do ENEM pode ser beneficiário do FIES, por exemplo. Isso, simplesmente, foi a “galinha dos ovos de ouro” para as faculdades privadas e o crescimento do programa está levando o governo a um estado de insolvência sem precedentes (como uma pirâmide financeira) a ponto de agora, ser importante botar um freio no programa para diminuir a quantidade de atendimentos, simplesmente porque não há dinheiro para bancar isso.

Vários estudos comprovam a educação como uma ferramenta importante no crescimento econômico. Há bons trabalhos que atestam como o capital humano pode influenciar positivamente o crescimento da economia e, exatamente, quando a bandeira do governo passa a ser educação, percebe-se que teremos entrave para manter um programa fundamental para a inserção social. Isso faz parte da política implantada sem avaliação das consequências. Enquanto vivenciarmos coisas semelhantes, atuaremos sempre como bombeiros, apagando fogo.