Caruaru tem 43 casos suspeitos de microcefalia, diz secretaria

Do NE10 Interior

A Secretaria de Saúde de Caruaru, no Agreste de Pernambuco, está investigando 43 casos suspeitos de microcefalia no município. O balanço foi divulgado nessa terça-feira (5) pela Secretaria Estadual de Saúde (SES). Antes, 29 casos suspeitos da doença estavam sendo investigados no município. O número de casos confirmados não foram informados.

Em Garanhuns, o número de casos investigados subiu de 13 para 27, um aumento de mais de 50%. Em outros municípios, o número de casos suspeitos também subiu. Estão em investigação 18 casos em Serra Talhada, 11 em Surubim, 14 em Escada, nove em Belo Jardim, 18 em Bom Conselho, 11 em Arcoverde, dez em Exu, 19 em Ouricuri, 16 em Afogados da Ingazeira e 15 em São José do Egito.

Em Caruaru, os bebês estão sendo acompanhados por uma equipe multidisciplinar do Hospital Mestre Vitalino (HMV). As mães estão sendo assistidas na Maternidade Estadual Jesus Nazareno. As crianças diagnóticadas com a doença terão direito a aposentadoria especial, concedida pelo INSS.

Raquel Lyra na Comissão de Acompanhamento aos Casos de Microcefalia

A deputada Raquel Lyra (PSB) foi indicada pelo líder do Governo, deputado Waldemar Borges (PSB) para fazer parte da Comissão Especial de Acompanhamento aos Casos de Microcefalia em Pernambuco instalada, nesta segunda (21), na Assembleia Legislativa. O propósito da Comissão é observar a qualidade do serviço prestado às crianças diagnosticadas e suas famílias nas unidades de saúde do Estado, e recomendar melhorias no enfrentamento à epidemia.

Pernambuco já registra 874 casos suspeitos de microcefalia relacionados ao Zika vírus, a maior incidência da doença no Brasil segundo o Ministério da Saúde. Em Caruaru, o Hospital Mestre Vitalino será referência no atendimento dos casos de microcefalia na região. “Vamos fazer um trabalho de acompanhamento nos hospitais de referência do Estado e Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), para levantar depoimentos de usuários e de profissionais da saúde”, disse Raquel.

Secretaria de saúde realiza capacitações sobre protocolo de microcefalia

A secretaria de saúde de Caruaru, através do Departamento de Vigilância Sanitária e Saúde, está realizando capacitações para os seus profissionais entre médicos, enfermeiros e dentistas, sobre o protocolo de microcefalia, fluxos e notificações da doença.

As capacitações terão início nesta quinta (17), e deverão ser ministradas por Marcos Pedrosa, médico da família e professor da Universidade Federal de Pernambuco, e Alba Vasconcelos, coordenadora de epidemiologia do município. O objetivo é de esclarecer os processos e fluxos de coletas para casos suspeitos de dengue, zyca e chikungunya. Além de apresentar um resumo sobre a situação do município em relação à doença.

O público-alvo dessa primeira capacitação será destinada  para médicos e enfermeiros. No campus medicina da UFPE, a partir das 13h30 para os profissionais de medicina e no auditório campus I da ASCES para os profissionais de enfermagem no mesmo horário. Para os dentistas, a capacitação acontecerá na segunda-feira (21), no auditório da Secretaria de Saúde, às 13h30.

Pernambuco será referência no enfrentamento à microcefalia

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Pernambuco foi o destaque pelo enfrentamento à microcefalia na reunião da presidente Dilma Rousseff com governadores, ontem (8), no Palácio do Planalto. O Estado foi citado pela chefe do Executivo nacional e por demais governadores pelo pioneirismo das notificações nos casos de microcefalia em Pernambuco e na rapidez da instalação da rede de referência para assistência a crianças nascidas com essa má formação congênita. Presente à reunião, o governador Paulo Câmara foi o primeiro gestor estadual a falar. Ele destacou a “transparência e a rapidez” com que tratou do problema e destacou, uma a uma, as ações que o Governo Estadual vem fazendo.

“Pernambuco virou modelo para outros Estados enfrentarem este grave problema de saúde pública. Estamos à disposição de todos vocês para reproduzir esta experiência, podermos trocar conhecimento e combater esse mal de forma mais efetiva”, afirmou Paulo Câmara. Na ocasião, os governadores apresentaram, em suas falas, as demandas de cada Estado.

O governador pernambucano reforçou os pedidos feitos pessoalmente à presidente no último sábado, quando Dilma esteve no Comando Militar do Nordeste, em Pernambuco. Entre as demandas dos gestores estão: revogação da portaria do Ministério da Saúde de Agentes de Endemia 1.243 (define forma de repasse de recursos da União para o cumprimento do piso salarial de Agentes de Combate às Endemias); revisão da portaria do Ministério da Saúde 1.025 (que define a quantidade de agentes contratados); pagamento integral do bloco de financiamento da média e alta complexidade, cuja previsão atual é de não ser pago em dezembro de 2015; modificação na legislação para facilitar o acesso a prédios fechados ou abandonados; financiamento para Centros de Reabilitação; e investimentos em novas tecnologias para combate ao mosquito.

O encontro foi aberto pela presidenta Dilma, que agradeceu a presença de todos e frisou o momento de gravidade pelo qual passa a saúde pública brasileira. Ela reforçou que não faltará recursos para os Estados afetados, mas não estabeleceu quantitativo e prazos. O ministro da Saúde, Marcelo Castro, e o chefe da Defesa Civil, general Adriano Pereira Júnior, fizeram apresentações sobre o enfrentamento ao Aedes aegypti, que já foram mostrado no último sábado, no Comando do Exército do Nordeste.

Além do ministro da Saúde, Dilma estava acompanhada dos chefes das pastas da Integração Nacional, Gilberto Occhi; da Casa Civil, Jacques Wagner; e da Defesa, Aldo Rebêlo, De Pernambuco, participaram o secretário estadual de Saúde, Iran Costa, e o secretário-geral da Confederação Nacional dos Municípios, o prefeito Cumaru, Eduardo Tabosa.

Microcefalia no Nordeste tem diagnósticos errados e atrasados

Da Folha de S. Paulo

Na sala de parto, Eliane estranhou a ausência do filho recém-nascido. Assim que chegou ao mundo, o menino teve uma convulsão e, enrolado num pano, foi retirado rapidamente do quarto.

Assustada, a mãe perguntou se ele estava vivo. “Ué, você não viu que ele chorou?”, respondeu uma enfermeira.

O alívio durou pouco. “Me levaram para outra sala. Lá, chegou uma médica de um jeito muito desumano e disse: Você sabia que seu filho não tem cérebro?”, conta.

“Tomei um choque. Quando ela disse isso, eu dei meu filho por morto”, relata.

A pergunta expressa o susto e a falta de preparo de muitos profissionais de saúde diante de um surto que tem intrigado especialistas.

Poucas horas depois do parto, o bebê de Eliane foi diagnosticado com microcefalia, má-formação do crânio que pode levar a problemas no desenvolvimento cognitivo e motor da criança.

“No momento em que eu o vi, perdi o chão. Tinha feito ultrassom, dez consultas, e não sabia. Chorei bastante.”

Casos como esses, antes raros, têm ocorrido com mais frequência nos últimos três meses no Nordeste. Em Pernambuco, por exemplo, são mais de 141 casos de microcefalia em recém-nascidos registrados desde agosto. Antes, eram nove ao ano. Também houve aumento nos registros no Rio Grande do Norte, Paraíba, Sergipe e Piauí.

A situação fez com que o Ministério da Saúde decretasse um alerta de emergência de saúde pública. A medida visa reforçar a vigilância e agilizar a obtenção de recursos para as ações.

A primeira delas é organizar a rede de atendimento.

No Recife, primeira capital a registrar casos, a recomendação é de que bebês e mães sejam encaminhados para o Imip (Instituto de Medicina Fernando Figueira) e HUOC (Hospital Universitário Oswaldo Cruz), referências em assistência e pesquisa.

A notícia do surto, no entanto, tem feito com que mães procurem esses locais por conta própria.

Ao ver na TV sobre os casos, Mirele (nome fictício) chegou ao HUOC às lágrimas na última sexta. Há dois meses, assim que o filho nasceu, o pediatra disse que tinha achado a cabeça do menino “pequenininha” –o perímetro medido era de 30 cm.

O Ministério da Saúde define como microcefalia casos em que o perímetro da cabeça é igual ou menor a 33 cm.

Mirele diz que teve manchas na pele no início da gravidez, sintoma alegado por parte das mães cujos filhos nasceram com a condição.

NOTÍCIA PRÉVIA

Enquanto algumas são surpreendidas pelo diagnóstico após o parto, outras recebem a notícia durante a gestação.

Nem sempre da melhor forma. Com oito meses de gravidez, a dona de casa Girlândia Silva, 29, recebeu o aviso: um exame havia apontado que seu bebê era anencéfalo.

“Disseram que não tinha a calota craniana e que só iria viver 24 horas”, conta.

O diagnóstico foi corrigido e confirmado após o nascimento. “Era microcefalia.”

Emilly ficou um dia na UTI. Exames a deixaram por mais 13 no hospital. Agora, são feitos toda semana. A princípio, não há danos confirmados.

Nove a cada dez casos de microcefalia estão associados a deficiências mental.

“Médicos falam que será uma criança especial, que pode ou não ter deficiência. Tento não pensar nisso, mas não consigo”, diz Girlândia.

ALTA EM PERNAMBUCO

O aumento rápido de casos de microcefalia também vem deixando assustados profissionais de saúde já acostumados a diagnosticar o problema.

“Cheguei um dia no hospital e tinha três casos na UTI com microcefalia. E, na outra semana, foram cinco casos seguidos. É uma coisa fora do comum”, relata a neurologista infantil Vanessa van der Linden, uma das primeiras a identificar o surto.

O principal impasse é a falta de explicações confiáveis para o aumento dos registros.

Em geral, casos de microcefalia podem estar ligados tanto a transtornos hereditários quanto a fatores externos, como uso de drogas na gestação, exposição à radiação e contato com bactérias e vírus.

“Chama a atenção a dispersão, com 44 municípios [de Pernambuco] com casos”, diz Carlos Brito, pesquisador da Fiocruz.

Em Pernambuco, os primeiros resultados das tomografias já realizadas sugerem uma infecção congênita -ou seja, passada da mãe para o bebê.

Exames prévios, no entanto, têm tido resultados normais para algumas causas frequentemente apontadas para a microcefalia, como toxoplasmose e citomegalovírus.

Parte das suspeitas têm recaído ao zika vírus, doença identificada neste ano no Brasil como uma nova “prima” da dengue, transmitida pelo mesmo vetor da primeira.

Segundo Luciana Albuquerque, secretária-executiva de vigilância sanitária de Pernambuco, algumas mulheres relataram manchas vermelhas na pele durante a gravidez.

O sintoma é um dos que caracterizam a zika, mas também pode estar relacionado a outras doenças.

Para Brito, é precipitado atribuir os casos a um fator específico sem analisar todos os exames.

Casos de microcefalia em bebês atingem ao menos seis Estados

Da Folha de S. Paulo

Ao menos seis Estados já informam aumento inesperado no número de recém-nascidos com microcefalia, malformação do crânio que pode levar a sequelas graves no desenvolvimento da criança.

Outros têm reforçado os alertas para que médicos e hospitais redobrem a atenção para diagnósticos. Além de Pernambuco, Estado que concentra a maioria das ocorrências, com mais de 141 notificações, há registros no Rio Grande do Norte, Paraíba, Sergipe e Piauí, de acordo com secretarias de Saúde.

Também há casos em investigação no Ceará, afirma o Ministério da Saúde.

Juntos, esses Estados concentram ao menos 240 casos confirmados de microcefalia.

Na quarta (11), o país decretou emergência nacional de saúde pública devido ao crescimento nos casos identificados da anomalia, considerada rara. O bebê diagnosticado com microcefalia nasce com o perímetro da cabeça igual ou abaixo de 33 cm –a média é de 35 cm a 37 cm.

“O crânio fica menor porque o cérebro não cresceu”, diz Mônica Coentro, coordenadora de pediatria do Imip (Instituto de Medicina Integral Fernando Figueira), um dos hospitais de referência no acompanhamento em PE.

Segundo ela, possíveis limitações à criança vão depender da gravidade de cada caso. “Vamos ter que acompanhar para ver se haverá deficit, e quais vão apresentar. Podem ter deficiência visual, ou auditiva, motora e cognitiva.”

Os motivos que levam à malformação, porém, ainda não foram identificados.

Parte das mulheres que deram à luz aos bebês com microcefalia no Nordeste informou ter tido manchas vermelhas no corpo durante a gestação, um dos sintomas relacionados a vírus como o da zika, doença transmitida pelo mesmo vetor da dengue e já identificada em 14 Estados.

O ministério estuda enviar amostras coletadas em exames para o exterior.

O diretor do departamento de Vigilância de Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Cláudio Maierovitch, disse ao jornal “O Estado de S. Paulo” que mulheres no Nordeste devem adiar a gravidez para evitar casos de microcefalia.

“Não engravidem agora. Esse é o conselho mais sóbrio que pode ser dado”, afirmou.

Em nota, o ministério disse apenas que essas mulheres devem “conversar com a equipe de saúde de sua confiança” até que sejam esclarecidas as causas do aumento de microcefalia em Estados do Nordeste. “Nessa consulta, devem avaliar as informações e riscos.”

Caruaru não registra aumento de microcefalia

Caruaru não registrou aumento do número de casos de microcefalia. De acordo com o Departamento de Vigilância em Saúde, o município tem um caso confirmado e dois que estão sob investigação, índice que está dentro do esperado, pela série histórica dos últimos dez anos, que varia de 0 a 2 casos confirmados por ano.

As crianças nasceram na Casa de Saúde Bom Jesus no mês de outubro e foram transferidas para o Hospital Oswaldo Cruz que é referência para este tipo de enfermidade.

Todas as unidades de saúde do município que realizam partos, já receberam todas as informações sobre o alerta no Ministério da Saúde e deverão encaminhar as notificações, caso ocorram, ao Departamento de Vigilância em Saúde do Município.
A doença: a microcefalia é uma anomalia congênita caracterizada por comprometimento do desenvolvimento do cérebro durante a gestação. Por isso, ocorre a redução do crânio, que fica abaixo do esperado para a idade.